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Jovens exibem armas e dinheiro em seus perfis no Facebook

Sociólogo explica comportamento: "Eles precisam produzir existência".

13/05/2015 14:56

A exibição dos jovens nas redes sociais apresentam diferentes características. Alguns preferem ostentar baladas, carros e bebidas. Outros postam fotos com armas e dinheiro. Em ambos os casos, o objetivo é o mesmo: ser visto e valorizado dentro do grupo em que está inserido.

Em Teresina, muitos perfis no Facebook, principalmente de jovens da periferia, contêm fotos exibindo revólveres e quantias consideráveis em dinheiro. Legendas ou comentários de amigos insinuam que as notas são frutos de assaltos ou que a arma é uma conquista a ser comemorada.

De acordo com o sociólogo Marcondes Brito, esse tipo de exibição nas redes sociais atende a uma condição natural do ser humano. “Os jovens reproduzem os valores dos grupos que estão mais próximos. Se as instituições sociais como família, religião ou escola falham, eles podem se aproximar de grupos que elegem a violência como forma de produzir existência”, explica o pesquisador da área de juventude, violência, tráfico de drogas e homicídios.

Para serem notados, os riscos a que os jovens estão expostos ficam em segundo plano. Para o sociólogo, todos os seres humanos seguem a mesma lógica. “O político, por exemplo, sabe que pode ser punido se for corrupto. Mas ele prefere seguir a ética do seu grupo restrito, que funciona através da corrupção. Assim, também, o jovem que exibe uma arma, sabe que pode ser preso. Mas entre viver sendo ninguém, ele prefere ser punido sendo alguém. Essa é uma decisão inconsciente”, destaca Marcondes.

O sociólogo lembra que o crime é uma forma de ascensão meteórica para alguns os jovens que não têm acesso a políticas públicas essenciais, como educação, lazer e saúde. “A sociedade não permite que eles sejam alguém de outra forma. Não existem escolas de qualidade nas favelas, as famílias são desestruturadas e os jovens não possuem quase nenhuma formação”, analisa o pesquisador.




A apologia a crimes como assaltos e homicídios é algo frequente em quase todas as manifestações dos jovens identificados através dos perfis no Facebook. Os comentários nas fotos reforçam esse comportamento de risco. Frases como “botei fé”, “esse aí é patrão” ou “moleque doido” funcionam como elogios para quem exibe as notas conseguidas em um assalto ou que apontam um revólver para a câmera do celular.

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