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"œA saída para o Piauí está no agronegócio", diz secretária

A gestora também informou que a pasta vai propor a concessão dos seis parques de exposição para que sejam administrados via PPPs.

17/06/2019 07:48

A secretária de Agronegócios, Simone Pereira, conversou com O DIA sobre as prioridades dela na gestão da pasta, recém-criada. A gestora comentou sobre investimentos e ações que o governo pode fazer para contribuir com o desenvolvimento do setor. Simone Pereira afirmou que está elaborando um diagnóstico sobre os potenciais e as demandas do Agronegócio no estado, citando as regiões que despontam com condições técnicas favoráveis para a produção, além das culturas que podem ser trabalhadas. Durante a entrevista, a gestora também informou que a pasta vai propor a concessão dos seis parques de exposição para que sejam administrados via Parcerias Público Privadas e também que o agronegócio  é uma saída econômica para o Piauí.

A senhora assumiu há pouco tempo a Secretaria do Agronegócio, que foi criada pelo governador no seu quarto mandato. Qual é o plano de ação para essa nova pasta?

 A primeira coisa que a gente se preocupou de fazer foi um diagnóstico das potencialidades do estado do Piauí, em parceria com a Secretaria do Planejamento. Agregado a isso, temos buscado as câmaras setoriais, que têm um mapeamento muito bom com relação a questão da produção, das demandas, das dificuldades. A partir daí, vamos montar o diagnóstico, para que a gente possa ir até Brasília apresentar para a nossa bancada, bem como para os ministérios, o Piauí que temos hoje, e o Piauí que queremos, em relação ao agronegócio. Precisamos fazer com que a nossa bancada entenda que, hoje, a saída, economicamente falando, para o estado do Piauí está no agronegócio. A gente precisa formatar isso para que a gente possa ter esse poder de convencimento.

“A saída para o Piauí está no agronegócio”, diz secretária. (Foto: Poliana Oliveira)

Apesar de estar chegando agora nessa nova pasta, não é a primeira experiência da senhora na administração pública. A senhora já ocupou o comando da Secretaria de Defesa Civil, e, mais recentemente, a Coordenadoria de Desenvolvimento Social e Lazer - CDSOL. Como essas outras passagens pela administração pública podem ajudar nessa nova experiência?  

A questão da gestão pública tem um padrão, o que pode, o que não pode, o que os órgãos de controle permitem, o que não permitem. O que muda é a atividade fim. Eu acredito que um trabalho só pode ser um trabalho de resultado, eficiente, se você tiver uma equipe. Acredito firmemente que quem está à frente, na condução, tem que ter uma compreensão da gestão pública. A experiência que a gente tem, nos vários órgãos que já passamos, nos credencia para isso. Paralelamente a isso, temos buscado preencher as diretorias com um corpo técnico e experiente, que tenha uma boa relação com os produtores e conhecimento das potencialidades do Piauí, além da capacidade de nos ajudar a elaborar política que sejam realmente eficientes para área do agronegócio. 

Do ponto de vista prático, como a senhora avaliação essa divisão da Secretaria de Desenvolvimento Rural em duas pastas distintas? A senhora acha que há algum choque de atividade ou essas pastas podem trabalhar em conjunto?

 Eu não vejo como choque, vejo como a possibilidade de fazer uma política articulada, onde uma vai centralizar sua força de ação no pequeno produtor, e a gente vai trabalhar a parte macro, na questão, principalmente de fomentar a produção no estado do Piauí. Entendo que agronegócio pode trabalhar de forma associada com a agricultura familiar, porque no meu entendimento, qualquer comercialização que você faz com relação a agricultura ou pecuária é um agronegócio, independente da questão do volume de recursos. Por conta disso, vamos também trabalhar com os pequenos. A gente tem a ideia de trabalhar com os grandes produtores que nós temos aqui no Piauí, a exemplo da Fazenda Oiticica, do senhor Ribamar que produz gado Zebu; tem a Fazenda Vitória em Piripiri, que é a maior produtora de Nelore do Piauí, que possui animais de excelente qualidade. Estamos buscando fazer um termo de cooperação técnica com eles, para que eles possam nos doar um sémen de qualidade para melhorar os animais do pequeno produtor. Paralelamente a isso, um projeto que já apresentamos, é criar, aos moldes do que é o Piauí-sampa, fazer o Piauí-Agro, porque temos sêmens de excelente qualidade, temos animais campeões, temos um Cerrado que tem uma produção de qualidade, temos problemas, principalmente na questão da infraestrutura, mas precisamos mostrar para o Brasil o que temos de bom aqui no Piauí. 

