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Covid: "˜Vamos ficar no efeito vai e volta se não tomarmos uma medida efetiva"™

Em análise do cenário atual da pandemia no Piauí, especialista afirma que o ideal seria traçar medidas regionais e localizadas de combate ao coronavírus.

16/05/2021 16:01

A população se questiona se nestes tempos de pandemia é prudente o poder público antecipar feriados para juntá-los aos finais de semana e criar feriados prolongados. Há quem alegue que, com a folga, as pessoas aglomeram mais. Mas para os estudiosos, os dados apontam que há uma certa eficácia nessas medidas. 

No feriado prolongado de Corpus Christi com Semana Santa, celebrado este ano ao final de março, o Piauí passou mais de uma semana em lockdown parcial com funcionamento do comércio restrito somente aos itens essenciais e toque de recolher. A medida gerou um efeito positivo na contenção da covid-19 e a estabilidade, ainda que em um patamar alto, que se observa hoje nos óbitos decorrentes da doença.

“Isso que vemos agora ainda é reflexo dele. Tem um dia que finalmente conseguimos zerar a fila de espera no começo deste mês. Mas isso não é ainda suficiente para controlar a pandemia. Teve resultado? Teve. Mas vamos ficar no efeito vai e volta porque não tomamos uma medida efetivamente exata. Se sobe os casos, fecha tudo. Se cai um pouco, abre. É efeito sanfona e com prejuízo maior, porque somam as mortes à economia instável”, avalia Emídio Matos, doutor em Ciências Biomédicas e membro do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da UFPI.


Emídio Matos analisa a eficácia das medidas adotadas pelo poder público no combate à pandemia - Foto: O Dia

Uma das ações que ele sugere ao poder público é aplicar medidas restritivas por território de saúde, que se restrinja mais onde as taxas estão piores. Assim, não há risco de penalizar o estado inteiro do ponto de vista econômico por um problema que se apresenta mais localizado. 


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“A região com as menores taxas hoje é a do Vale do Sambito seguida pela região da Serra da Capivara. Do nosso ponto de vista, não tem sentido aplicar uma medida restritiva lá que seja igual à do Vale do Canindé e da Região Entre Rios, que estão amargando com os piores índices da pandemia”, explica o professor.

Para Emídio, o que está faltando é uma atuação mais efetiva do poder público e uma maior conscientização da população sobre o momento em que se vive. Ele critica o que chama de Necropolítica, um conceito foucaultiano sobre o poder de ditar quem pode viver e quem pode morrer. “Com base nisso, o deixar morrer se torna aceitável. Mas não aceitável a todos os corpos. O corpo ‘matável’ é aquele que está em risco de morte a todo instante”, finaliza.

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