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Dividindo responsabilidades, pais dão exemplo de dedicação com a família

O que era visto como responsabilidade apenas da mulher tem se transformado tarefas do casal.

14/08/2016 09:02

Aquele antigo modelo de família, em que a mãe era responsável pelo cuidado dos filhos, das tarefas domésticas e do funcionamento da rotina da casa tem sido mudado nos últimos anos. Essa responsabilidade, somente tida como da mulher, agora está sendo dividida com os pais, não porque eles sentem-se obrigados a ajudar, mas porque tem consciência de que essas tarefas precisam ser feitas pelos dois. No Dia dos Pais, comemorado neste domingo (14), o Jornal O DIA conta algumas histórias de pais que são inspiração e exemplo de dedicação e cumplicidade com suas companheiras. 
(Fotos: Elias Fontenele/O Dia)

Vinícius buscou informações de como cuidar do bebê e viver da melhor forma possível esse momento único na vida. 

O analista de sistema e empresário Vinícius de Almeida Lima, de 26 anos, é pai e marinheiro de primeira viagem. Assim que soube que sua esposa Ana Cristina Freitas, de 32 anos, estava grávida da pequena Amora, decidiu buscar informações sobre gestação, parto, cuidados com o bebê e até sobre a nova rotina da casa. Para Vinícius, esse envolvimento foi necessário tanto para ele quanto para sua companheira, que puderam aproveitar todos os detalhes deste momento único que é ter um filho. 
Outra preocupação de Vinícius seria com a rotina da família, que passaria por mudanças, principalmente com relação ao trabalho. Por não ter babá ou alguém que auxilie, o casal precisa se organizar quanto aos horários para que, pelo menos um deles, fique com a criança. A tarefa não é fácil. Enquanto um vai para o trabalho, o outro fica responsável por alimentar, dar banho, trocar fralda e brincar com o bebê. Apesar de cansativo, os pais não reclamam e acreditam ser o melhor momento de suas vidas. 

“Quando minha esposa ficou grávida eu comecei a ler sobre a gestação, até porque ela queria ter um parto normal, então teve toda essa busca por informação e eu me envolvi muito e é muito prazeroso quando você está ativo na paternidade em todos os sentidos, não só como aquele pai mandão, que faz por obrigação”, disse. 
E dividir essas tarefas com a esposa é algo natural para Vinícius de Almeida, que as realiza com muita satisfação. Ele contou que assim que a esposa voltou a trabalhar ficou responsável por cuidar da filha sozinho, o que, segundo ele, não teve tanto segredo. Além de alimentar, brincar e trocar fralda, Vinícius também participa de uma das etapas mais dolorida para ele, a vacinação. 
É Vinícius também quem cuida da Amora enquanto Ana Cristina, que trabalha como consultora de empresa, precisa viajar. “Fizemos uma viagem de uma semana para um outro município e eu que fiquei com nossa filha no hotel sozinho enquanto minha esposa trabalhava e não teve dificuldade nenhuma”, falou o empresá- rio. 
Para Ana Cristina, a participação do esposo nas atividades de casa e nos cuidados com a filha é de fundamental importância. Ela citou que o companheiro esteve presente deste o início da gestação e foi surpreendente ver seu empenho como pai. “Ele participa de tudo, desde as consulta, exames, e o parto abriu muito essa perspectiva da paternidade nele, porque seria uma responsabilidade muito grande. Fazemos parte de um grupo de mães de pais e quando tem alguma reunião ele sempre vai, exatamente para viver esse momento de comunidade e ter contato com outros bebês”, relatou.

Mudança cultural acontece de forma lenta na sociedade

Para Vinícius de Almeida, essa divisão de tarefas entre homens e mulheres tem deixado de ser uma obrigação nos últimos anos, principalmente porque as pessoas estão tendo consciência de que a cultura do machismo está sendo vista de forma negativa por ambos os sexos. Segundo ele, essa mudança cultural e quebra de paradigma está acontecendo, porém de forma lenta. 

“Os pais precisam se impor com relação a esse comportamento, e isso tem muito a ver também com a afinidade do casal, deles trocarem experiência, conversarem, da esposa querer sair e o marido assumir a responsabilidade, não porque seja obrigado, mas porque tudo precisa ser dividido. A maternidade e paternidade andam juntas, ou seja, o pai e a mãe cuidam. Não existe isso de só o pai vai deixar na escola e só a mãe troca fralda. Todos tem que fazer um pouco de cada, acompanhar o crescimento da criança porque só mais na frente é que poderemos fazer alguma imposição”, enfatizou. 

Ana Cristina também acrescentou que essa responsabilidade compartilhada precisa e será repassada para a filha, para que ela possa aplicar futuramente em suas relações. De acordo com ela, com o exemplo que terá em casa, a filha poderá crescer tendo autonomia e respeitar os seus limites e dos próximos. 

“Se eu estou dando amor, senso de autonomia, respeitando os limites dela, claro que ela vai ser alguém que vai compreender quando alguém for machista, discriminador, e isso eu não quero que exista na nossa casa. Ela vai crescer com um bom exemplo dentro de casa”, ressaltou. 

O advogado Bruno Matos também acredita que ensinar as crianças sobre essa divisões de responsabilidade, desde a infância, as torna adultos mais conscientes e preocupados com o próximo. Além disso, passar maior segurança para a companheira, que vê em seu parceiro alguém com quem contar em todos os momentos. 

“Dividir as responsabilidades acaba passando uma maior segurança para minha esposa e até para as crianças, para ela verem que não tem obrigação que é taxativamente de um ou de outro. Quando estou mais sobrecarregado do trabalho minha esposa acaba assumindo um pouco mais as crianças e a casa ou vice-versa para termos um equilíbrio em casa e não sobrecarregar nenhum dos dois”, frisou. 

Bruno Matos está presente em todos os momentos dos filhos, desde levá-los à escola, até brincar no parque, consultas médicas, entre outras. A rotina é corrida e muitas vezes ele precisa da ajuda de sua esposa, mas garantiu que consegue cuidar dos filhos sozinho, apesar de preferir fazer essas atividades ao lado de sua esposa.

Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA
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