Essa ideia de estar presentes nas grandes feiras agropecuárias por aí a fora vai incentivar muito a comercialização e essa relação que é necessária ter, a troca de ideias. A gente, embora no processo de implantação da secretaria, fez uma visita a presidência  da Assembleia Legislativa, para que presidente Themistocles Filho pudesse olhar com bons olhos a instalação de uma Comissão de Agricultura e Agronegócio  na Assembleia, para  que possam ser discutidas nas casa essas questões, para que não aconteça como aconteceu na questão da pulverização aérea, que foi votada, mas não foi discutida com os produtores e nem com a sociedade civil, exatamente por não haver uma comissão instalada lá. O presidente Themistocles nos recebeu e assumiu compromisso que até o final do mês de julho vai estar instalada a comissão. Esse canal com os produtores vai ser muito produtivo.

Como está sendo esse processo de transição da CDSOL para a Secretaria de Agronegócio?

 A Coordenadoria Social de Desenvolvimento e Lazer não tem uma ligação administrativa com a Secretaria do Agronegócio. Nesse momento, estou implantando a Secretaria do Agronegócio, e, simultaneamente, estou liquidando o órgão ao qual eu era gestora anterior. O que a gente tem é porque havia uma Superintendência do Agronegócio na antiga SDR. Então, a gente tem tido uma conversa muito boa com o secretario Herbet [ Buenos Aires]. Vamos trabalhar em parceria, porque uma coisa está interligada a outra. A gente está com ideia de criar uma rede, que vai envolver a Secretaria da Agricultura Familiar, a Adapi, os órgãos parceiros, como o Sebrae a Federação da Agricultura; os órgãos financiadores, como o Banco do Nordeste. A ideia é a gente formar um conselho deliberativo, para que a gente possa construir, juntos, uma política de agronegócio para o estado do Piauí, que seja uma política de resultado. 

Como está a questão do orçamento para a Secretaria de Agronegócio? 

Ela foi criada esse ano, mas o orçamento foi elaborado no ano passado. A gente tem uma certa dificuldade com relação a isso, porque não havia previsão orçamentaria. Então, ainda estamos formatando essa questão do orçamento da secretaria. Agora que saiu o CNPJ, agora que a gente conseguiu fazer a unidade gestora. A gente também teve a benção, digamos assim, porque esse ano é ano de PPA, o Plano Plurianual. Isso está abrindo uma conversa muito boa com a secretaria de planejamento, para que a gente possa estar participando da elaboração do PPA que vai direcionar o orçamento nos próximos quatro anos. A gente já fez um organograma e a previsão do que a gente pretende executar, não só de custeio, mas também de investimento, vamos apresentar para o governador Wellington Dias, para ele encaminhar à Secretaria de Planejamento para que a gente possa, de fato, funcionar. 

A senhora poderia nos adiantar essa previsão orçamentária? 

Ainda não porque a gente está com os técnicos discutindo essa situação. 

Como a senhora adiantou, o agronegócio vem acumulando recorde de produção nos últimos anos, mas ainda assim os produtores reclamam de infraestrutura, estradas. Há algum engajamento quanto a elaboração de políticas públicas para investimentos neste setor? 

