Moradores do distrito de Brejinho, no municÃpio de Assunção do Piauà (273 km de Teresina) teriam o hábito de caçar roedores para complementar a alimentação. O rato-rabudo também é conhecido em partes do Nordeste como punaré ou rato-boiadeiro e gerou polêmica a partir de reportagem do site UOL pelo hábito da população da região de comer a caça.
De acordo com o Superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) em Teresina, Manoel Borges de Castro, o "rabudo" é um preado do interior do mato. "É um roedor comestÃvel e é um animal silvestre. O rabudo, como por exemplo, o mocó, são roedores da região do sertão e fazem parte da cadeia alimentar da região".
O superintendente explica que os roedores silvestres são diferentes dos ratos domésticos, que, por sua vez, são capazes de transmitir doenças e vivem em locais insalubres. "Quanto à alimentação dos roedores silvestres, eles comem frutos e oleaginosas, apreciam côco e sua carne possui bastante proteÃna. São animais sadios. O rato doméstico é problema, é que nem consumir peixe de rio poluÃdo".
A bióloga especialista em gestão ambiental, Clayanne Santos explica que punaré é o nome de um animal mamÃfero, roedor da famÃlia dos Echimydeos, gênero Thrichomys, que ocorre no Leste do Brasil, no Paraguai e na BolÃvia. "É um animal nativo da caatinga e habita zonas secas e pedregosas. É de pequeno porte, tem pelos macios, cauda longa e peluda. Também é conhecido, vulgarmente, como rato-boiadeiro e rabudo".
O animal habita áreas abertas e florestais da Caatinga, do Cerrado e do Pantanal, tendo registros dessa espécie em Minas Gerais, Goiás, Bahia, Rio Grande do Norte e PiauÃ, sendo encontrado principalmente na Caatinga. Vive em ocos de árvores, fendas rochosas e aglomerados de plantas espinhosas como a macambira. De tamanho um pouco superior ao de uma ratazana, o punaré é caça apreciada pelo sertanejo, que prepara armadilhas rústicas para sua captura.
O risco que o roedor poderia oferecer à população seria a servir de reservatório para a Doença de Chagas. No entanto, apenas dois gêneros de roedores foram até o momento, acompanhados experimentalmente em suas infecções pelo parasita Tripanossoma cruzi: Cavia e Thrichomys. Destes, apenas o segundo se encontra amplamente distribuÃdo em algumas regiões do Brasil e pode ser considerado um potencial reservatório do parasito em algumas localidades.
O lÃder comunitário da Comunidade Brejinho em Assunção do PiauÃ, Caetano Silva, esclareceu à portal de notÃcia local sobre o hábito cultural da população em complementar a alimentação com o tipo de caça.