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11 casos de execução são registrados no mês de abril

Casos semelhantes de pessoas alvejadas por motoqueiros se repetem na capital; maioria dos casos ocorreu na zona Norte.

02/05/2017 11:53

Dois homens em uma motocicleta chegam de surpresa e disparam, sem chance de reação ou defesa, vários tiros contra um homem envolvido com o crime. Essa foi a história de pelo menos 9 homicídio e duas tentativas ocorridas no mês de abril, somente em Teresina. As execuções são rápidas, organizadas e, em alguns casos, com muitos tiros.

O grande número de ocorrências semelhantes ocorre no mês seguinte ao recorde de morte de policiais: apenas em março, três PMs foram mortos durantes assalto em Teresina, o que corresponde a um terço do número de policiais assassinados em todo o ano de 2016.

No mês passado, duas gravações de áudio correram pelas redes sociais. Na primeira delas, um rapaz conhecido como Lucas de Manaus (foto abaixo) avisava que mais policiais morreriam na capital. O jovem, que tinha diversas passagens pela polícia, acusava o Major Mayron Moura, assassinado em março, de fazer parte de uma milícia. O nome de Lucas apareceu ainda em uma suposta lista de pessoas a serem mortas, o que se concretizou no dia 11 de abril.

A segunda gravação mostra a voz de um suposto policial que, indignado com as mortes dos colegas, faz ameaças direcionadas “à bandidagem”, e afirma: “Para cada irmão de farda que tombar, vamos matar dez”. A veracidade da gravação, se se trata de um policial do Piauí, ou se foi feita recentemente, são questões que não foram confirmadas.

Além do elemento surpresa e do método semelhante, algo que chama a atenção em vários dos casos observados em abril é a perícia com armas e a quantidade de tiros. A maioria os disparos miram a cabeça e o peito das vítimas. Em alguns deles, foram acertados até três tiros na cabeça, respeitando uma média de 3 a 4 disparos. No mais violento deles, foram 11 tiros. A maioria dos casos ocorreu na zona Norte de Teresina, considerada pela polícia como a região mais perigosa da capital.

Em nenhum dos casos de execução, os culpados foram apresentados pela polícia. Um comentário feito pelo comandante da Polícia Militar de Picos, o tenente-coronel Edvaldo Viana, ilustra bem a situação: naquela cidade, nos últimos cinco meses, ocorreram sete homicídios, todos de pessoas ligadas ao crime. “Aqui, para mim, estamos zerados. Não teve nenhuma morte. Bandido, para mim, não morre, só encontra o que procura”, disse.

Lista

O caso mais violento do mês de abril aconteceu com um jovem que chamou a atenção da mídia. Lucas Ataíde, conhecido como “Lucas de Manaus”, ficou conhecido após sua voz aparecer em uma gravação de áudio em que acusada policiais de formarem milícias e anunciava que mais PMs morreriam. O áudio foi divulgado após a morte do comandante do 1º BPM, o major Mayron, citado na gravação de ser "miliciano". O rapaz ainda afirmava que mais policiais militares seriam assassinados nos próximos dias. Dias depois, um policial militar reformado foi morto em uma tentativa de assalto, na BR 343 próximo à cidade de Altos.

Lucas Ataíde foi morto com 11 tiros nas costas quando caminhava ao lado da namorada em uma rua do conjunto Paulo de Tarso, na região da Santa Maria da Codipi, no dia 11 de abril. Os tiros vieram de dentro de um carro, um Voyage prata. 

Lucas figurava em uma lista de nomes intitulada “lista para morrer”, que foi descoberta e divulgada pela imprensa antes de sua morte. Seu nome aparecia como o primeiro, com a inscrição “líder”.

Crimes ocorridos no mesmo dia

As vítimas mais jovens foram três adolescentes que foram mortos no intervalo de quatro dias, em crime também semelhantes. No primeiro, ocorrido no dia 1 de abril, o adolescente foi encontrado morto em frente à Casa de Custódia. Ele seria suspeito de assassinar um traficante na zona Sul de Teresina, segundo a polícia comentou na ocasião.

Outros dois adolescentes morreram quatro dias depois. Um dos casos se tratava de um adolescente que havia deixado o Piauí durante um ano, por determinação dos pais, para que se afastasse de amigos supostamente ligados ao crime. Ele foi assassinado na porta de casa, no bairro Primavera, ao ser abordado por uma dupla em uma moto. No segundo caso ocorreu outro adolescente foi assassinado por uma dupla em uma motocicleta. O crime aconteceu no bairro Dirceu 2, e a vítima foi alvejada com um tiro na cabeça e outro no peito.

Dentre os 10 atentados, apenas duas pessoas sobreviveram. A tentativa ocorreu na zona Sudeste de Teresina, na tarde do dia 16 de abril. Dois jovens, de 16 e 21 anos, foram surpreendidos pelos disparos vindos de um automóvel modelo Siena. As duas vítimas foram socorridas por uma ambulância do SAMU e levadas para o Hospital de Urgências de Teresina. O crime aconteceu no bairro Alto da Ressurreição, por volta das 16h. 

Durante a noite do mesmo dia, Orlando Pereira de Andrade, de 31 anos, conhecido como “Nonte”, foi baleado com três tiros na região da cabeça por uma dupla em uma motocicleta. A vítima estava num bar e tentou correr, mas foi atingido e morreu na hora. 

Edição: Nayara Felizardo
Por: Andrê Nascimento
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