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Governo faz gestão 'muito amadora' da saúde pública, diz Simepi

Médicos servidores públicos do estado farão paralisação por 72 horas para pressionar o governo a atender reivindicações.

24/05/2019 13:10

O presidente do Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi), Samuel Rêgo, afirmou nesta sexta-feira, em entrevista ao Sistema O DIA, que o Governo do Estado tem feito uma gestão "muito amadora" da saúde pública.

Em assembleia realizada na última terça, os médicos servidores públicos do estado aprovaram uma paralisação de 72 horas - nos dias 27, 28 e 29 -, para pressionar o governo a atender as demandas apresentadas pela categoria.

Durante o movimento paredista, todos os atendimentos eletivos (consultas, exames e cirurgias) serão suspensos, sendo mantidos apenas os atendimentos de urgência e emergência.

Os médicos denunciam que as condições de trabalho são inóspitas em praticamente todas as unidades de saúde da rede estadual, e é comum faltar insumos básicos para os procedimentos.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi), Samuel Rêgo (Foto: Assis Fernandes / O DIA)

"Essa paralisação é resultado do descaso e da omissão do Governo do Estado do Piauí com a saúde pública. O sindicato já vem fazendo há muito tempo várias denúncias, relatando as péssimas condições de trabalho em que se encontram hoje os médicos, atuando nos hospitais tanto aqui na capital como no interior do estado. Só para se ter uma ideia, no ambulatório azul do HGV, os oftalmologistas passaram quase 30 dias sem poder prescrever óculos, por conta de aparelhos quebrados. No Hospital Getúlio Vargas faltam roupas pra entrar no centro cirúrgico. Nos hospitais de Picos, de Floriano, de São Raimundo Nonato e de Bom Jesus vários médicos estão trabalhando sem contrato, em condições extremamente precárias. Faltam insumos básicos, como medicamentos, equipos e luvas. Enfim, são muitas as pautas que o sindicato vem cobrando do Governo do Estado, mas, infelizmente, a gente não vem tendo êxito até o momento. Daí, foi determinada essa paralisação", afirma Samuel Rêgo.

O presidente do Simepi afirma que as negociações com o governo vêm ocorrendo há mais de um ano, e em todas as reuniões os representantes do Executivo afirmam que as reivindicações serão atendidas, mas as promessas nunca são cumpridas.

"O que gente observa é o governo querendo empurrar com a barriga. Faz várias promessas vazias, que vão se alongando e nunca são concretizadas. Não há o cumprimento. Aí chega um momento em que começa a existir um descrédito nessa relação com o Governo do Estado", acrescenta Samuel.

Médicos vão paralisar por 72 horas na próxima semana (Foto: Assis Fernandes / O DIA)

O médico relata que o equipamento de ressonância magnética do HGV, o único da rede pública do Piauí, está há vários meses sem funcionar. 

Além da melhoria da gestão da saúde de um modo geral, os profissionais da medicina exigem que o governo regularize a progressão da carreira, pague os salários em dia e tome medidas para garantir a segurança dos médicos nos hospitais. 

Médicos atuam sem contrato e ficam expostos a violência

O Simepi também afirma que é comum médicos que atuam no interior trabalharem sem contrato, e muitos já chegaram a acumular cinco meses de atrasos salariais. 

"Os médicos acabam ficando expostos, porque a população se revolta quando necessita do serviço e não é atendida. Muitas pessoas reagem com agressividade. O número de agressões contra médicos mais do que triplicou aqui no Piauí nos últimos dez anos", alerta Samuel Rêgo.

O Simepi ainda criticou o excesso de "ingerência política" na saúde e disse que a Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares (Fepiserh) foi criada apenas para criar cargos para os aliados do governador Wellington Dias (PT).

"É uma coisa sem sentido. É enxugar gelo. Se já tinha a Secretaria Estadual de Saúde, pra que criar mais uma fundação? Isso é uma coisa realmente absurda, que não faz o menor sentido, a não ser criar cargos para acomodar os seus aliados políticos", afirma.

Outro lado

O Governo do Estado informou, por meio da Coordenadora de Comunicação (CCom), que ainda não foi notificado oficialmente sobre a paralisação, e que precisa, primeiro, tomar conhecimento sobre as reivindicações.

Segundo a CCom, o que o governo está fazendo, no momento, é informar a população sobre a paralisação, para que os pacientes fiquem sabendo o que vai funcionar. 

Por: Cícero Portela
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