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Piso do Centro Cirúrgico da Maternidade Evangelina Rosa ameaça ceder

Problemas infraestruturais foram detectados pelo CRM durante fiscalização. Maior taca de mortalidade infantil do Estado se concentra na maternidade.

14/06/2018 08:20

Uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI), em conjunto com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e com o Ministério Público Estadual (MPE) detectaram uma série de irregularidades e problemas de infraestrutura na Maternidade Dona Evangelina Rosa. O piso de um dos centros cirúrgicos da unidade hospitalar, por exemplo, apresenta rachaduras e ameaça ceder. Em outras alas, faltam materiais básicos higiene, o que aumenta o risco de infecção hospitalar em médicos e pacientes.

Além disso, faltam medicamentos e insumos no estoque da maternidade e não há condições básicas de atendimento, segundo o CRM. “Não tem sabonete, falta sabão líquido para ser usado na higienização das mãos dos profissionais, não tem papel toalha, em alguns locais, o piso está decolando. Se cai sangue no chão durante um parto, não tem nem com o que limpar direito, só com água”, discorre a presidente do CRM, a médica Miriam Parente.


O Conselho Regional de Medicina vai se reunir na próxima segunda-feira (18) para deliberar sobre um indicativo de interdição ética da Maternidade Dona Evangelina Rosa, que consiste na paralisação das atividades de alguns setores da unidade, tanto na parte médica, quando na parte de enfermagem. A ideia é chamar a atenção das autoridades e órgãos competentes para as condições de funcionamento da maternidade e para as condições de trabalho dos profissionais que lá atuam.

Taxa de mortalidade infantil três vezes maior

Segundo dados da Fundação Abrinq, a taxa de mortalidade infantil no Piauí é três vezes superior à média nacional. Em 2015 e 2016, o Brasil teve uma elevação de 11% na taxa de crianças morrendo, um número que ainda não havia sido alcançado nos últimos 13 anos. No Piauí, a situação não é diferente: a Maternidade Dona Evangelina Rosa, a única maternidade pública de alta complexidade do Estado, o aumento da mortalidade infantil foi de 43,15 para cada mil bebês nascidos vivos.

“A pesquisa não nos causa estranheza, uma vez que a Maternidade, onde foi constatada essa média elevada mortalidade neonatal, acima de todos os estados no país, é reflexo de um problema muito mais complexo, que envolve a falta de investimentos em todas as esferas públicas, inclusive na atenção básica”, finaliza Miriam Parente, presidente do CRM.

O outro lado

Procurada a direção da Maternidade Dona Evangelina Rosa informou que está trabalhando para o emparelhamento das ações dentro da unidade hospitalar com as medidas adotadas pela Secretaria de Saúde do Estado. Segundo o médico Francisco Macêdo, diretor da maternidade, a segurança do paciente é a prioridade e não há falta de medicamentos nem de insumos.

“Se pode falar na falta de alguns medicamentos pontuais que não têm para vender em Teresina, como a Morfina, por exemplo. Quanto ao abastecimento de alimentos, pelo contrário, nós estamos é com estoque, com algumas medidas de contenção de gastos e evitando o desperdício, mas esperamos em um espaço de tempo bem curto, que possamos fazer uma compra maior, para seis meses e guardar isso no almoxarifado da Secretaria que irá suprir as necessidades da maternidade”, afirma o diretor da Maternidade Evangelina Rosa.

Por: Maria Clara Estrêla
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