Aquele antigo modelo de família, em que a mãe era responsável pelo cuidado dos filhos, das tarefas domésticas e do funcionamento da rotina da casa tem sido mudado nos últimos anos. Essa responsabilidade, somente tida como da mulher, agora está sendo dividida com os pais, não porque eles sentem-se obrigados a ajudar, mas porque tem consciência de que essas tarefas precisam ser feitas pelos dois. No Dia dos Pais, comemorado neste domingo (14), o Jornal O DIA conta algumas histórias de pais que são inspiração e exemplo de dedicação e cumplicidade com suas companheiras.
(Fotos: Elias Fontenele/O Dia)
Vinícius buscou informações de como cuidar do bebê e viver da melhor forma possível esse momento único na vida.
O analista de sistema e empresário Vinícius de Almeida Lima, de 26 anos, é pai e marinheiro de primeira viagem. Assim que soube que sua esposa Ana Cristina Freitas, de 32 anos, estava grávida da pequena Amora, decidiu buscar informações sobre gestação, parto, cuidados com o bebê e até sobre a nova rotina da casa. Para Vinícius, esse envolvimento foi necessário tanto para ele quanto para sua companheira, que puderam aproveitar todos os detalhes deste momento único que é ter um filho.
Outra preocupação de Vinícius seria com a rotina da família, que passaria por mudanças, principalmente com relação ao trabalho. Por não ter babá ou alguém que auxilie, o casal precisa se organizar quanto aos horários para que, pelo menos um deles, fique com a criança. A tarefa não é fácil. Enquanto um vai para o trabalho, o outro fica responsável por alimentar, dar banho, trocar fralda e brincar com o bebê. Apesar de cansativo, os pais não reclamam e acreditam ser o melhor momento de suas vidas.
“Quando minha esposa ficou grávida eu comecei a ler sobre a gestação, até porque ela queria ter um parto normal, então teve toda essa busca por informação e eu me envolvi muito e é muito prazeroso quando você está ativo na paternidade em todos os sentidos, não só como aquele pai mandão, que faz por obrigação”, disse.
E dividir essas tarefas com a esposa é algo natural para Vinícius de Almeida, que as realiza com muita satisfação. Ele contou que assim que a esposa voltou a trabalhar ficou responsável por cuidar da filha sozinho, o que, segundo ele, não teve tanto segredo. Além de alimentar, brincar e trocar fralda, Vinícius também participa de uma das etapas mais dolorida para ele, a vacinação.
É Vinícius também quem cuida da Amora enquanto Ana Cristina, que trabalha como consultora de empresa, precisa viajar. “Fizemos uma viagem de uma semana para um outro município e eu que fiquei com nossa filha no hotel sozinho enquanto minha esposa trabalhava e não teve dificuldade nenhuma”, falou o empresá- rio.
Para Ana Cristina, a participação do esposo nas atividades de casa e nos cuidados com a filha é de fundamental importância. Ela citou que o companheiro esteve presente deste o início da gestação e foi surpreendente ver seu empenho como pai. “Ele participa de tudo, desde as consulta, exames, e o parto abriu muito essa perspectiva da paternidade nele, porque seria uma responsabilidade muito grande. Fazemos parte de um grupo de mães de pais e quando tem alguma reunião ele sempre vai, exatamente para viver esse momento de comunidade e ter contato com outros bebês”, relatou.
Mudança cultural acontece de forma lenta na sociedade
Para Vinícius de Almeida, essa
divisão de tarefas entre homens
e mulheres tem deixado de ser
uma obrigação nos últimos
anos, principalmente porque as
pessoas estão tendo consciência
de que a cultura do machismo
está sendo vista de forma negativa por ambos os sexos. Segundo ele, essa mudança cultural e
quebra de paradigma está acontecendo, porém de forma lenta.
“Os pais precisam se impor
com relação a esse comportamento, e isso tem muito a ver
também com a afinidade do casal, deles trocarem experiência,
conversarem, da esposa querer
sair e o marido assumir a responsabilidade, não porque seja
obrigado, mas porque tudo precisa ser dividido. A maternidade
e paternidade andam juntas, ou
seja, o pai e a mãe cuidam. Não
existe isso de só o pai vai deixar
na escola e só a mãe troca fralda.
Todos tem que fazer um pouco
de cada, acompanhar o crescimento da criança porque só
mais na frente é que poderemos
fazer alguma imposição”, enfatizou.
Ana Cristina também acrescentou que essa responsabilidade compartilhada precisa e será
repassada para a filha, para que
ela possa aplicar futuramente
em suas relações. De acordo
com ela, com o exemplo que
terá em casa, a filha poderá crescer tendo autonomia e respeitar
os seus limites e dos próximos.
“Se eu estou dando amor, senso de autonomia, respeitando
os limites dela, claro que ela vai
ser alguém que vai compreender quando alguém for machista, discriminador, e isso eu não
quero que exista na nossa casa.
Ela vai crescer com um bom
exemplo dentro de casa”, ressaltou.
O advogado Bruno Matos
também acredita que ensinar
as crianças sobre essa divisões
de responsabilidade, desde a
infância, as torna adultos mais
conscientes e preocupados com
o próximo. Além disso, passar
maior segurança para a companheira, que vê em seu parceiro
alguém com quem contar em
todos os momentos.
“Dividir as responsabilidades
acaba passando uma maior segurança para minha esposa e até
para as crianças, para ela verem
que não tem obrigação que é taxativamente de um ou de outro.
Quando estou mais sobrecarregado do trabalho minha esposa acaba assumindo um pouco
mais as crianças e a casa ou vice-versa para termos um equilíbrio
em casa e não sobrecarregar nenhum dos dois”, frisou.
Bruno Matos está presente
em todos os momentos dos filhos, desde levá-los à escola, até
brincar no parque, consultas
médicas, entre outras. A rotina é corrida e muitas vezes ele
precisa da ajuda de sua esposa,
mas garantiu que consegue cuidar dos filhos sozinho, apesar de
preferir fazer essas atividades ao
lado de sua esposa.
Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA