O mês de janeiro não é
muito agradável quando
se trata de finanças. Para
os pais, é a hora de comprar
o material didático
a ser usado durante o
ano de 2016 pelos filhos.
Esse valor pode ser
ainda maior na educação
infantil de escolas particulares,
que nas listas
de materiais escolares
exigem muito mais do que
os livros. As crianças precisam
de paradidáticos,
brinquedos, materiais
de uso pessoal, de apoio
pedagógico e lúdico.
A bancária Laís Rebelo
conta que matriculou o seu
filho Gabriel, de apenas
1 ano, para o maternalzinho.
Esse ano será o primeiro
contato do pequeno
com a escola e a mãe se diz
preocupada com a quantidade
excessiva de material
pedido na relação de
livros. “Na verdade ele tem
poucos livros porque não
tem como estudar ainda
nessa idade. Apenas um
deles custou R$ 106,00.
Fora esse valor, já gastei
em média R$ 500,00 com
outros tipos de materiais,
como lápis de cor, giz,
cadernos, fardamento e
itens pessoais”, relata.
Laís questiona a necessidade
de tantos itens
pedidos pelo colégio. “Eu
quis colocar o Gabriel
no colégio não para que
ele já comece a estudar,
porque na idade dele
ainda não tem como. O
objetivo é deixar ele no
colégio no meu período
de trabalho para que ele
também possa conviver
com outras crianças, se
divertir e se adaptar ao
local em que em breve
ele vai estudar. Ainda
não compreendo a utilização
de todos os materiais,
pois gastamos um
valor muito alto pra uma
criança que ainda nem
tem habilidades pra fazer
o manuseio”, indaga.
Além da mensalidade
escolar, que em escolas
particulares pode passar
de R$ 1 mil, os pais precisam
apertar ainda mais
o orçamento para gastar
com os recursos pedagógicos.
A psicóloga Nara Gisele
de Araújo trabalha com
educação infantil em
uma escola particular de
Teresina. Ela explica que
a educação de crianças
com pouca idade é diferente
das demais porque
precisa estimular os sentidos.
“Um jovem quando
lê um determinado tema
e estuda, ele consegue
absorver e entender do que
se trata. Já uma criança
de dois anos, no maternal,
por exemplo, ao ensinar
como regar plantas, precisamos
demonstrar isso
na prática com pá, luvas
e todo um aparato que dê
um estímulo sensorial a
ela. Ensinar matemática
com brincadeiras e jogos
é muito mais eficiente ou
ainda as letras com um
alfabeto móvel”, esclarece.
Nara comenta que podem
existir escolas que abusem
na hora de solicitar os
recursos pedagógicos. No
entanto, ao montar a lista
de itens para o ano, é feito
um estudo prévio de atividades
que serão desempenhadas
com esses materiais.
“As professoras têm
uma bagagem e gabarito
para solicitar e selecionar
cada coisa, pois serão
utilizadas e reutilizadas
durante o ano letivo”, reitera.
A psicóloga orienta que
os pais fiquem atentos
se a escola oferece uma
linguagem especial para
o desenvolvimento da
criança e que acompanhem
e participem desse
processo.
“A rotina na
educação infantil deve
ser lúdica e diversificada.
Jogos, histórias, brincadeiras,
experiências,
momentos livres, entre
outras atividades, com
foco no desenvolvimento
do pensamento lógico e
matemático, da comunicação,
da expressão artística
e do corpo, além de
permitir conhecimentos
sobre a natureza e a sociedade”,
comenta Nara.
Uma das coisas que
também gera muitas
dúvidas nos pais é a
definição da idade mais
adequada para colocar
o filho no colégio.
A psicóloga
Nara explica que
essa questão depende da
necessidade da família de
não ter com quem deixar
a criança ao sair para
trabalhar. “Muitos pais
já colocam os filhos com
menos de dois anos na
escola. Para preservar a
saúde da criança, o ideal
seria ela ingressar na
escola entre 1,5 e 2,5 anos.
É quando se tornam mais
importantes ainda a interação
com outras crianças,
a diversidade de experiências
e as relações sociais.
Mas se o pai e a mãe
trabalham fora, a antecipação
desse prazo pode ser
uma opção”, finaliza Nara
de Araújo.
Foto: Elias Fontenele/ODIA
Por: Pedro Vitor Melo - Jornal O DIA