Andando pelas ruas do
Centro de Teresina, é possível
perceber que o número de pichações
nas fachadas de estabelecimentos
comerciais, nos
muros de residências e patrimônios
públicos, aumentou
nos últimos meses. A prática
de pichar, ou sujar por outro
meio, qualquer edificação ou
monumento urbano é considerada
crime ambiental e a
pena pelo delito pode variar
de três meses a um ano de detenção,
além de multa.
População reclama que nem Prefeitura nem a Polícia fiscalizam ou coíbem os pichadores (Foto: Moura Alves/O Dia)
Kléber Rodrigues, proprietário
de uma livraria localizada
no Centro da Capital, teve
sua loja pichada uma semana
após pagar pelos serviços de
pintura. Segundo ele, a Prefeitura
e a Polícia não fiscalizam
ou coíbem os pichadores.
“Essa é uma situação que não
adianta você denunciar para
as autoridades, é uma perda
de tempo. Porque mesmo que
essa pessoa seja identificada,
nada vai acontecer com ela,
nós só vamos perder nosso
tempo indo atrás disso”, declara.
Além disso, o empresário
afirma que não pretende repintar
a fachada da loja, porque
não há garantia de que
os pichadores não atuarão
novamente. “Essas pichações
são um prejuízo. A pintura de
uma fachada é um custo muito
grande, porque, além das
tintas, nós temos que pagar a
mão de obra e isso tudo custa
caro. Então eles vêm aqui e
picham, a gente manda pintar
de novo, e mesmo assim não
é uma garantia que eles não
vão pichar novamente. Eu só
pretendo pintar quando colocar
uma grade e uma cerca
elétrica; por enquanto, vou
deixar pichado do jeito que
está”, explica Kléber Rodrigues.
O dono de uma banca de
jornais também localizada
no Centro da cidade acredita
que os grafiteiros são os próprios
pichadores e que estariam
fazendo isso para conseguir
firmar contratos com
a Prefeitura para grafitar os
muros. “O grafiteiro é o mesmo
que picha. Se a Prefeitura
dissesse que enquanto
tivesse picho na cidade, não
teria grafite pago pela Prefeitura,
isso não aconteceria
mais. Eu já denunciei para a
Polícia, mas eles dizem que
só podem agir se pegarem os
pichadores em flagrante. Esses
pichadores deveriam perguntar
para os proprietários
se nós concordamos com isso
e não chegar aqui e pichar sem
a nossa autorização”, enfatiza o
empresário que não quis se identificar
com medo de represálias
dos pichadores.
Fiscalização
Por sua vez, o comandante de
policiamento da capital, coronel
Wagner Torres, afirma que não
há informações oficiais sobre a
quantidade de denúncias de
pichações em Teresina. Contudo,
o gerente de fiscalização
da Secretaria de Desenvolvimento
Urbano da região Centro/
Norte (SDU-Centro/
Norte), Enéas Costa, explica
que as denúncias são feitas para
a Polícia. Além disso, o secretário
admite que os infratores
não têm como serem identificados
e o horário em que essas
pichações são feitas dificulta o
trabalho de fiscalização.
“As pichações não têm como
serem identificadas, elas
acontecem, em sua maioria,
de madrugada; então nós [da
Prefeitura] não temos uma
equipe de fiscais para atuar
fiscalizando essas pichações;
infelizmente, é caso de Polícia
mesmo. Nós teríamos que
ter uma ronda ostensiva para
evitar esse tipo de problema
e, com a Guarda Municipal
na ativa, nós poderemos atuar
para evitar esse tipo de ação”,
esclarece.
Edição: Virgiane PassosPor: Nathalia Amaral