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Lava-jatos chegam a desperdiçar até 300 litros de água em um só carro

Com o aumento da frota de veículos da Capital, setor de lavagem também cresce, ainda que com pouco uso racional dos recursos hídricos.

07/12/2015 07:12

Somente nos últimos 10 anos, a quantidade de carros em Teresina quase que triplicou, com 140% de aumento. Como consequência, o setor de lavagem de veículos também cresce na Capital, enquanto o meio ambiente sofre os impactos na disposição dos recursos hídricos, principalmente no Nordeste.

Com quase metade da frota de veículos de todo o Piauí (44%), segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/PI), Teresina possui, atualmente, mais de 360 mil veículos, somando os carros mais de 160 mil unidades. A lavagem desses veículos com o uso de água tratada pode levar a sérios impactos ambientais. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada ser humano consome, em média, 110 litros de água por dia para, além de beber, suprir necessidades básicas como higiene pessoal e limpeza de roupas. Já a lavagem de um carro gasta, em média, 300 litros.

José de Oliveira é gerente de um posto de lavagem na zona Sul de Teresina. Ele conta que faz uso da água distribuída pela Agespisa para dispor os serviços no seu recinto e que, mesmo com o crescimento da frota de carros, não é um ramo muito lucrativo. “Quem trabalha com isso precisa ficar atento ao desperdício, até porque as contas de água e luz estão caras. A partir do próximo ano, quero investir mais na parte de polimento e cristalização de veículos porque é mais lucrativa, demanda menos funcionários, máquinas e recursos hídricos”, afirma.

Já Francisco das Chagas Filho abriu recentemente um negócio de lavagem de carros. Ele conta que teve o cuidado de investir em equipamentos que fazem o uso responsável da água. “A máquina que usamos para a lavagem dos carros ejeta mais vapor que água no estado líquido, isso contribui para o não desperdício. Além disso, usamos um balde com água e sabão para limpar o veículo e não uma mangueira. Os clientes reparam nisso, a empresa que não cuida do meio ambiente não passa confiança”, argumenta. Ainda segundo Francisco, a lavagem ecológica reduz o gasto de água em até 60%.

Órgãos municipais e estaduais não fiscalizam atividade

A utilização sustentável da água depende unicamente da conscientização de cada empresário de lava-jato para o uso responsável da água, pois, no Piauí, não existem instrumentos que possam fiscalizar esse desperdício.

Na capital de São Paulo, por exemplo, uma lei municipal foi sancionada em abril desse ano, em meio à crise de abastecimento hídrico que os estados do Sul e Sudeste viveram. A legislação obriga que os lava-jatos tenham um sistema de reutilização da água usada na lavagem dos carros.

O órgão responsável pela distribuição da água tratada no Piauí é a Agespisa (Águas e Esgotos do Piauí S.A.); porém, segundo o órgão, não cabe a ele esse tipo de fiscalização. A Agespisa informa que não pode, por exemplo, cortar o fornecimento de água, nem interromper, apenas orientar os proprietários de postos e lava-jatos, bem como toda a população, na questão da economia e uso responsável da água.

Quanto à utilização da água por meio de poços tubulares, o fiscal da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar), Daniel Marçal, afirma que a captação de águas subterrâneas no Piauí depende da autorização da Semar e os interessados devem apresentar uma documentação para solicitá- la. “Muitos donos de lava-rápido usam poços tubulares nas suas empresas. O que existe na verdade é esse tipo de fiscalização. Quem pretende perfurar um poço, por exemplo, precisa dessa licença junto à Semar e uma outorga. O órgão estuda e analisa a região antes de perfurar”, explica.

Daniel ainda esclarece que, além da outorga concedida, a Semar fiscaliza a quantidade de água retirada do aquífero. “Só é permitida a utilização de até 50% da água que o aquífero pode oferecer, porque pode reduzir a recarga e esgotar a fonte futuramente. Já aplicamos multas de até R$ 30 mil em casos como esse. A rede de abastecimento da Agespisa já consegue alcançar quase todo o perímetro urbano da cidade, portanto não se indica a perfuração de poços, essa deve ser uma medida complementar”, reitera.

Foto: Elias Fontenele/ODIA
Por: Pedro Vítor Melo - Jornal O DIA
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