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Mulheres descrevem ciúmes como uma guerra constante entre razão e emoção

Pessoas ciumentas explicam como é lidar com o sentimento que pode provocar situações e consequências negativas na própria vida

10/01/2016 08:46

Já haviam passado as primeiras horas do ano de 2016, quando, no meio de uma canção, a melodia mudou de tom: “Quem é essa aí, papai? Tá cheia de assunto”. Bastaram poucas frases para Ivete Sangalo ser considerada, ainda nos primeiros momentos do novo ano, a ciumenta da vez. A atitude da cantora baiana ganhou repercussão e o tema “ciúme”, a pauta. Como acontece, como lidar e controlar o tão conhecido, principalmente para casais, sentimento do ciúme? As respostas não são padronizadas, tampouco simples, mas quanto mais debatido o tema, mais aparecem semelhanças entre os que se assumem como pessoas ciumentas.

(Foto: Jailson Soares/ODIA)

Ana* é declaradamente uma ciumenta de plantão. Por conta disso, já viu relacionamentos se desfazerem e situações de descontrole se construírem em frente de seus olhos. “Eu sou bastante ciumenta. Às vezes eu não consigo nem dormir porque fico pensando no que a outra pessoa pode estar fazendo. É uma guerra constante entre a razão e a emoção”, descreve.

Do último relacionamento, ela não consegue nem elencar a quantidade de vezes que viu situações ficarem desenhadas de acordo com o que ‘o ciúme ditava’. Entre as atitudes, fiscalizar as redes sociais, amigos em comum, ex-namoradas e todo o ciclo social do então companheiro são tidas como ações de praxe.

“Eu fuço tudo para descobrir. Já sai de casa às 5 horas da manhã para ir ver se a pessoa estava mesmo onde falou e se iria sair acompanhada de alguém. É praticamente uma coisa incontrolável”, descreve a jovem.

A dificuldade é tamanha, que mesmo ela tendo noção que o primeiro relacionamento sério, aos 16 anos, se findou por conta de ciúmes, de lá para cá a batalha contra a presença constante do sentimento não foi vencida. “Lembro que com o meu primeiro namorado, eu não deixava ele fazer nada sozinho. Acho que acabei sufocando ele por conta do ciúme. Se ele ia para a aula de redação eu ia, se ia encontrar os amigos, eu também estava. Por esse desgaste acabamos terminando”, relata.

Mas Ana aponta um motivo para o exagero. Apesar de se considerar muito ciumenta desde mais nova, foi depois de uma traição, há cerca de dois anos, que ela viu os efeitos do ciúme se agigantarem ainda mais em seu cotidiano.

“Já fui traída e acho que isso me marcou muito. Eu sei que é ruim descontar em um relacionamento novo, o que a pessoa viveu no passado, mas é difícil não ser de outra forma”, confessa.

E para os ciumentos em alto grau, o sentimento não mexe apenas com os pensamentos, mas se expressa fisicamente. Segundo Ana, além de perder o sono, no ápice de uma crise de ciúmes, ela diz ficar extremamente nervosa, com o corpo tremendo e sente dificuldade de respirar. O estresse por conta das situações interfere até no ciclo menstrual. “É uma coisa que mexe com todo o organismo, porque eu realmente fico descontrolada”, lembra.

E se nos relacionamentos, ela sabe que o ciúme sempre deu um jeito de se fazer presente, em outras relações, também não é muito diferente. É tanto que os amigos tem consciência do ciúme exacerbado de Ana, ao menor sinal de ausência, o argumento é quase sempre o mesmo: ‘já está me trocando?’.

O que a jovem descreve com naturalidade, na verdade, é uma sina que ela tenta reverter. Ser uma pessoa ciumenta é uma característica que não agrada, nem a própria pessoa, muito menos quando atrapalha na relação. “Eu acho que na relação precisa haver confiança e, por isso, a outra pessoa também tem que colaborar. Mas eu penso e tento sempre melhorar esse ciúme que tenho. Só que não sei se vou conseguir”, constata.


(*Nome fictício para proteger a identidade da fonte)
A matéria completa você confere na edição deste domingo no Jornal O DIA.

Por: Glenda Uchôa - jornal O DIA
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