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Série de ODIA revisita casos que marcaram a história do Piauí

Líder de credibilidade, ODIA sempre acompanhou os fatos mais importantes do Estado. Agora, eles retornam às nossas páginas atualizados.

06/02/2017 06:42

Esta semana, o Jornal ODIA irá revisitar algumas histórias que marcaram a história de nossa cidade e claro, foram registradas em nossas páginas.

O profeta

12 de outubro de 2012, às 16h. Esse é o momento em que o mundo deveria ter acabado e toda a raça humana extinta, de acordo com Luiz Pereira, o profeta do Parque Universitário, zona leste de Teresina. A história, que mais parecia uma fantasia coletiva, ganhou proporções surpreendentes, e, por pouco, não se transformou em tragédia.

Para entender o desfecho da história, é preciso voltar ao seu início. Tudo começou em 2009. Luiz dormia sozinho quarto quando ouviu uma voz o chamar. “Era uma voz calma, tranquila. Mesmo assim, a princípio, fiquei meio assustado, mas logo um homem apareceu ao meu lado - era um anjo do Senhor (eu imaginava que anjos tinham asas, mas era um homem ao meu lado) e ele disse que veio buscar o que eu oferecia à Deus em minhas orações", declarou o profeta, em entrevista concedida ao Jornal ODIA, em 11 de Outubro de 2012, poucas horas antes do que seria o fim da humanidade.

Luiz Pereira se despediu antes de ser levado pela Polícia Militar em 2012 (Foto: Arquivo O Dia)

Entre 2009 e 2012, a vida de Luiz Pereira se transformou completamente. De representante comercial ele passou a liderar um grupo de mais de 100 pessoas, que acreditavam que o mundo acabaria no dia 12 de outubro de 2012. Na casa do profeta, localizada na Rua Azenha, Parque Universitário, mulheres, crianças, idosos, órfãos, e ex- dependentes químicos dividiam o mesmo espaço. Após ganhar fama no Piauí e no Brasil, Luiz Pereira passou a ser alvo constante de investigações da Polícia Civil, principalmente, por parte da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. A tensão e o medo passaram a ser parte da rotina dos moradores da região, que era acompanhada de perto pela equipe de reportagem do Jornal ODIA.

O dia do fim

No dia 12 de outubro de 2012, as comemorações pelo Dia da Padroeira do Brasil, deram lugar à expectativa para o desfecho da polêmica protagonizada por Luiz Pereira e seus seguidores. A movimentação de policiais e jornalistas era intensa nos momentos que antecediam a hora em que a profecia do fim do mundo deveria se cumprir. Do lado de dentro da casa do profeta, seguidores dispostos à dar a vida para defende- lo.

Do lado de fora, populares à postos para realizar o linchamento do homem acusado de se aproveitar da fé alheia. “Quando chegamos ao local, encontramos uma situação que parecia mais um acampamento. Diversos quartos lotados de pessoas que defendiam ele [o profeta]. Era como se ele tivesse feito uma lavagem cerebral. Do lado de fora, ao redor da casa, tinha muita gente que condenava aquela atitude”, lembra a tenente coronel Júlia Beatriz, do comando de gerenciamento de crises da Polícia Militar, que participou ativamente da operação no na casa do Profeta.


De um lado, a Polícia se preparava para invadir a casa do Profeta; do outro, seguidores prontos para arriscar a vida e defendê-lo (Foto: Arquivo O Dia)

Para evitar confrontos entre os seguidores do profeta e os demais moradores do bairro, dezenas de policiais da tropa de choque permaneceram de prontidão nos arredores da casa, localizada no Parque Universitário. Apesar disso, a revolta tomou conta da população, que começou a arremessar pedras e pedações de pau contra a casa onde o profeta e seus seguidores estavam abrigados.

Faltando menos de dez minutos para as 16h, os militares da tropa de choque entraram na residência e levaram Luiz Pereira detido. As famílias que estavam abrigadas dentro da casa à espera do fim do mundo foram retiradas do local, horas depois.

Em depoimento à polícia, Luiz Pereira disse que o apocalipse não ocorreu no dia 12 de Outubro de 2012 porque o mundo ainda precisa continuar passando por uma "provação de Deus". Até o momento, o profeta ainda não agendou uma nova data para o fim da humanidade.

Por: Natanael Sousa - Jornal O Dia
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