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Cerca de 21% dos piauienses produzem bens para consumo próprio

O percentual é o maior registrado no país e mais do que o dobro da média nacional, que é de 7,7%.

30/04/2019 16:28

Segundo dados divulgados nesta terça-feira (30) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Piauí é a unidade da federação com maior percentual de pessoas produzindo bens para consumo próprio. De 2016 a 2018, 21,2% da população piauiense realizava atividades como a de cultivo agrícola e de criação de animais. A média nacional é de 7,7%.

Para o economista Eduardo Oliveira, a produção de bens para consumo próprio é uma característica marcante do estado, que possui uma cultura de agricultura familiar muito representativa, com produção focada, além das cidades do interior, na zona rural da Capital.

 “Nós temos uma economia agrária muito forte, sobretudo nas cidades do interior do Piauí. A produção agrícola do estado gira em torno da agricultura familiar, não é nem como complemento de renda e, sim, por ser uma característica do nosso próprio estado”, explica.

Cerca de 21% dos piauienses produzem bens para consumo próprio. (Foto: Arquivo O Dia)

No Piauí, em 2018, dentre os 21,2% das pessoas com 14 anos ou mais de idade, que  realizaram atividade para consumo próprio, verificou-se que a maior ocupação foi o “cultivo, pesca, caça e criação de animais”, que mobilizou 89,1% daquele contingente de pessoas, enquanto que a média observada para o Brasil nessa ocupação foi de 76,7%. No Piauí a segunda maior ocupação para o próprio consumo foi da “produção de carvão, corte ou coleta de lenha”, realizada por 16,2% das pessoas.

Outro dado que chama atenção na pesquisa diz respeito aos afazeres domésticos. No Piauí, as mulheres dedicam um total de 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos, enquanto os homens apenas 9,8 horas. O dado demonstra uma realidade que ainda é comum e está relacionada ao machismo estrutural da sociedade brasileira.

“É uma questão cultural de todo o país. O Brasil ainda é uma sociedade extremamente machista. Se você pegar gados do Ministério do Trabalho, você vê um aspecto de segregação de gênero muito forte principalmente nos postos de trabalho e no próprio salário. Em um estado como o Piauí, esse número acaba sendo ainda maior, devido à falta de oportunidades e acaba contribuindo para essa dupla jornada”, afirma o economista.

De acordo com o IBGE, a atividade de "preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça" era o afazer doméstico mais realizado pelas pessoas no Piauí, com 76,4%.  Em termos de faixa etária, as pessoas que mais realizavam afazeres domésticos no Piauí são aquelas de 25 a 49 anos (89,1%). Já em relação ao nível de instrução, quanto maior a instrução formal, maior o percentual de pessoas realizando afazeres domésticos, principalmente as de nível superior (90,3%).

Trabalho Voluntário

De 2016 a 2018 aumentou o número de pessoas no Piauí realizando trabalho voluntário: de 2,5% (2016) para 3,2% (2018). Segundo os dados levantados, os homens dedicam mais horas a trabalhos voluntários que as mulheres: com 6,4 horas e 5,6 horas, respectivamente.  Já a faixa etária que mais se dedica à realização de trabalho voluntário está entre 25 a 49 anos, enquanto que no Brasil é a faixa de 50 anos ou mais. 

PNAD Contínua

Mensalmente a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) nos traz informações acerca do mercado de trabalho, retratando a ocupação das pessoas em atividades pelas quais recebem remuneração e que proveem o seu sustento e o de suas famílias. Contudo o IBGE divulgou na sexta-feira passada, 26/04, um módulo da PNAD Contínua que trata de “Outras Formas de Trabalho”, com informações para o período de 2016 a 2018, sobre o exercício de atividades/trabalhos pelos quais as pessoas não recebem remuneração, tais como o trabalho na produção para o próprio consumo, o cuidado de pessoas, os afazeres domésticos e trabalho voluntário. Metodologicamente, as informações acima referem-se a pessoas de 14 anos ou mais de idade.

Por: Nathalia Amaral
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