O comércio varejista é o setor
que mais tem sofrido com a crise
no País. Por conta da economia
brasileira que anda abalada,
os consumidores estão evitando
gastos supérfluos, como roupas
e calçados, para investir em setores
mais necessários, como
em alimentação e transporte.
Com isso, muitas lojas, principalmente
do Centro de Teresina,
estão praticamente vazias, o
que está acarretando em pouco
lucro e, inclusive, em demissões.
Foto: Assis Fernandes/ODIA
Dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) nesta
terça-feira (16), apontam que
o mês de dezembro encerrou
com queda de 2,7% das vendas
no varejo, com relação ao mês
anterior, em todo o País. Esse
recuo ocorreu após dois meses
seguidos de variações positivas,
quando acumulou crescimento
de 1,9%.
Porém, segundo o gerente de
uma loja de vestuários no Centro
da capital, Paulo Roberto
Alves, esse percentual de queda
foi muito maior, sobretudo nos
últimos seis meses, quando de
fato a crise se instalou. “Quem
trabalha no comércio sente
muito mais essa crise, e eu acredito
que tenha caído mais de
20%. As pessoas estão comprando
menos e coisas mais baratas”,
disse.
Ele acrescentou que muitos
distribuídos e que fazem revenda
de mercadorias acabaram
falindo e fechando as empresas,
além de algumas lojas de menor
porte. Essa crise também teve
reflexo nas contratações provisórias,
que foram menos que no
mesmo período do ano passado,
e não chegaram a ser efetivadas.
O lojista acrescentou que
todos os colaboradores que foram
contratados no período de
final de ano, foram dispensados,
e ainda há risco de alguns
funcionários serem demitidos.
“Estamos fazendo o possível
para manter todos trabalhando,
mesmo com as condições não
sendo as melhores, mas porque
sabemos que todos precisam
trabalhar. A gente está se esforçando,
mas se continuar nessas
condições, nós vamos ter que
demitir algumas pessoas. O comércio
está parado, muito vazio,
e isso é em todas as lojas, de todos
os setores”, enfatizou.
O presidente do Sindicato dos
Lojistas do Comércio do Estado
do Piauí (Sindilojas), Luís
Antônio Veloso, destacou que a
queda no comércio foi significativa,
não somente em Teresina,
mas todo o Estado. Contudo,
ele explicou que esse recuo era
uma expectativa dos lojistas,
devido à crise, que afetou principalmente
os varejistas.
“Essa crise gerada acabou
atingindo todo mundo e os resultados
foram esses, poucas
vendas. Mas muito se deve também
à falta de expectativas das
vendas e das pessoas, que deixaram
de comprar. O que nós
esperamos é que se tudo se estabilize
e melhore nos próximos
meses e que as pessoas tenham
esperança”, falou o presidente
do Sindilojas.
Apesar da servidora pública
Gilvânia Holanda admitir ser
consumista, principalmente
com roupas e calçados, ele explicou
que tem evitado fazer a
compra desses produtos. Segundo
ela, os serviços não sofreram
aumento do preço, porém,
as pessoas estão mais cautelosas
ao gastarem seu dinheiro.
“A crise abalou muito o comércio,
é perceptível, porque as
lojas estão muito esvaziadas e
com promoções. Mas eu acredito
que atinge principalmente as
pessoa que não têm renda fixa,
que dependem da venda diária
para poderem tirar seu sustento.
Quem sobrevive do comércio e
recebe um valor fixo talvez não
sinta tanto”, disse.
A servidora pública ainda
acrescentou que as pessoas estão
evitando gastos com bens
supérfluos, como roupas, e
usando o dinheiro para fazer o
pagamento de contas e investindo
em outros setores, como
alimentação.