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Durante o período do B-R-O-Bró, Rio Parnaíba é opção de lazer

Apesar da alternativa, instrutor de jet ski reclama da falta de atenção para com o local que sofre com a poluição e o assoreamento.

26/10/2018 09:16

O Rio Parnaíba é a principal fonte de abastecimento de Teresina e, no B-R-O-Bró, também se revela como uma opção de lazer bastante convidativa aos teresinenses que buscam fugir do calor. No entanto, a poluição das águas e o assoreamento em alguns pontos do rio comprometem atividades recreativas. É o que afirma Genuíno Cavalcante, instrutor credenciado da Marinha do Brasil. Segundo ele, “o rio está entupido de tanta areia”.

“O lazer para quem usa a embarcação [jet ski], o ideal é com muita água. O fato de o sol existir apenas estabelece uma temporada chamada verão. Na realidade, pra nós que navegamos, pretendemos e queremos mais água pra que se navegue com segurança. No verão, se nós tivéssemos uma lâmina d’água pelo menos um metro maior do que temos hoje, teríamos uma procura muito maior”, avalia.

Genuíno conta que já realizou estudos nos rios Parnaíba e Poti, em conjunto com pesquisadores da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), e o índice de coliformes fecais, por exemplo, ficou constatado que é maior do que o nível permitido em várias áreas.

“No setor urbano, o índice é violentíssimo. A sujeira da água é horrível. É uma tristeza, já que nós, quando vamos para as águas, gostaríamos muito de tomar banho. No Poti, ninguém toma banho. No Parnaíba, nós ainda procuramos uma área onde tem menor concentração de sujeira, distante dos bueiros”, lamenta.

Segundo Genuíno, a procura por esse lazer sempre existiu e a preferência é pra quando chove, quando tem grande quantidade de água no Rio Parnaíba. E ele lamenta as condições atuais do rio. “O rio está aí para utilizarmos como lazer. Apenas está esquecido pelas autoridades competentes que não ligam a mínima para ele, mesmo sendo um gerador de riquezas. Uma fonte inesgotável de riquezas”, completa.


Foto: Elias Fontinele/O Dia

Habilitação para jet ski é obrigatória desde 2012

Genuíno Cavalcante é instrutor credenciado da Marinha e recebe uma média de 15 alunos por mês. Para pilotar um jet ski, é preciso ter a habilitação e o processo funciona de forma semelhante à habilitação para veículos terrestres.

Ele foi credenciado em 2012, quando a Marinha tornou a habilitação uma obrigação para aqueles que desejam pilotar a moto aquática ou jet ski, com atestado de provas práticas. A exigência foi uma consequência do grande número de acidentes e mortes registrados no país. No Piauí, há quatro instrutores credenciados, dois em Teresina e dois em Parnaíba.

O agricultor Leônidas de Souza, com um grupo de amigos, costuma utilizar o jet ski para o lazer. Ele adquiriu o veículo e precisou da certificação. Por isso, Leônidas veio da cidade de Anapurus, no Maranhão, buscando as aulas para a realização da prova prática. Ele buscou as aulas em Teresina pela proximidade maior em relação a sua cidade.

“Nós fomos para Barreirinhas e lá não tem como andar sem ter a carteira de habilitação. O problema foi esse. Os amigos tinham a carteira e eu não. Comprei o jet e preciso da carteira, né? Pra ir até Barreirinhas tem que ter”, conta.


Navegadores estimam que se a lâmina d'água fosse pelo menos um metro maior, atrairia mais pessoas (Foto: Elias Fontinele/O Dia)

Coroas também reúnem teresinenses

O mesmo assoreamento que prejudica a navegação é responsável pela formação das “coroas” no Rio Parnaíba (como são conhecidos os bancos de areia), um lazer muito tradicional na capital piauiense. Entre os meses de agosto e dezembro, o nível do rio desce e as coroas aparecem, transformando-se em fonte de renda para comerciantes e escape nos finais de semana tão quentes desse período.

Sheila Morais conta que o bar que ela mantém em uma coroa próxima ao Troca Troca, na área central de Teresina, é uma herança dos pais dela, que eram pescadores e tinham também a barraca no local. Enquanto vende comidas e bebidas, ela também alerta os frequentadores a terem cuidado ao entrar na água.

“Eu fico seis meses aqui, saio em dezembro e aí volto no mês das festas juninas. Quando começa as chuvas, eu saio e vou pra casa. Tenho um bar em casa também. (...) Tem sábado que dá muita gente e tem domingo que é lotado. O local é pouco [pra todo mundo que frequenta. Às vezes, a gente faz uma festinha”, relata.

Flávia de Oliveira resolveu ir até o local buscando uma opção de lazer, por conta do calor. “Aqui é uma opção boa de lazer. A escolha foi do meu marido, porque o primo dele está fazendo aniversário e nós viemos comemorar. Viemos tomar um banho de rio pra tirar as coisas ruins”, afirma.


Barracas ficam abertas de junho a dezembro e travessia até os estabelecimentos é feita de barco (Foto: Elias Fontinele/O Dia)

Travessia

Já Antônio dos Santos navega fazendo o transporte de passageiros e diz que, com as “prainhas”, o movimento aumenta. Ele trabalha há 31 anos no transporte entre as cidades de Teresina e Timon e conta que, mesmo com o transporte terrestre, as pessoas continuam procurando os barcos. “Aqui já é uma tradição antiga. O movimento maior é nos dias de sábado e domingo”, conta.

Edição: Virgiane Passos
Por: Ananda Oliveira
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