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Greve dos professores completa um mês, e não há previsão de consenso

Categoria já havia paralisado por cerca de 30 dias entre fevereiro e março, e estudantes já perderam, portanto, dois meses de aula.

08/07/2018 19:58

A greve dos professores da rede estadual completou um mês neste final de semana e, por enquanto, ainda não há previsão de quando o impasse envolvendo a categoria e o Governo do Estado chegará ao fim.

Em junho, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado do Piauí (Sinte-PI) ajuizou uma ação pedindo que a Justiça determine que o Governo cumpra o acordo salarial feito em março com a entidade, que previa reajuste de 6,81% para professores e de 3,15% para os demais servidores da educação a partir de maio, passando a 3,95% em setembro.

Kassyus Lages, vice-presidente do Sinte-PI, lembra que o acordo entre o governo e a categoria foi intermediado pela Justiça, por meio do desembargador Joaquim Dias de Santana Filho.

A ação ajuizada pelo Sinte-PI seria apreciada pelo próprio desembargador Joaquim Santana. Porém, como o magistrado está de férias e só deve retornar ao trabalho no início de agosto, o Governo pediu que a matéria seja apreciada com urgência, o que fará com que o processo seja distribuído para outro desembargador.

Kassyus Lages diz que a categoria acredita num resultado positivo no julgamento da ação, e argumenta que o governador Wellington Dias não pode alegar que estará desrespeitando a legislação eleitoral caso conceda aos professores um reajuste acima da inflação, pois, segundo o sindicalista, o acordo foi formalizado ainda em março, ou seja, antes do dia 10 de abril, data a partir da qual passou a ser proibida a concessão de aumentos superiores à inflação, conforme estabelece a Resolução nº 22.252/2006, do Tribunal Superior Eleitoral.

Além desta greve, deflagrada no começo de junho, a categoria já havia parado por cerca de 30 dias entre fevereiro e março deste ano. Contabilizados os dois períodos, portanto, os estudantes já perderam dois meses de aula.

O ex-deputado federal Elizeu Aguiar (PSL), pré-candidato ao Senado, fez duras críticas à forma como o governador Wellington Dias (PT) está tratando os professores e demais trabalhadores da rede estadual de educação.

Elizeu considera que o governo agiu de forma premeditada ao enviar a proposta de reajuste à Assembleia próximo do prazo proibido pela Justiça Eleitoral para a concessão de reajustes acima da inflação.

A votação que determinou o reajuste de 2,95% aos professores ocorreu em sessão realizada no dia 21 de junho, sob um acalorado protesto da categoria, que exige os percentuais acertados em março.


Elizeu Aguiar considera que governo agiu com má-fé ao enviar proposta de reajuste próximo do período vetado pela Justiça Eleitoral para concessão de aumentos superiores ao índice da inflação (Foto: Moura Alves / O DIA)


"É um absurdo o que aconteceu na Assembleia Legislativa. Os deputados haviam aprovado reajustes com percentuais bem superiores, tanto para os professores quanto para outras categorias. O governador vetou esses aumentos, mas os parlamentares derrubaram esse veto, inclusive com a votação em massa de parlamentares da base governista. Mas semanas depois o Palácio de Karnak fez uma manobra e conseguiu convencer os deputados da base a mudarem de ideia, reduzindo consideravelmente os percentuais concedidos", observa Elizeu.

O ex-deputado diz apoiar os professores e defende que a Justiça apresente uma decisão favorável à categoria, para que a greve chegue ao fim.

"Temos dezenas de milhares de estudantes da rede pública estadual de ensino sendo prejudicados por conta do descaso do governador com os profissionais da educação. O governo alega que não pode dar reajustes maiores para não desrespeitar a legislação eleitoral, que veda aumentos acima da inflação nos seis meses que antecedem o pleito. Mas por que o governador não cumpriu os prazos e enviou a proposta de reajuste para ser votada a tempo na Assembleia Legislativa? A impressão que fica é que, desde o início, a intenção do governo era repassar apenas o índice da inflação aos professores", questiona Aguiar.

O Sinte-PI afirma que, independente da decisão judicial ser favorável ou não, a greve dos professores continuará até que o Governo pague o reajuste acertado na negociação feita em março.

"O governador teve 25 dias para cumprir o acordo judicial, e, no entanto, não cumpriu. O que ele fez foi vetar a lei que concedeu o reajuste inicial, acertado com as categorias. Por isso, a nossa luta continua e a greve segue forte", pondera a presidente Sinte-PI, Paulina Almeida.

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