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Com mais de 10 milhões de casos confirmados e mais de 260 mil mortes por covid-19, o Brasil ainda caminha a passos lentos para vacinar sua população e atingir a chamada imunização de rebanho, que é quando pelo menos mais da metade das pessoas estão vacinadas e a doença pode finalmente ter seu ritmo de disseminação comunitária reduzido.
A nível de Brasil, já são 5,8 milhões de pessoas vacinadas contra a covid-19. O percentual de cobertura não passa dos 2,79%. Os dados são do Painel Monitora Covid-19, criado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para acompanhar o avanço da pandemia no país e as medidas que têm sido tomadas para conter a disseminação do vírus e os impactos da doença.
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Aqui no Piauí a situação não é tão diferente. A exemplo de outros estados brasileiros, a vacinação piauiense também segue a passos lentos. De acordo com os dados da Fiocruz, o Piauí deve levar 1.569 dias para imunizar por completo toda a sua população se seguir na mesma velocidade de vacinação que segue atualmente. Pela estimativa, serão pelo menos 4 anos e 2 meses de espera até que todos os piauienses sejam devidamente imunizados contra a covid-19.
A taxa de cobertura da campanha estadual de vacinação, que segue os cronogramas das doses de vacina liberadas pelo Ministério da Saúde, é de apenas 1,97% conforme aponta a Fiocruz. Significa dizer que pouco mais de 64 mil piauienses já foram imunizados com pelo menos a primeira dose. A média é de 4,07 doses de vacina disponível para cada grupo de 100 mil habitantes e o Estado aplicou até o momento somente 48,58% das doses que a ele cabem na campanha nacional de imunização.
Foto: Jailson Soares/O Dia
De acordo com o levantamento, o Piauí tem vacinado em média até 6 mil pessoas em um dia. A maior taxa de vacinação se deu no dia 28 de janeiro, quando 6.145 piauienses receberam a vacina. A menor taxa ficou com o último dia 21 de fevereiro, quando somente 74 pessoas foram imunizadas.
Essa queda, segundo a Fiocruz, está associada à redução do estoque de imunizantes e ao aguardo da chegada de mais doses enviadas pelo Ministério da Saúde. A expectativa é de que na quinta-feira (23) mais 4,7 milhões de doses sejam repassadas aos estados e o Piauí irá receber sua cota para dar prosseguimento à sua campanha de vacinação.
Conforme já havia afirmado o governador Wellington Dias, essas novas doses serão suficientes para prosseguir com o que falta vacinar no público-alvo com mais de 90 anos e iniciar, quem sabe, a vacinação dos idosos entre 85 e 89 anos.
De acordo com Vacinômetro da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí (Sesapi), 65.319 pessoas contra a covid-19, sendo que destas, 6.441 já receberam a segunda dose. No total, já são 71.760 doses da vacina contra o coronavírus aplicadas do início da campanha estadual de vacinação até hoje (23).
Foto: Jailson Soares/O Dia
Piauí é o estado do Nordeste que mais deve demorar para vacinar toda sua população
A nível regional, o Piauí é o estado do Nordeste que mais deve demorar para imunizar toda a sua população contra a covid-19. Segundo os dados da Fiocruz, os demais estados seguem em uma velocidade de vacinação maior com mais doses disponíveis para cada grupo de 100 mil habitantes. Isso, aliado ao contingente populacional de algumas unidades federativas, colabora para que o tempo de imunização total não demore tanto.
O Estado de Alagoas, por exemplo, demoraria somente 826 dias ou 2 anos e 2 meses para vacinar a totalidade de sua população. Com uma taxa de cobertura vacinal de 2,66% e uma população estimada de 3,32 milhões de habitantes, o estado tem uma das maiores médias de doses disponíveis para cada grupo de 100 mil habitantes da região: 4,85.
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Para efeito de comparação, o Piauí, com uma população estimada de 3,28 milhões de habitantes tem a menor média de doses disponíveis para cada parcela de 100 mil pessoas do Nordeste, o que o coloca com um tempo de vacinação total duas vezes maior que o de Alagoas.
Quanto aos demais estados nordestinos, a Fiocruz estima que o tempo para vacinação total da população deve demorar três anos e três meses na Paraíba; três anos em Pernambuco; três anos e nove meses no Rio Grande do Norte; dois anos e nove meses em Sergipe; três anos e três meses na Bahia; dois anos e quatro meses no Ceará e três anos e quatro meses no Maranhão.
Foto: Jailson Soares/O Dia
Piauí articula compra de vacinas direto com os fabricantes
No último final de semana, o governador Wellington Dias, que preside o Fórum Nacional de Governadores, anunciou que os gestores estaduais estão articulando a negociação e compra de vacinas contra o coronavírus diretamente com os respectivos fabricantes. Hoje, quem chefia essa negociação é o Governo Federal por meio do Ministério da Saúde e uma das principais queixas dos governadores é justamente sobre a demora no repasse das doses.
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Foto: Jailson Soares/O Dia
Vale lembrar que o Brasil não produz em seus laboratórios o Ingrediente Farmacológica Ativo (IFA), que é o vírus inativado usado como princípio fundamental para a fabricação das vacinas. Este insumo precisa ser exportado de países como China e Índia e o Brasil está em uma fila de negociações que abarca países do mundo inteiro.
No início de fevereiro, Wellington Dias se reuniu com o embaixador da China para solicitar um cronograma de entrega do IFA aos laboratórios brasileiros nos próximos meses e tratou dessa compra direta de vacinas por parte dos estados. A expectativa é de que até o final de fevereiro, pelo menos três lotes de insumos ao Brasil para distribuição entre o Instituto Butantã, que produz a Coronavac, ea Fiocruz, que produz a vacina Oxford/AstraZeneca.