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Após mortes por tuberculose, Sinpoljuspi denuncia surto da doença

Segundo o sindicato, pelo menos dois detentos morreram em decorrência da doença somente neste mês de dezembro no Hospital Penitenciário.

31/12/2018 12:19

Informações divulgadas nesta segunda-feira (31) pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi) apontam que pelo menos dois detentos morreram vítimas de tuberculose durante o mês de dezembro nas unidades prisionais do Piauí. Os dados, segundo o presidente do Sinpoljuspi, Kleiton Holanda, são reflexo de um surto da doença nos presídios do Estado.

A primeira vítima, identificada como Cleiton Marcelo Ramos Pereira, morreu no dia 1º de dezembro, no Hospital Penitenciário. O detento estava cumprindo pena na antiga Casa de Custódia e foi transferido para fazer o tratamento da doença. Já a segunda vítima, identificada como Francisco Luciano de Sousa Nunes, foi remanejada para o Hospital Penitenciário no último dia 14, vindo a óbito pouco tempo depois de dar entrada, no dia 21. O preso esteve encarcerado na Colônia Agrícola Major César.

Para o presidente do Sinpoljuspi, Kleiton Holanda, as mortes geram um alerta entre os agentes penitenciários e servidores dos presídios. “Os agentes estão vulneráveis a contrair essa doença, inclusive os visitantes, os servidores, outros detentos e o próprio juiz da Vara de Execuções Penais, que visita o presídio uma vez por mês”, afirma.

Segundo o sindicato, pelo menos dois detentos morreram em decorrência da doença somente neste mês de dezembro. (Foto: Assis Fernandes/ODia)

De acordo com Kleiton Holanda, após iniciar o tratamento, alguns detentos retornam para os presídios e passam a conviver no mesmo espaço que outros detentos saudáveis. De acordo com o Ministério da Saúde, pacientes com a doença no pulmão que sejam bacilíferos, ou seja, aqueles que eliminem o "bacilo de Koch" no ar, podem transmitir a doença. A transmissão ocorre ao falar, espirrar ou tossir.

Tentativa de fuga em massa

A antiga Casa de Custódia, atual Penitenciária José de Ribamar Leite, registrou mais uma tentativa de fuga neste final de semana. Segundo o Sinpoljuspi, um novo túnel foi descoberto no presídio no último sábado (29). Desta vez, cerca de 110 detentos do pavilhão D estariam envolvidos na tentativa de fuga.

O buraco descoberto pelos agentes havia sido feito pelos detentos no pátio do pavilhão com saída para o almoxarifado da unidade, do lado de fora da Casa de Custódia. Segundo Kleiton Holanda, todos os detentos do pavilhão estavam envolvidos na tentativa de fuga. “Para esconder, eles fizeram o buraco embaixo do bebedouro, com saída embaixo do freezer do almoxarifado. Apesar de ainda estar nas dependências da penitenciária, o almoxarifado fica do lado de fora da unidade”, explica o presidente do Sinpoljuspi.

O túnel foi descoberto após os agentes perceberem vibrações vindas do almoxarifado e da cozinha do presídio. Para conseguir perfurar a estrutura, os detentos utilizaram materiais retirados da própria unidade, como vergalhões, que, segundo o Sinpoljuspi, também seriam usados como armas, caso a ação fosse interceptada.

Suicídio

Outra morte também foi registrada nas unidades prisionais do Piauí. A informação é de que um preso identificado como Adalberto Galeno de Oliveira, 45 anos, tenha atentado contra a própria vida após ser preso acusado de descumprir uma medida protetiva. De acordo com o Sinpoljuspi, o corpo do detento foi descoberto por volta das 5h deste domingo (30). A causa da morte ainda não foi confirmada oficialmente.

Contraponto 

A reportagem do ODIA entrou em contato com a Secretaria de Estado de Justiça, órgão responsável pela administração dos presídios no Piauí, mas não obteve retorno até a publicação deste material.

Sobre os casos de tuberculose, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) informou que está apurando os fatos e fazendo um planejamento com foco principal na tuberculose. “Inclusive temos um projeto nacional, intitulado de “TB nas Prisões”, em que vai se trabalhar o lado educativo da tuberculose”, afirma Gisela Brito, técnica de referência da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas Privadas de Liberdade.

Segundo ela, a partir de janeiro, serão feitas ações para diagnosticar e tratar a tuberculose dentro das unidades prisionais. “Estamos planejando em conjunto uma busca ativa em todas as unidades prisionais do Estado, com o objetivo de diagnosticar os casos de tuberculose e tratar para que essa doença não extrapole os muros, visto que essas pessoas privadas de liberdade recebem visitas e não estão com prisão perpétua, uma hora vão retornar para as suas famílias”, finaliza.

Por: Nathalia Amaral
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