Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Militar que atirou durante a Banda Bandida disse não ter porte arma

Wanderson Lima Fonseca confessou a autoria dos disparos, mas seguiu alegando legítima defesa. Perícia constatou que ele não foi agredido como falou.

06/09/2018 11:03

Atualizada às 13h25min

O depoimento de Wanderson Lima Fonseca começou por volta das 12h30min e o réu confessou, em partes, as acusações às quais responde. Antes de sentar no banco dos réus, o ex-cabo conversou brevemente com seus advogados. Mas o que chamou a atenção no relato do ex-cabo do Exército é que ele confessou não ter porte de arma, ou seja, não possuir autorização para transportar ou andar com a arma junto a si. Segundo Wanderson, ele tinha somente a posse da arma, o que significa dizer que poderia apenas guardá-la.

O ex-militar contou que andava com a arma porque havia se mudado há pouco tempo para um bairro na zona Leste de Teresina e teve medo de deixar o objeto guardado sem ninguém em casa. Wanderson disse ainda que dormiria na casa de sua sogra no dia do ocorrido, mas foi convidado por amigos a ir para a prévia e acabou esquecendo de deixar a arma guardada em segurança. Segundo o réu, ele só lembrou que estava armado quando chegou ao local da Banda Bandida e preferiu andar com ela na cintura do que deixa-la dentro do carro.

Wanderson confessou ainda que não possuía o estojo próprio para guardar a arma em segurança e que a prendeu no cós da calça. Ele se identificou apenas como cabo do Exército para poder entrar na prévia carnavalesca armado.

A versão do réu de que teria sido agredido por uma das vítimas também foi contestada. O exame de corpo de delito feito por Wanderson logo que se entregou à autoridade policial não constatou qualquer marca de agressão física, mostrando, segundo a Promotoria, que não houve legítima defesa, como ele havia sustentado durante toda a fase de instrução do processo. 

Uma das testemunhas de defesa ouvidas afirmou ainda que Wanderson estava sóbrio quando efetuou os disparos. De acordo com ela, ele o alguns amigos consumiram bebida alcoólica em uma festa antes de se dirigirem para a prévia carnavalesca, mas a quantidade de álcool ingerida pelo ex-cabo não seria suficiente para lhe fazer perder a consciência ou o controle de seus atos. 

Iniciada às 11h03min

Acontece na manhã desta quinta-feira (06) na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Teresina, o julgamento do cabo do Exército Wanderson Lima Fonseca, acusado de ter efetuado disparos de arma de fogo durante a prévia carnavalesca da Banda Bandida em janeiro deste ano. Na ocasião, ele deixou três pessoas feridas, uma delas em estado grave.


Leia também

Banda Bandida: cabo é preso e ficará custodiado no Presídio do Exército 

Vídeo mostra momento de desespero em tiroteio na Banda Bandida 

Justiça ouve testemunhas sobre tiroteio na Banda Bandida 

"Minha vida está destruída", diz vítima de tiroteio na Banda Bandida 


Os disparos foram feitos após uma discussão entre amigos de Wanderson e outros presentes na prévia. Na ocasião, o cabo do Exército sacou a própria arma e atirou várias vezes, ferindo gravemente Paulo Roberto Rodrigues da Costa e um outro rapaz, identificado como Jardel de Oliveira.

Atingido com quatro tiros, Paulo Roberto teve que passar por três cirurgias no intestino e uma na perna. Hoje, ele vive com uma bala alojada na coluna. Uma semana depois do crime, Wanderson se entregou para a polícia. Ele foi indiciado pelos crimes de tentativa de homicídio e lesão corporal.


Wanderson senta pela segunda vez no banco dos réus (Foto: Polícia Civil)

Em depoimento, ele disse ter atirado em legítima defesa. O cabo já esteve sentado no banco dos réus em abril deste ano, quando participou de uma audiência de instrução, na qual foi ouvido, junto com as testemunhas do caso.

No julgamento que acontece hoje (06), foram arroladas 10 testemunhas, sendo cinco de defesa e cinco de acusação. Wanderson será julgado por um Conselho de Sentença composto por três mulheres e quatro homens. Primeiro são ouvidas as testemunhas de acusação, em seguida as de defesa e, por fim, o réu dará seu depoimento. O Ministério Público é representado pela 14ª Promotoria de Justiça.

Por: Maria Clara Estrêla, com informações de Lucas Albano
Mais sobre: