Quando se pensa em aumento da frota de veículos nas cidades, deve-se atentar não só para o aspecto econômico desse crescimento, mas estrutural também. É o que defende a Confederação Nacional dos Municípios, em novos dados divulgados ontem (3). “A frota de veículos nos municípios em 2018” é um levantamento da entidade feito com base nos dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
A pesquisa aponta que em 98% dos municípios piauienses o número de motos supera o de carros, o que corresponde a 220 cidades, em um universo de 224 municípios. Assim, em apenas quatro deles o número de carros supera o de motos, como é o caso de Teresina. Em um segundo ranking, a capital figura também na lista das 50 maiores frotas de carros e motos do Brasil. Os dados de abril deste ano contabilizam 204.252 automóveis e 198.948 motos na cidade.
Douglas Gomes é um dos motoristas que circula diariamente em Teresina e também diz observar uma “superlotação” de veículos, tanto de motos como de carros. Ele tenta contornar a situação com as caronas para os colegas que moram na mesma região e reconhece que muitas vezes, dirigindo sozinho, ocupa um espaço que poderia ser melhor aproveitado.
Foto: Arquivo O Dia
“Esses veículos ocupam um espaço muito grande quando comparado ao número de pessoas que utilizam o serviço pra se deslocar. Um ônibus, por exemplo, ocupa um espaço grande, mas muita gente é beneficiada por esse transporte, enquanto muitos carros só são utilizados pelo motorista. Além de prejudicial para o fluxo do trânsito, é prejudicial para o meio ambiente. Eu não utilizo há um bom tempo o serviço de transporte público, porque um automóvel é mais prático e confortável. Acredito que a melhor solução pra isso é sempre ser solidário e oferecer caronas”, aconselha.
O educador físico Marcos Wendell de Souza optou pela moto para se locomover pela cidade. “A minha escolha pela moto se dá pela facilidade de locomoção no trânsito de Teresina e a questão econômica, em relação à gasolina. Com a moto a gente tem certa facilidade de chegar aos locais, evita atrasos. (...) Como as motos são veículos menores, vão entrando entre os carros pra tentar chegar mais rápido”, destaca Marcos.
O estudante Junior Feitosa vê esse crescimento de forma negativa. De carro, ele percorre longos trajetos entre a zona sul de Teresina, onde trabalha, e a zona leste, onde estuda.
“Nesse trajeto, passo por algumas das principais avenidas da capital e tenho observado que o alto número de carros e motos circulando, tendem a transportar menos pessoas. É como se fossem veículos individuais. Não vejo isso como algo positivo, já que os congestionamentos aumentam o tempo de viagem e, consequentemente, o gasto com combustíveis, cujos preços são absurdos atualmente”, reforça.
Por: Ananda Oliveira - Jornal O Dia