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Cubanos que atuavam pelo 'Mais Médicos' começam a deixar o Piauí

Cerca de 36 médicos deixam o Estado nesta sexta-feira (23). Ao todo 202 profissionais deixarão o Piauí até o dia 03 de dezembro deste ano.

23/11/2018 08:46

Texto expandido às 09h40

Os cubanos que estavam no Piauí atendendo pelo programa Mais Médicos do Governo Federal começam a deixar o Estado. Uma delegação composta por cerca de 31 profissionais viajam de Teresina em direção à Cuba na manhã desta sexta-feira (23), são os primeiros médicos cubanos a deixar o Piauí. 

De acordo com a coordenadora do programa, Idivani Braga, uma parte já embarcou na madrugada de hoje e outro grupo embarcou durante essa manhã. Ao todo, cerca de 202 médicos devem deixar o Estado até o final da primeira semana de dezembro. No Piauí, os cubanos correspondem a 61,7% dos habilitados no programa, que possui ao todo 327 médicos ativos, destes sendo 202 cubanos que atuam em 101 municípios. 

Foto: Poliana Oliveira/O DIA

Os médicos que deixam o país hoje atuavam em cerca de 26 municípios, de acordo com a Comissão Coordenadora Estadual do Mais Médicos. A medida se torna ainda mais grave, segundo Idivani, em nove cidades do Piauí que ficarão sem nenhum médico de atenção básica para atender a população quando todos dos 202 profissionais deixarem o Piauí. São os municípios de Antônio Almeida, Barreiras do Piauí, Guaribas, João Costa, Morro Cabeça no Tempo, Pavussu, São Gonçalo do Piauí, São Luís do Piauí e Tamboril do Piauí. 

O cubano Léo Darni era um dos médicos do programa. O profissional trabalhou por três anos na cidade de Picos, a cerca de 300km de Teresina. Ele conta que o trabalho no Piauí foi feito com muito amor e respeito pela população. “O povo ficou muito grato e nós com muita tristeza. Mas o trabalho foi feito de um bom jeito. Nós ficamos com muita tristeza, mas temos que voltar para a família com o trabalho cumprido e com a segurança e convicção de trabalhar melhor ainda” relata o médico. 

Foto: Poliana Oliveira/O DIA

A saída dos médicos é um reflexo do governo de Cuba em relação a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O país anunciou no dia 14 deste mês o fim de sua participação no programa. Em nota publicada em um jornal cubano, o governo comunicou que as declarações de Bolsonaro questionam "o preparo de nossos médicos e [condicionam] sua permanência no programa à revalidação do título e como única forma de se contratá-los a forma individual". 

Secretário agradece o trabalho 

O secretário de saúde do Estado, Florentino Neto, esteve presente no Aeroporto Petrônio Portela em Teresina para a saída. Além de agradecer o trabalho dos profissionais, o secretário também entregou um certificado de participação do programa. “Nós viemos aqui agradecer a todos eles pelo trabalho que fizeram em benefício do nosso povo. Eles estavam presentes em 101 municípios. A contribuição foi efetiva e os indicadores demostram isso. Estamos aqui agradecendo pelo trabalho de cada um, desejando boa viagem, desejando um bom retorno às suas terras para que eles possam continuar trabalhando, com suas famílias e felizes”, comenta.

 

Foto: Poliana Oliveira/O DIA

Sobre o prejuízo do final da parceria entre os governos de Cuba e Brasil, o secretário de saúde afirma que isso pode sobrecarregar hospitais que não atendem a atenção básica. “Com a saída dos cubanos, os hospitais regionais, estaduais e os de pequeno porte vão sentir automaticamente esse impacto. Porque as pessoas precisam recorrer a esse serviço. Se não tem no posto de saúde próximo a sua casa elas vão para o pronto de socorro mais perto. Todos os secretários de saúde dos estados brasileiros estão muito atentos e estamos em diálogo com o ministério para que essa substituição ocorra o mais rápido possível”, explica Florentino Neto.

Edição: Viviane Menegazzo
Por: Lucas Albano com informações de Geici Mello
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