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Covid-19: Médico no Piauí cria protocolo de tratamento

O cardiologista cubano está atualmente acompanhando 18 pacientes que têm mostrado resultado positivo na resposta contra o coronavírus.

20/05/2020 07:00

Diante da pandemia do novo coronavírus, um dos temas que mais têm sido discutidos é com relação ao tratamento da doença. Enquanto alguns especialistas apontam que o uso do hidroxicloroquina é o mais indicado para tratar pacientes com Covid-19, outros profissionais têm evitado o medicamento e seguindo  uma nova linha de tratamento.

É o que tem feito o médico cubano Jesus Fleitas Rivero. O cardiologista tem adotado um protocolo de tratamento que tem tido bons resultados Segundo ele, em nenhuma das fases é utilizado o hidroxicloroquina, mas, sim, três medicamentos: nitazoxanida, azitromicina e prednisona. O cardiologista tem acompanhado 18 pacientes que testaram positivo para o novo coronavírus, sendo que seu primeiro paciente recebeu alta nesta segunda-feira (18).


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"Assim que surgiu a doença a gente vem se atualizando, vendo as revistas  e publicações e na Austrália já foi feito um estudo sobre a nitazoxanida. Eu comecei a usar este medicamento no meu primeiro paciente de Covid-19 e as três tomografias que ele fez mostra um resultado fantástico, muito bom. Está dando certo em todos os pacientes que estou tratando. Dos 18 pacientes, dois precisaram ser internados porque já estavam em um estágio avançado da doença, mas os outros pacientes estão usando a  nitazoxanida, associada com azitromicina e prednisona, e estão se dando muito bem”, comenta.

O médico explica que todos os seus pacientes que estão no início da doença estão fazendo o tratamento domiciliar. O acompanhamento é feito diariamente para saber a evolução da doença e a progressão nos resultados do tratamento. Jesus Fleitas destaca que fazer o tratamento em casa é muito benéfico, tanto para o paciente como para os profissionais de saúde que estão atuando na linha de frente no combate ao coronavírus.

“Fazendo a internação do paciente em casa, a carga viral vai ser menor, porque se você está com coronavírus hoje e está em uma fase um pouco mais avançada e é internado em um hospital, você será internado com outros pacientes que também estão com coronavírus. Você será atendido por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e, por mais cuidado que se tenha em hospitais e nos serviços de saúde, sempre estarão levando o vírus de um paciente para o outro e a carga viral vai ser alta, então a resposta inflamatória, a trombose e as complicações serão maiores”, destaca.


O médico diz que seus pacientes estão fazendo o tratamento domiciliar - Foto: Arquivo Pessoal

Jesus Fleitas enfatiza que essa exposição intensa ao vírus tem feito com que muitos profissionais da saúde testem positivo para o coronavírus. Ao fazer o tratamento domiciliar do paciente, além de diminuir a exposição da carga viral, também haverá mais vagas e leitos para atender pacientes que estão em situação mais grave. 

“A gravidade da doença em nós, profissionais da saúde, que estamos expostos a uma carga viral maior, a resposta imunológica do organismo é maior, assim como a resposta inflamatória e a trombogenicidade também, tendo assim mais complicações. Fazendo o tratamento em casa, os profissionais terão menos contato com esses pacientes com coronavírus e os pacientes que estão internados terão um melhor atendimento, porque quanto menos pacientes se tem em uma unidade de saúde, mais atenção os profissionais poderão dar", fala.

Paciente recebe alta

O caminhoneiro Adilson Santos Coutinho (55) é o primeiro paciente do médico Jesus Fleitas a ter alta. Ele é natural de Codó (MA), a 170 Km de Teresina, testou positivo para o novo coronavírus no dia 04 de maio, quando veio a Teresina realizar o teste. Adilson conta que estava sentindo o corpo bastante quente e não sentia mais o gosto dos alimentos. Para o caminhoneiro, quanto mais rápido as pessoas diagnosticadas buscarem ajuda, mais rápido será o tratamento e a cura. “Tenho dois colegas de trabalho que se sentiram mal e a doença evoluiu muito rápido e, em cinco dias, eles faleceram”, desabafa.

Programa Saúde da Família

O médico cubano Jesus Fleitas destaca que o Brasil tem uma importante arma no controle e identificação do Covid-19, que é o Programa Saúde da Família (PSF). Com a ajuda desses profissionais é possível percorrer os bairros e identificar quem são as pessoas que estão com algum sintoma da doença e tratá-las antes que seus quadros se agravem.

“Nos Estados Unidos não tem PSF. Eles estão tendo que investir em hospitais de campanha, em comprar ventiladores pulmonares, pois eles não têm médicos da família. Nós temos enfermeiros, agentes comunitários de Saúde, que podem ser usados para procurar os pacientes  que estão doentes e quem são os contatos desses pacientes que tem coronavírus, para diagnosticar e tratar cedo, permitindo que esses pacientes não avancem de uma fase para outra da doença. Nós sabemos que somente de 10% a 20% dos pacientes que entram na UTI saem com vida”, frisa o médico Jesus Fleitas.

Por: Isabela Lopes, do Jornal O Dia
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