A gente já teve uma conversa com o governador Wellington Dias. A determinação dele é que a gente busque essa conversa com os produtores, veja quais as possibilidades e que a gente vá em busca da elaboração de projetos e propostas para levar ao Ministério da Agricultura, assim como a nossa bancada com relação as emendas para o próximo ano, a gente tem uma facilidade em Brasília que é uma verdadeira porta aberta, que é o deputado Júlio César. Ele possui uma relação boa com a ministra da Agricultura, ele já pediu um uma visita nossa, nós só pedimos um tempinho para que a gente quer chegar lá com esse diagnostico pronto e com as propostas para que a gente busque esse apoio junto ao Ministério. Quanto as dificuldades, qualquer pessoa do senso comum tem esse conhecimento que há uma dificuldade no escoamento, quanto a situação de estradas, a estrutura em relação a energia. Mas a gente vai ter uma discussão com outras secretarias, vamos buscar parceiros, para que a gente possa pensar em alternativas como energia solar. Estamos n o momento de elaboração de diagnóstico para que a gente possa mostrar um trabalho eficiente pelos próximos três anos, que a gente acredita que vamos passar na Secretaria.

A senhora citou a questão da bancada federal, que pode ser uma grande aliada nessas ações. Como anda esse diálogo com os parlamentares?

 Até o momento a conversa é tímida. Porque a conversa de fato será realizada quando tivermos esse diagnóstico pronto, o que eu tenho pedido a princípio é que eles possam olhar com bons olhos, estamos nos esforçando não só para mostrar os empecilhos, mas explicar quais as nossas dificuldades e quais as saídas vamos encontrar juntos para resolver os nossos problemas, uma vez  que a potencialidade que existe no Piauí, o agronegócio pode ser uma saída economicamente falando, para o nosso estado. Eu tenho certeza que nossa bancada vai abraçar nossas ideias e projetos, pode até não ter abraçado ainda por não ter esse diagnóstico. Vamos apresentar as alternativas e escolhermos as prioridades. Então, junto com nossos produtores vamos fazer isso. A cada avanço a gente vai estabelecer nossas prioridades. Se gradativamente a gente for conseguindo resolver nossos problemas, o que é mais grave, enfim, elegendo nossas prioridades. 

Secretaria, uma das regiões que se destaca na produção agrícola é o cerrado piauiense. Mas o governo já tem estudo sobre quais as outras regiões possuem grande potencial para produção? 

Sim. A fruticultura, por exemplo, você chega em Guadalupe e observa o grande potencial daquela região, a questão do Festival da Uva, no povoado Marrecas em São João do Piauí, que tá faltando incentivo para comercialização do que é produzido aqui. É isso que a gente precisa ter nesse momento. Na fruticultura nosso potencial é grande. A pecuária é muito forte, a criação de caprinos, então a gente tem a diversidade de acordo com a região, se você andar em Luís Correia vai ver a criação de camarão, tem a apicultura, enfim, temos diversas potencialidades e possibilidades e é este diagnóstico que a gente vai ter em mãos. Mas desde quando assumimos já temos buscado correr contra o tempo para que a gente possa n o próximo ano já sair da construção da política para a execução dela.

A gente entrevistou o novo diretor do Interpi e ele citou a questão da regularização fundiária como a principal prioridade da pasta. Isso é um entrave para os próprios produtores rurais. Como a senhora avalia este problema e como a Secretaria do Agronegócio pode contribuir com os avanços do trabalho?

De fato, a gente já teve a primeira conversa e o Interpi vai estar nessa rede. Esse é um problema grave, mas é um problema jurídico, a gente vai trabalhar de forma articulada. Esse problema atinge e prejudica tanto o agronegócio quanto a agricultura familiar. A gente está pensando na rede, no conselho deliberativo, para que esses órgãos construam uma política  não só sobre a questão do saneamento, mas também sobre regularização fundiária, enfim, tudo isso deve fazer parte do sistema que deve ser construído com todos os órgãos que participam da rede que estamos tentando articular. 

Quais as considerações finais que a senhora faz em relação a gestão na Secretaria de Estado do Agronegócio? 

Só em relação aos parques de Exposição, palco das feiras agropecuárias, que de certa fomentam a comercialização, e nós temos seis parques, além de fomentar a especialização. Nós temos seis parques, que estão vindo para a responsabilidade da Secretaria de Agronegócio. Queremos trata-los de forma eficiente. E vamos conversar isso com o governador, que é trabalhar parcerias público privadas para gestão e manutenção dos parques.

Edição: João Magalhães
Por: Breno Cavalcante
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