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"œPoderia ser meu filho", diz técnica em enfermagem que atendeu paciente no chão

Polyena Silveira destaca que, mesmo sem leito e sem equipamentos disponíveis, os profissionais fizeram o possível para salvar a vida do idoso.

19/03/2021 10:01

“O que está acontecendo? Poderia ser meu pai, minha mãe, poderia ser meu filho”, o relato emocionado é da técnica em enfermagem Polyena Silveira, uma das profissionais de saúde que prestou atendimento ao idoso de 86 anos que veio a óbito na Unidade de Pronto Atendimento do Promorar, na noite desta quinta-feira (18), após ser atendido no chão por falta de leitos.

Em um vídeo gravado para as redes sociais, a técnica em enfermagem conta que foram feitos seis ciclos de reanimação cardiopulmonar, mas o paciente não resistiu. Polyena Silveira destaca que, mesmo sem leito e sem equipamentos disponíveis, os profissionais fizeram o possível para salvar a vida do idoso.

Foto: Reprodução/Instagram

“Eu faço parte da equipe que recebeu o paciente ontem. Ele deu entrada em parada cardiorrespiratória, não tínhamos leitos, não tínhamos monitor, não tínhamos ventilador, mas o que podíamos fazer foi feito. A gente está com essa falta de equipamentos, não porque não tenha, mas porque a demanda de pacientes é muito alta e, consequentemente, vai faltar, como já está faltando”, diz.

Profissional da área há oito anos, Polyena trabalha na UPA do Promorar e no Hospital de Urgências de Teresina, e afirma nunca ter visto o sistema de saúde em colapso como agora. Com a alta demanda por atendimentos, a técnica em enfermagem explica que os profissionais enfrentam problemas psicológicos causados pelas situações traumáticas que precisam enfrentar cotidianamente. Por isso, ela faz um apelo para que a população fique em casa e evite exposição ao novo coronavírus.

“Se não for uma saída essencial, fique em casa. Fique em casa por mim, que sou profissional da saúde, pelos meus amigos que estão sofrendo a cada paciente que a gente recebe e não temos onde colocar. Estamos sofrendo junto com a família daqueles pacientes que ficam lá fora esperando uma alta, uma transferência e até mesmo um óbito para poder ocupar o lugar”, diz.

A técnica em enfermagem finaliza o vídeo pedindo que a população fique em casa pelos seus pais, pelos seus vizinhos e pelos profissionais que estão na linha de frente no combate à doença. "Não temos vagas, não temos leitos e nós, profissionais da saúde, estamos cansados", conclui.

Entenda

Um paciente de 86 anos, que não teve a identidade divulgada, veio a óbito após sofrer uma parada cardiorrespiratória na noite desta quinta-feira (18) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) localizada no bairro Promorar, na zona Sul de Teresina. O idoso recebeu atendimento de emergência no chão por falta de leitos na unidade de saúde.

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