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Adão José de Sousa é condenado a 100 anos e 9 meses de prisão

O mentor do estupro coletivo contra quatro adolescentes em Castelo do Piauí vai cumprir a pena em regime fechado. Juiz leu a sentença às três horas da madrugada de hoje.

28/02/2018 07:57

A Justiça condenou Adão José de Sousa a cem anos, nove meses e 18 dias de prisão. Ele foi apontado como o mentor intelectual do estupro coletivo de quatro adolescentes em Castelo do Piau, ocorrido em 2015. Adão vai cumprir a pena em regime fechado e já foi transferido de volta para a Casa de Detenção de Altos, assim que o julgamento encerrou, na madrugada desta quarta-feira (28).

A sentença foi lida pelo juiz da Comarca de Castelo, Leonardo Brasileiro, às 3h30min de hoje. Adão foi condenado pelo homicídio de Danyelle Rodrigues Feitosa, 17 anos, vítima que não resistiu aos ferimentos e morreu uma semana depois do crime; e por mais duas tentativas de homicídio.

Para o advogado Washington Melo, assistente de acusação do Ministério Público, a pena de Adão José poderia ter sido 20 anos maior, no entanto o júri popular decidiu absolver o réu de uma das tentativas de homicídio. “Eu creio que houve um equívoco da parte do Conselho de Sentença quando respondeu a um dos questionamentos do juiz. Realmente o Adão estava lá e isto está claro em todas as provas. Foi um crime ordenado por ele e feito exatamente como ele havia dito para ser feito”, declarou Washington Melo.


Adão José de Sousa foi condenado a cem anos, nove meses e 18 dias de prisão (Foto: Arquivo O Dia)

Já a defesa de Adão, representada pelos defensores públicos Dárcio Rufino e Leandro Ferraz, sustentou a tese de que o responsável pelo crime era Gleyson Vieira, o adolescente apreendido pelo ato infracional e que foi assassinado pelos colegas de alojamento no Centro Educacional Masculino (CEM), dois meses após o ocorrido. A morte do rapaz foi motivada porque ele delatou os outros três envolvidos no estupro coletivo.

Com relação aos adolescentes, todos eles já são maiores de idade hoje, mas seguem cumprindo medidas socioeducativas no CEM. A condenação saiu ainda em julho de 2015, proferida pelo juiz Leonardo Brasileiro e eles respondem por quatro estupros, três tentativas de homicídio e um homicídio. A pena aplicada foi de três anos de internação, a maior permitida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em casos de delitos cometidos por menores.

Atualmente, faltam apenas seis meses para que as penas referentes ao estupro coletivo sejam totalmente cumpridas, no entanto a liberação dos menores ainda não é certeza, uma vez que eles também respondem pelo assassinato de Gleyson Vieira e condenação por este crime veio após a do estupro e implicou mais três anos de internação.

Segundo o diretor do CEM, Walter Júnior, os menores estão atualmente em alojamentos separados e apresentam reforço de segurança para evitar tumultos com outros internos. “Nós destinamos cinco agentes que os acompanham em todas as atividades, desde o banho de sol até as atividades de reinserção social. Dentro dos padrões da casa, eles não apresentam nenhum problema, mas temos que ter em mente que aqui eles estão privados de liberdade. Lá fora, já é outro contexto completamente diferentes e não podemos prever como será o comportamento deles”, explicou Walter Júnior.

A chegada ao CEM dos adolescentes acusados pelo estupro coletivo culminou em uma crise administrativa na Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania (Sasc). Após o assassinato de Gleyson, o então diretor da Casa foi exonerado e o Ministério chegou a abrir investigação para apurar a falta de estrutura do CEM para receber menores infratores e ressocializá-los. 

Por: Maria Clara Estrêla
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