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Piauí é o segundo estado em número de mortes por acidentes de trânsito

Diariamente, um número cada vez maior de jovens se torna vítima fatal do trânsito ou leva sequelas de direção perigosa.

25/10/2015 07:36

Na iminência de acontecer um acidente, quando o condutor do veículo consegue prever, segundos antes, uma possível colisão, o primeiro instinto é acionar os freios ou redirecionar o automóvel. Na pista, o rastro dos pneus friccionados contra o asfalto ou terreno é uma das grandes características de um local onde aconteceu um acidente. Mas a marca, muitas vezes, não fica só no cenário. Diariamente, jovens perdem a vida ou são brutamente marcados por imprudências feitas no trânsito.

No Mapa da Violência de 2014, os acidentes de trânsito e assassinatos são apontados como as duas principais causas de morte de brasileiros de 15 a 29 anos. O Piauí aparece em destaque na pesquisa, sendo o segundo Estado no ranking com maior número de mortes em decorrência desses dois aspectos.

Para Joaquim Pereira*, ao olhar-se no espelho, todos os dias, a lembrança do acidente que quase tirou sua vida é inevitável. A cicatriz, que envolve grande parte do pescoço, é um lembrete constante do que aconteceu há oito anos. Aos 21 anos, após beber e conduzir uma moto, ele colidiu com um carro em alta velocidade e tem no corpo as cicatrizes do acidente.

Foto: Jailson Soares/O Dia

Hoje, trabalhando como motorista e considerando-se um ‘sobrevivente’, a consciência ao guiar um veículo é bem maior. “Tenho certeza que se não tivesse bebido, o acidente não teria acontecido. A gente exagera e hoje não faço mais aquilo. É muita imprudência”, relata.

A cicatriz no pescoço, que levou 54 pontos, é decorrente de um corte profundo ocasionado no acidente. Além disso, o jovem, hoje com 29 anos, tem marcas da queimadura de terceiro grau na perna e cicatrizes de corte por todo o corpo. Como estava de capacete, uma lesão ainda mais grave foi evitada. Ele atribui ao uso do equipamento de segurança o fato de ter permanecido com vida.

Para Joaquim, que tem uma filha ainda criança, a missão é nunca mais deixar que isto aconteça. “Só estou vivo porque estava de capacete. Hoje, ando com minha filha e sempre a lembro dessa importância. Atualmente, é ela mesma quem pergunta ‘papai cadê meu capacete?’ e assim a gente vai educando desde pequena para não acontecer acidentes”, finaliza Joaquim.

Números que preocupam

A gravidade da situação que é presumida ao acompanhar notícias pela imprensa ou na realidade mais próxima, sobre a quantidade de jovens que se envolvem em acidentes, é confirmada através de números. No Hospital de Urgência de Teresina (HUT), o maior pronto- -socorro do Piauí, até setembro de 2015, 9.789 mil pessoas foram atendidas em decorrência de acidentes de trânsito.

Do total, a grande maioria envolve acidentes com motociclistas, sendo 8.219 acidentes de motos, 693 de carros e 877 pedestres. Os números apenas reforçam a imprudência presenciada no trânsito diariamente, que deixam vítimas reais.

Quando os acidentes não envolvem óbitos, em sua grande maioria deixa sequelas. Por isso, no Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), o número de jovens em tratamento para a reabilitação física, após envolvimento com acidentes, também é crescente. No local, são realizados mais de sete mil atendimentos, anualmente, por pessoas vitimadas por acidente automobilístico, com motocicleta e por atropelamento. Os números envolvendo motocicletas também se destacam; em sete anos de funcionamento do Centro, 34.208 pessoas foram atendidas após sequelas deixadas por acidente de motocicleta.


*Nome fictício para proteger a identidade da fonte

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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