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Para especialistas, Proclamação da República começou com restrições

Historiador afirma que a república é um processo em construção e que deve contar com a luta de toda a sociedade

15/11/2019 16:14

A República, celebrada nesta sexta-feira, 15 de novembro, é descrita pelo cientista político Robert Bandeira como uma forma de governo voltada para a coisa pública e, por isso, conta com a participação do público. Porém, sua proclamação no Brasil em 1889 já começou beneficiando apenas uma pequena parcela da sociedade.

“A propaganda em prol da República na época dizia que haveria participação da sociedade. Antes se tinha a restrição do voto, a votação indireta naquela época abrangia apenas 10% da população. Em 1891 nós temos uma abertura para eleições diretas. Mas em porcentagem só aumentou a participação da população em 2%, porque se restringiu o voto aos analfabetos. E na época os analfabetos eram 90% da população”, explica.

Robert Bandeira observa que o código penal de 1890 trouxe outras restrições a população, porque criminalizou greves e manifestações públicas. O fim da monarquia e a chegada da república apenas representou a criação de uma nova elite que passou a comandar o país. As mudanças esperadas, no entanto, ficaram com poucos.

Foto: Jéssica Sales / O DIA

O historiador Jarbas Avelino concorda. Para ele, a propaganda daqueles que defenderam a instalação da República não se concretizou. “A propaganda da República é muito persuasiva porque vem associada à liberdade, democracia, direitos civis. No entanto, a participação vem mediada por um sistema político. E esse sistema político é contornado pela legislação. A legislação que vem após a propaganda, mais restringe do que possibilita uma ampla participação popular”, defende.

As limitações do início da República não ficaram no passado. Jarbas Avelino prega que o sistema político nunca dará conta de toda a complexidade da vida social e sempre haverá uma classe desfavorecida. “Ao mesmo tempo que o sistema ele inclui, ele exclui. Viver em uma república é viver aberto a lutar por ampliação de direitos”, define o historiador.

O cientista político Robert Bandeira afirma que o brasileiro precisa definir o modelo de pais que todos desejam para depois buscar alcança-lo com o exercício do voto. Já o historiador Jarbas Avelino aponta que república é um processo em construção, mas que a sociedade não deve colocar suas expectativas em “salvadores da pátria”. Por outro lado, todos têm que se engajar na busca das melhorias. 

Por: Otávio Neto
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