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Em 15 dias, sindicato recebeu 30 relatos de casos de covid-19 em escolas

Professores pediram a suspensão por 15 dias das aulas presenciais no Piauí. Escolas negaram solicitação e vão manter ensino híbrido

11/03/2021 10:39

O Piauí, assim como todo o Brasil, se encontra com seu sistema de saúde em colapso e em meio ao caos da pandemia, um dos vários segmentos que se veem em um impasse é o da Educação. As escolas particulares piauienses estão funcionando de modo híbrido (aulas remotas alternadas com aulas presenciais), seguindo as normas do protocolo SESAPI COE nº 001/2021, do dia 08 de janeiro deste ano, mas diante da alta vertiginosa nos casos de covid-19 e de mortes, os docentes destas instituições estão pedindo a suspensão das aulas presenciais por duas semanas.

O Sindicato dos Professores das Escolas Particulares do Piauí (Sinpro-PI) alega que os professores transitam entre várias instituições e acabam se tornando mais vulneráveis de contaminação e possíveis agentes transmissores do vírus a alunos, funcionários e a outros professores. Somente nas duas últimas semanas, o Sinpro-PI já recebeu 30 relatos de docentes informando casos de covid-19 nas instituições de ensino onde trabalham.


Foto: Jailson Soares/O Dia

A informação é do secretário geral do sindicato, professor Marcelo Amorim. “São situações em que não se pode afirmar onde esse professor se contaminou, porque não há um rastreamento do vírus nesse sentido. Fica difícil controlar a situação nesse caso e a melhor indicação no momento é cautela. Bom senso sempre é o melhor procedimento. Temos professores com comorbidades, professoras que estão gestantes, todos eles se colocando ao risco em um momento no qual o estado já tem fila de espera por vaga em hospital. Por isso solicitamos a suspensão das aulas presenciais, mas mantendo as aulas remotas, por 15 dias”, diz.

O Sinpro-PI encaminhou ofício ao Sinepe (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado do Piauí) nesta terça-feira (10), após assembleia geral da categoria, solicitando que as aulas presenciais nas escolas sejam suspensas a partir de hoje (11) até o próximo dia 31. Um dos fatores que levaram a entidade a pedir essa suspensão é a quantidade de instituições de ensino no Piauí que interromperam suas atividades presenciais por terem registrado casos de covid-19 em suas dependências.


Foto: Reproduçao/Whatsapp

As escolas particulares, no entanto, decidiram manter seu funcionamento presencial. Em nota encaminhada ainda ontem, o Sinepe afirmou que as escolas estão agindo dentro das determinações legais e que as ações preventivas e cuidados especiais foram fortalecidos no ambiente educacional, especialmente as que tratam do distanciamento social e higienização

De acordo com a entidade, o índice de transmissão de covid-19 foi quase zero nos dois primeiros meses do início das aulas presenciais e a contaminação registrada ocorre menos em ambiente escolar do que fora da escola. Uma pesquisa feita pelo Sinepe aponta que do total de escolas, 63,6% chegaram a registrar pelo menos um caso da doença e 36,4% não tiveram nenhum registro de casos de contaminação.

“Conforme podemos constatar, nossas atitudes têm provocado uma interdição de contaminação dentro das escolas. Os casos detectados são provocados por comportamentos pontuais fora escola, em finais de semana, quando acontecem encontros diversos entre as pessoas. Dessas medidas e dos resultados internos obtidos, as instituições de ensino intensificarão o trabalho pedagógico e educativo. É indispensável que sejam mantidas obediência e calma, compreensão e boa vontade, sem necessidade de fecharmos as instituições escolares”, diz o Sinepe.

O Sindicato dos Professores afirmou que vai levar a discussão para o Ministério Público do Trabalho (MPT) no sentido de chegarem a um consenso, caso não haja um comprometimento por parte das escolas em garantir que a situação esteja sob controle.

Sindicato diz que SESAPI não encaminhou lista de escolas autorizadas a funcionar

Pelo protocolo estadual de reabertura das escolas, as instituições de ensino são obrigadas a informar aos órgãos competentes as adequações feitas para receber novamente seus alunos e funcionários e a mostrar que estão aptas a voltarem a funcionar presencialmente dentro das normas estabelecidas no regimento higienicossanitário. 

No entanto, a lista com os nomes nas escolas autorizadas a reabrir durante a pandemia ainda não foi oficialmente informada pela Divisão de Vigilância Sanitária (DIVISA) da Secretaria Estadual de Educação (Sesapi). É isso o que diz o Sinpro-PI. A entidade encaminhou ofício à DIVISA no dia 03 de fevereiro, solicitando a relação das escolas particulares que apresentaram o Plano de Segurança Sanitária e receberam o aceite para reabrirem. O objetivo é que o sindicato pudesse ajudar na fiscalização destas instituições e denunciar os estabelecimentos que descumprissem as normas.


Foto: Reprodução/Whatsapp

De acordo com o professor Marcelo Amorim, Teresina tem quase 400 escolas particulares funcionando atualmente e sem essa lista da DIVISA, não há como saber qual delas está autorizada a funcionar devidamente. “A gente sabe que garantir os protocolos sanitários é caro e que nem toda instituição tem condições de comprar equipamentos para garantir a segurança dos alunos e funcionários. Essa lista nos daria um norte na hora de saber para onde olhar e que providências tomar, mas infelizmente, ainda estamos atuando no escuro nesse sentido”, disse o professor.

A reportagem do Portalodia.com está tentando contato com a diretora da DIVISA, Tatiana Chaves, e aguarda retorno. O espaço fica aberto para futuros esclarecimentos.

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