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Um em cada quatro jovens de 18 a 24 anos pensou em suicídio nos últimos 30 dias

Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o debate do Setembro Amarelo de 2020 se volta para aos impactos na saúde física e mental da população

31/08/2020 15:30

O mês de setembro marca a campanha nacional do Setembro Amarelo, de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção a Doenças dos Estados Unidos, um em cada quatro jovens de 18 a 24 anos considerou seriamente o suicídio nos últimos 30 dias. O levantamento é de agosto deste ano.


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Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o debate do Setembro Amarelo de 2020 se volta para aos impactos na saúde física e mental da população, com atenção especial ao aumento nos casos de depressão, um dos principais fatores de risco do suicídio.

Imagem ilustrativa. Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A psicóloga Camila Siqueira chama a atenção para uma possível epidemia em paralelo à pandemia do novo coronavírus, que está relacionada a saúde mental da população. Segundo a psicóloga, o aumento no número de casos de transtornos mentais como a depressão e a ansiedade durante o período de pandemia se dá por três motivos: a incerteza do futuro, o distanciamento social e o medo.

“Ninguém sabe como acontecerá no futuro, se haverá segunda onda, se não haverá. A questão da incerteza em relação a nós mesmos. O que fazer depois que tudo isso passar? Será que vou continuar trabalhando? Será que eu vou pegar a doença? Se eu pegar a doença, será que eu vou sobreviver? Os meus familiares vão sobreviver?”, destaca ela.

Sobre o distanciamento social, a psicóloga pontua ainda que, ao requerer que as pessoas permaneçam em casa e tenham pouco contato físico com outras pessoas fora do ambiente do lar, faz com que aumente o sentimento de solidão, fazendo com que muitas pessoas acreditem que o distanciamento físico é também um distanciamento afetivo.

Outro fator que contribui para o quadro de saúde mental da população é o medo. Segundo ela, pacientes que desenvolveram ansiedade e depressão na pandemia relatam o medo como um elemento que contribui para o seu estado mental, como o medo de ser contaminado pelo vírus ou medo de perder o emprego.

 "Era muita angústia e eu sentia vontade só de chorar"

É o caso da microempresária Maria Angélica Alves, que ao ter a rotina completamente mudada pela pandemia do novo coronavírus, passou a desenvolver sintomas de ansiedade. Segundo ela, a falta de ar ocasionada pelo transtorno chegou a ser associada até mesmo à Covid-19. “Tudo começou com falta de ar. Eu pensava que era alergia, depois pensávamos que era coronavírus. Em seguida veio o aperto no peito e o meu estado emocional abalado. Era muita angústia e eu sentia vontade só de chorar”, relata.

Hoje, a microempresária que antes levava uma vida ativa, com trabalho, academia, festas e viagens, e viu a rotina parar pela pandemia, busca novas formas de ocupar o tempo para evitar novas crises de ansiedade. “Eu me movimento demais, procuro ficar ativa. Procuro coisas pra fazer, fico sempre inventando algo pra me distrair. Aprendi a me cuidar mais, a olhar mais no rosto das pessoas e escutar mais do que falam. Aprendi a ver a vida com outros olhos, de outras formas, aprendi até a cortar o cabelo”, finaliza.

Por: Nathalia Amaral
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