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Equatorial Energia compra a Eletrobras Distribuição Piauí em leilão

Evento aconteceu na Bolsa de Valores B3, em SP. A empresa já administra a Companhia Elétrica do Maranhão e do Pará e vai controlar as operações de energia do Estado.

26/07/2018 11:24

A vencedora do leilão de privatização da Eletrobras Piauí foi a empresa Equatorial Energia, que já controla as operações de distribuição de energia dos Estados do Maranhão (CEMAR) e do Pará (CELPA). O evento aconteceu na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) na manhã de hoje (26) e a Equatorial foi a única empresa a fazer o lance.

O lance oferecido pela empresa teve um índice de deságio de 119 pontos. A Eletrobras Piauí foi vendida por R$ 50 mil, com a capitalização de partida de R$ 720 milhões, valor este que deve ser investido na distribuidora de energia do Estado. A venda garante também a redução de 8,52% na tarifa mais o pagamento de R$ 95 milhões para a União. A redução tarifária era o principal critério estabelecido no edital da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Seria considerada vencedora a empresa que ofertasse o maior desconto na conta repassada do consumidor.


Foto: O Dia

Essa era uma das principais preocupações dos trabalhadores da Eletrobras Piauí, que estão com as atividades paralisadas desde ontem (25). Para a entidade representante da classe, a privatização da empresa resultaria no aumento dos custos do serviço e no aumento dos valores repassados aos consumidores. A Aneel, no entanto, alega que os consumidores do estado deverão ter redução de, pelo menos, 5,22% na tarifa de energia.

Atualmente, a Eletrobras Piauí (Cepisa) atua nos 224 municípios piauienses, atendendo a 1,2 milhão de consumidores diariamente. São mais de 3 mil funcionários e a empresa amarga um prejuízo de R$ 496 milhões só em 2017. A dívida total da Eletrobras no Estado chega a R$ 2,4 bilhões.

Foi por conta dos déficits nas contas da empresa, que o BNDES fixou R$ 50 mil como valor simbólico para a privatização da companhia. Este montante foi duramente criticado pelo governador Wellington Dias, que disse que a Eletrobras Piauí possui um valor de mercado de R$ 490 milhões. “É querer vender o que não é deles”, disse o chefe do Executivo estadual, referindo à iniciativa do Governo Federal de privatizar uma empresa que pertence ao Piauí.

Para o ministro das Minas e Energia, Moreira Franco, o leilão da Eletrobras Piauí coloca fim em um "apartheid energético" no Brasil. "Vai permitir igualdade energética. Não tem nada a ver com a capitalização da Eletrobras, estamos melhorando a qualidade do fornecimento de energia no país", destacou o ministro durante o leilão.

Sindicato ameaça entrar na justiça

Procurado pelo Portal O Dia, o presidente do Sindicato dos Urbanitários do Piauí, Paulo Sampaio, comentou que o Sindicato continuará tentando cancelar o leilão. “Nós temos alguns meses até a empresa assumir a Eletrobras. Até lá, a nossa equipe de advogados continuará trabalhando para que essa compra seja desfeita. Nós temos esperanças”, afirma.

Ele relatou ainda que o maior medo da categoria é que ocorram demissões e que aumente o valor das faturas de energia. “Essa empresa que comprou a Eletrobras com certeza visa o lucro. Eles vão querer fazer corte de gastos e isso deve ocorrer com demissões de profissionais qualificados para a contratação de uma mão de obra mais barata. Além de que eles devem querer aumentar da alguma forma a fatura de energia para o consumidor”, conta.

Sob nova direção

Em coletiva de imprensa realizada logo após o leilão, Augusto Miranda, presidente da Equatorial Energia, respondeu que a reação do Sindicato já era esperada. Ele relatou que a privatização pretende trazer benefícios para a sociedade e não o contrário. “Com o processo de privatização, toda a sociedade ganha. Primeiramente, vai ocorrer uma redução na tarifa de energia, além de que vamos fazer mais investimentos, vamos fazer obras e vamos gerar mais capital”, explica o presidente.

Questionado se a empresa pretende fazer demissões, Augusto declara que não é uma intenção da Equatorial. Ele conta que a empresa, ao invés de demitir os funcionários, pretende capacitar os profissionais que já trabalham na Cepisa. “Não é a nossa intenção chegar na empresa e realizar desligamentos. Primeiro nós vamos analisar o quadro de funcionários e, assim como fizemos no Maranhão e no Pará, pretendemos capacitar esses profissionais para que eles possam prestar um bom serviço”, conta.

A Equatorial Energia é uma holding de atua no setor elétrico brasileiro nos segmentos de distribuição, transmissão, geração de energia através de termoelétrica, e comercialização. A empresa possui a Companha Elétrica do Maranhão (CEMAR) e a Companhia Elétrica do Pará (CELPA). A empresa começará sua atuação no Estado do Piauí entre o final do mês de setembro e o início do mês de outubro. Segundo o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, a população deve sentir uma diminuição no valor da fatura apenas 45 dias após o início dos trabalhos.


Por: Maria Clara Estrêla, Lucas Albano e Ithyara Borges
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