O moto-taxi, personagem
bem conhecido do trânsito
de Teresina, é bastante lembrado
especialmente pelas
classes C e D. São uma
alternativa aos taxis, que
cobram mais pelo conforto e
segurança. Entretanto, essa
realidade começa a se modificar.
É o que conta Ana Beatriz,
atendente de uma
lanchonete na Avenida
Frei Serafim, no centro da
capital. “É muito caro ir
até um ponto próximo: eles
cobram o mesmo valor para
viagens longas”, comenta.
Em alguns trechos, o preço
negociado com o mototaxista
é igual o cobrado no
automóvel.
Assim, Ana Beatriz usa o
serviço de moto-taxi apenas
em último caso, pois além
da questão econômica,
vem também a segurança.
Segundo ela, os motociclistas
costumam transitar
em alta velocidade, cortando
os veículos, e ela teme
por acidentes. Outro medo
da atendente é a questão da
violência.
A Avenida Frei Serafim
abriga quase uma dezena
de pontos de moto-taxis,
com até cinco motos paradas
aguardando clientes. Em
uma rápida pesquisa, percebemos
que os preços variam
entre R$ 10 e R$ 13, numa
viagem até a Universidade
Federal do Piauí, ponto de
referência escolhido. Até
junho de 2015, pelo mesmo
percurso seria cobrado entre
R$7 e R$10.
Durante a pesquisa,
alguns profissionais tentaram
baixar o valor para
R$ 10. Eles são o único
meio de transporte público
cujo preço é negociável. “A
gente tem nossas tabelas,
mas não é nada obrigatório,
o preço a gente faz com o
cliente. Se a corrida é R$
10, e a pessoa me diz que
só tem R$ 8, eu faço pelos
R$ 8”, conta O moto-taxista
Francisco Pereira, que confirma
o aumento dos preços,
e atribui aos aumentos da
gasolina, do valor das peças
e emplacamento. “A pessoa
gasta R$ 1 mil só para legalizar
a moto!” comenta.
Com
relação aos preços cobrados
pelos taxis, Francisco é
categórico: “Não é o mototaxi
que é caro, são os taxis
que estão baratos demais,
com os preços defasados”.
Para ele, a tarifa de taxi
tem deve aumentar, mas
no caso deles, o processo de
reajuste é mais lento, pois
deve receber o aval da Prefeitura.
A última alteração
aconteceu em março deste
ano, quando a bandeirada
inicial dos taxis passou de
R$ 3,30 para R$ 3,79.
Quanto à questão da segurança,
ela preocupa tanto
clientes como moto-taxistas.
“De noite, todo mundo sente
medo. O cliente não sabe
quem está na moto e a gente
não sabe quem é o cliente”,
comenta Cleyton Aguiar
Freitas, que trabalha num
dos pontos da Frei Serafim.
“As vezes, a gente não tem
medo do cliente, mas do
bairro. Medo de entrar lá e
não sair, ou sair arrebentado
por pauladas e pedradas”,
conta. Segundo ele, muitos
colegas já foram assaltados,
como também sabe que é
possível encontrar bandidos
entre os moto-taxis. “Gente
ruim tem no meio de tudo, de
toda categoria”, argumenta.
Moto-taxistas se configuram
numa das profissões
mais perigosas da cidade.
De acordo com o Ministério
da Saúde, o Piauí é campeão
nacional em acidentes
de moto e em mortes decorrentes
desse tipo de ocorrência.
Por: André Nascimento - Especial para ODIA