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Jornalista Ricardo Boechat morre em queda de helicóptero em São Paulo

Boechat ganhou três prêmios Esso de jornalismo e é também o maior ganhador do Prêmio Comunique-se

11/02/2019 12:52

Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

O jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, morreu após a queda de um helicóptero em São Paulo ontem (11). A aeronave caiu sobre um caminhão em trecho do Rodoanel que dá acesso à rodovia Anhanguera, na zona oeste de São Paulo. O helicóptero era um modelo de 1975 utilizado como táxi aéreo.

O jornalista trabalhava atualmente no Grupo Bandeirantes de Comunicação, apresentando dois programas diários, o Jornal BandNews, um matinal na rádio BandNews FM, e o Jornal da Band à noite, na TV Bandeirantes. Ele tinha também uma coluna na revista semanal Istoé.

Na manhã dessa segunda, Boechat falou em seu programa matinal no rádio sobre a sucessão de tragédias no país, como Brumadinho, e no ninho do Urubu, no Rio de Janeiro.

O jornalista estava em Campinas palestrando a convite de uma farmacêutica, Libbs, em uma convenção de vendas da empresa. Apesar disso, a Libbs não confirma o fretamento da aeronave. O evento, no Royal Campinas, ainda teria um show nessa segunda, mas a programação foi cancelada após a confirmação do acidente. 

Ricardo Boechat era filho do diplomata Ricardo Eugênio Boechat e nasceu no dia 13 de julho de 1952, em Buenos Aires. Na época, o pai estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores na Argentina. O jornalista já teve passagem pelo O Globo, O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil e O Dia.

Na década de 1990 chegou a ter uma coluna diária no Bom Dia Brasil, jornal matutino da TV Globo.

Boechat é ganhador de três prêmios Esso de jornalismo. É também o maior ganhador do Prêmio Comunique-se.

Ele era casado com Veruska Boechat e deixa seis filhos. Bia, 40, Rafael, 38, Paula, 36, e Patricia, 29 , de seu primeiro casamento com Claudia Costa de Andrade, e Valentina, 12 e Catarina, 10, do casamento com Veruska.

(Folhapress)


Jornalista escreveu para o Jornal O DIA por mais de dois anos 

O jornalista Ricardo Boechat escreveu para o Jornal O DIA por cerca de dois anos, no início dos anos 2000, período marcado por grandes mudanças no cenário político-econômico do país. Com um estilo ácido e inteligente, a coluna que levava o seu nome foi, durante muito tempo, uma das mais importantes do jornalismo do Brasil, sendo reproduzida em jornais das mais diferentes regiões do País.

O presidente do Grupo O Dia de Comunicação, Valmir Miranda, destaca que Boechat ficará marcado como uma das grandes referências do jornalismo brasileiro. “Eu gostava muito do Ricardo Boechat, os textos eram excelentes e em nível nacional era quem tinha melhor informação. Ele trabalhou muito tempo conosco e chegou a vir aqui no Jornal, em uma certa ocasião”, pontuou. 

Conhecido por ter sempre informações privilegiadas e trânsito livre nos poderes, Boechat deixa uma grande legião de admiradores em todo o país.  Na avaliação de Valmir Miranda, um dos grandes legados deixados pelo jornalista é o incentivo aos novos profissionais, que passaram a ter uma referência de jornalismo de qualidade. 

“Era respeitadíssimo, muito querido, e tinha muitos amigos. Ele é responsável por um grupo muito grande de pessoas que conseguiram ficar perto dele e aprenderam muito com ele. O Boechat tinha um nível de fontes significativo, no país inteiro. Então, quando ele colocava algo no papel, ele sabia exatamente o que estava fazendo, com segurança. Vai fazer muita falta”, destacou. 

Homenageado

Em fevereiro de 2005, Boechat esteve em Teresina para participar da entrega do Troféu Octavio Miranda, promovido pelo Jornal O DIA, que premiou personalidades que contribuíram para o desenvolvimento do Piauí. Na oportunidade, ele utilizou a redação do Jornal O Dia para escrever sua coluna e enviá-la aos principais veículos de comunicação do país. 

O jornalista Raimundo Filho, então editor de política do Jornal O DIA, lembra que, nas poucas horas de contato com a equipe, Ricardo Boechat demonstrou simpatia e elegância no trato com os demais jornalistas da casa. “Ele conviveu com a gente na redação e conversou bastante, papo de colega de redação. Sempre com posições firmes, e muito eloquente. Conversando com todos de igual para igual”, lembra Raimundo Filho.

Já o jornalista Arimateia Azevedo, colunista de política do Jornal O DIA,  ressalta que teve uma relação de  proximidade com Boechat por muitos anos. Para ele, a morte do jornalista deixa uma lacuna irreparável na comunicação brasileira. “Ele tinha um senso crítico muito grande e a firmeza nas críticas que fazia aos gestores públicos, seja do executivo ou do judiciário”, avaliou.

(Natanael Souza - Repórter)


Empresa envolvida em acidente não podia transportar passageiros

A empresa RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda, dona do helicóptero de matrícula PT-HPG, que caiu nessa segunda-feira (11) no acidente que matou o jornalista Ricardo Boechat, não estava autorizada a fazer o serviço de táxi aéreo, ou seja, a transportar passageiros, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A empresa estava certificada para prestar Serviços Aéreos Especializados (SAE), que incluem aerofotografia, aeroreportagem e aerofilmagem.

"Qualquer outra atividade remunerada fora das mencionadas não poderia ser prestada. Tendo em vista essas informações, a Anac abriu procedimento administrativo para apurar o tipo de transporte que estava sendo realizado no momento do acidente", afirmou a Anac, em nota.

A agência informou que o helicóptero estava em situação regular, com "Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido até maio de 2023, e a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) em dia até maio de 2019".

A aeronave, da fabricante Bell Helicopter, era pilotada por Ronaldo Quatrucci, que também morreu no acidente. Segundo a Anac, as licenças e habilitações do piloto estavam válidas.

(Folhapress)


Aeronave teria tentado fazer pouso de emergência, relatam testemunhas

O acidente que vitimou Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci ocorreu na altura do quilômetro 7 do Rodoanel, sentido Castelo Branco, próximo a um pedágio. Em entrevista dada a jornalistas no local do acidente, o capitão Augusto Paiva, da PM, disse que, testemunhas relataram que o helicóptero tentou fazer um pouso de emergência em uma alça de acesso do Rodoanel à Anhanguera, local das vias com menos fluxo de veículos. Não se sabe ainda qual o problema que a aeronave apresentou.

Na descida, ele se chocou com um caminhão que tinha acabado de sair do pedágio, na faixa do Sem Parar, pedágio expresso. Foi essa colisão que gerou o fogo na aeronave. O motorista foi socorrido e teve ferimentos leves, segundo a Polícia Militar.

Por volta do meio-dia, os policiais e bombeiros foram informados de um acidente de aeronave com focos de fogo. O Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência com um helicóptero e 11 viaturas.

Repercussão

Pelas redes sociais, jornalistas, políticos e celebridades lamentaram a morte de Boechat. A maior parte das referências lembrou o estilo crítico e firme do jornalista.

(Folhapress)

Fonte: Uol / Folha
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