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Literatura diversa em saraus revelam poetas de todas as idades

Saraus e clube dos livros são responsáveis por despertar o interesse do público pela leitura e, principalmente, podem ser iniciativas importantes na promoção e divulgação da literatura.

02/11/2018 08:47

As possibilidades que os livros e a literatura oferecem são infinitas. Quem lê e está inserido nesse universo não se restringe somente ao contato com as páginas. Fora delas o encanto das letras também se mostra atrativo, lúdico e dinâmico. Saraus e clube dos livros são responsáveis por despertar o interesse do público pela leitura e, principalmente, podem ser iniciativas importantes na promoção e divulgação da literatura. 

Eventos como esses também funcionam como vitrine para o trabalho de autores piauienses, que encontra espaço para apresentar suas produções. O escritor piauiense Demétrios Galvão conta que os saraus funcionam como um encontro em torno da palavra poética. Segundo ele, é um momento em que as pessoas se reúnem para falar e ouvir poesia. Adicionado a isso, geralmente existe algum recuso musical. “É no sarau onde as pessoas ficam conhecendo quem são os poetas e os escritores da cidade, bem como o que está sendo produzido e publicado”, destaca.

O público que frequenta, de modo geral, os saraus é bem heterogêneo. Demétrios explica que geralmente vão desde escritores, artistas locais até as pessoas que admiram e curtem poesia. Assim, os saraus reúnem pessoas que gostam de arte e literatura. A dinâmica desses eventos são integrativas. Geralmente existe alguém ou algumas pessoas que fazem a condução do sarau apresentando ao público os poetas e músicos envolvidos. Existe uma liberdade muito grande e as pessoas podem se inscrever para recitar ou simplesmente tomar o microfone e falar o seu texto.

 “O sarau é esse espaço onde a palavra se espalha e se propaga no ar. É um momento de conexões de sensibilidades. A poesia tem o poder de ir além do real e da materialidade das coisas, mexendo com que existe de imaterial e inominável na gente. Essa é a beleza de um encontro desses”, acrescenta o escritor piauiense. 

Demétrios ressalta três importantes motivos que tornam os saraus uma importante iniciativa cultural e formativa. “Primeiro, que o sarau é um momento de encontros em que as pessoas se reúnem com o propósito da poesia, uma ação de caráter qualitativo da existência. Segundo, o sarau é um ato de livre expressão das pessoas, instante em que poetas e não poetas vão ao microfone e se expõem, se colocam. Terceiro, é uma espécie de vitrine da produção local e tem o papel de dar visibilidade ao que está acontecendo na cidade, no que diz respeito à poesia”. 

"O sarau é um momento de encontros em que as pessoas se reúnem com o propósito da poesia"

Além do Sarau, em Teresina também existem outras iniciativas ligadas à literatura. Uma delas são os encontros para leitura e discussão realizados pelo grupo Leia Mulheres, com uma abordagem ligada às questões femininas e feministas. Outra é o Café com Versos que acontece no café Alquimia, com lançamento de livros e bate papo com os autores. Fora os saraus que acontecem no âmbito das universidades UESPI e UFPI promovidos pelos CAs e DCEs. Para Demétrios isso só reforça o quanto a produção literária está em uma boa fase na capital. “Fato é que Teresina está vivendo um período de intensa produção literária e tem coisas acontecendo em vários lugares e em diferentes formatos”, finaliza.

Delas para elas

O Projeto Leia Mulheres, que acontece mensalmente em Teresina, é mais um dos espaços onde a literatura tem vez. A inciativa surgiu de uma ideia divulgada pela escritora Joanna Walsh que propôs o projeto #readwomen2014 para ler mais escritoras. No ano de 2015, Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henriques, transformam esse projeto em algo presencial com encontros em livrarias, e espaços culturais, sendo expandido posteriormente para quase todas as capitais do Brasil. Lorena Nery Borges trouxe em 2017 para Teresina, e junto a ela o clube de leitura hoje conta com mais duas mediadoras: Bruna Dayane e Dani Marques. 

Projeto Leia Mulheres. (Foto: Reprodução)

“Nossa dinâmica funciona da seguinte maneira, em um mês lemos uma autora internacional, no outro uma nacional e no seguinte uma piauiense. O interessante é que muitas pessoas desconheciam essas autoras e o grupo ajudou a tirá-las dessa invisibilidade, com destaque maior para as autoras piauienses, já que nós mesmos, na maioria das vezes, viramos as costas para o que é produzido aqui. Além disso, o grupo é um lugar de acolhimento de fala. Muitas pessoas já participaram das reuniões sem terem lido a obra discutida. É aquele momento que a literatura se mescla à vida cotidiana”, conta Dani Marques uma das mediadoras. 

As reuniões do clube do livro Leia Mulheres acontecem uma vez ao mês, geralmente no último sábado. Outro fato sobre o clube, é que ele visa ocupar espaços públicos quase nunca frequentados, como é o caso das bibliotecas municipais, tendo encontros também em cafés e livrarias. “Queremos que o clube seja mais conhecido, então é necessário que os encontros se realizem por todas as zonas da cidade, não ficando restrito a um local apenas. Informamos sempre as datas e locais no nosso instagram @ leiamulheresteresina. Lá nossos participantes encontram todos os dados sobre nossos encontros”, acrescenta. 

 “Ler mulheres é expandir mais ainda os horizontes"

As reuniões contam com no mínimo dez pessoas. Para a mediadora, o clube é uma espécie de terapia para as participantes. “Ler mulheres é expandir mais ainda os horizontes. Não obstante nossos encontros sempre são permeados por assuntos que vão do racismo à violência doméstica. Nossa contribuição ta aí, nesses reconhecimentos das coisas que nos acometem e que muitas das vezes não sabemos os nomes. O clube funciona como um local de encontro, de potencializar os afetos. Depois do clube muitas iniciativas aconteceram, como realização de saraus onde se lia apenas autoras, publicações independentes e isso provocam muitas descobertas”, finaliza Dani.

Por: Yuri Ribeiro
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