Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Piauiense é confirmado como o primeiro caso de Febre do Nilo no Brasil

Vaqueiro do Sul do Estado passou 10 dias internado com dores e febre intensa.

09/12/2014 11:23

O Piauí acaba de confirmar o primeiro caso de Febre do Nilo Ocidental em seres humanos no Brasil. O infectado pelo vírus causador da doença é um vaqueiro de 52 anos de idade, natural do município de Aroeira do Itaim, localizado no Sul do Estado. A informação foi confirmada pelo Ministério da Saúde após os resultados dos exames feitos no paciente. 

No mês de setembro, o vaqueiro passou dez dias internado no Hospital de Doenças Tropicais Natan Portela, em Teresina. Os sintomas apresentados por ele eram náusea, dor no corpo, febre intensa, paralisia facial e nos membros inferiores e superiores. F.R.L, como foi identificado, teve alta hospitalar e passa por reabilitação e fisioterapia para recuperar os movimentos. 

Infográfico: Arte/ODIA

As equipes de saúde agora trabalham para fazer barreiras sanitárias, de forma a evitar que o vírus se espalhe, provocando um surto da doença, possibilidade considerada remota até então.

Conforme informações do Ministério da Saúde, outras quatro pessoas de Aroeira do Itaim apresentaram sintomas neurológicos considerados suspeitos, no entanto, os exames laboratoriais descartaram a possibilidade de Febre do Nilo. Além dos casos que apresentaram sintomas, foram realizados testes em mais 18 pessoas da região e todos os resultados deram negativo.


Leia mais:

Suspeita de 1º caso de Febre do Nilo Ocidental é investigada pela Sesapi 

Exames confirmam primeiro caso provável de Febre do Nilo Ocidental no Brasil 

Exames em 18 pessoas no Piauí deram negativo para Febre do Nilo 


Em novembro, exames realizados em pássaros da região deram positivos para o vírus da Febre do Nilo Ocidental. Segundo o epidemiologista da Fundação Municipal de Saúde, Marcelo Adriano Vieira, a doença pode ter chegado até as aves de Aroeira do Itaim através da picada de mosquitos que, antes, picaram aves migratórias. 

Ele explica que existem rotas conhecidas de aves da América do Norte que passam pelos vizinhos Estados do Maranhão e Rio Grande do Norte. �€œ�‰ possível que tenha havido algum desvio de algumas aves ou transmissão por mosquitos em sucessão: ave-mosquito-ave-mosquito-ave... até chegar ao Piauí�€, disse o especialista. Na época, o resultado fez com que o paciente da localidade, diagnosticado como caso suspeito, subisse para a categoria de caso provável. 

Piauí não tem evidência de surto de Febre do Nilo

A Drª Amélia Costa, coordenadora de Divisão Epidemiológica da Secretária de Saúde do Piauí, afirmou em coletiva de imprensa realizada hoje (9), que não existem evidências de surto da doença no Estado. "Há 15 dias estamos realizando barreira sanitária na região. A intenção é impedir que qualquer animal ou ser humano que apresente sintomas da doença saia de Aroeira do Itaim", explica. O trabalho consiste em visitas às propriedades rurais, com o objetivo de investigar a possível ocorrência de novos casos, além de orientar a rede do SUS e avaliar a transmissão por meio da população animal de equídeos e aves. 

Fotos: Jailson Soares/ODIA

O secretário de estadual de Saúde, José Fortes, acredita que o período crítico de infecções da doença acabou. Segundo ele, as aves migratórias que passaram pelo Piauí, já retornaram ao seus locais de origem. Fortes informa, ainda, que existe a possibilidade de outros brasileiros terem sido infectados pelo vírus da FNO, mas somente no Piauí a enfermidade foi registrada oficialmente. "Agora, é preciso que as autoridades de saúde tenham mais atenção e um cuidado especial para qualquer pessoa que apresente os sintomas da Febre do Nilo Ocidental", disse.

�‰ considerado caso suspeito,  paciente com quadro de doença febril inespecífica, acompanhada de manifestações neurológicas de causa desconhecida (compatíveis com meningite, encefalite ou meningoencefalite). A Sesapi e o Ministério da Saúde consideram que o primeiro registro da FNO no Piauí é um caso isolado e não representa significado epidemiológico relevante para o Brasil e nem risco para saúde pública. 

Menos de 1% dos humanos infectados ficam gravemente doente

A Febre do Nilo Ocidental é uma infecção viral causada por um vírus e transmitida por meio da picada de mosquitos comuns, principalmente do gênero Culex. A doença é originária do Egito, norte da �frica, e cerca de 80% dos casos em humanos não apresentam sintomas. Apenas 20% dos casos apresentam sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, fadiga, dores de cabeça e dores musculares ou articulares, e menos de 1% dos humanos infectados ficam gravemente doentes, sendo que a maioria dos casos graves acomete idosos.

Segundo a epidemiologista Amélia Costa, o grau de letalidade em humanos é muito baixo. "A probabilidade de infecção é maior entre aves. Nos humanos é baixo o índice de infecção", explica. A especialista acredita que o vírus chegou apenas a Aroeira do Itaim e que não iminência de novos casos.

Os sintomas graves incluem febre alta, rigidez na nuca, desorientação, tremores, fraqueza muscular e paralisia. As pessoas gravemente afetadas podem desenvolver encefalite (inflamação do cérebro) ou meningite (inflamação das membranas do cérebro ou da espinal medula). Não existe tratamento específico para a Febre do Nilo. O tratamento do paciente infectado é de suporte e envolve hospitalização, reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção de infecções secundárias.



Por: Izabella Pimentel (estagiária), com informações de Nayara Felizardo
Mais sobre: