A peregrinação religiosa dos piauienses também passa por um majestoso castelo de formações rochosas com grandes blocos de arenito, situado no interior da cidade de Castelo do PiauÃ, à s margens do Rio Poti. O mais importante entre os monumentos da cidade, fascina e encanta curiosos e visitantes desde os primórdios de nossa civilização por dois motivos: por guardar registros de civilizações pré-históricas através de marcas do vivencia do homem primitivo, e por conta das lendas que lhe tornam um importante ponto de turismo religioso.
Uma testemunha desse encantamento e admiração é o professor de geografia, Antônio Augusto Nascimento, 32 anos, o entusiasmo pelo estudo das caracterÃsticas da terra e seus fenômenos, assim como da ação do ser humano no meio ambiente e vice-versa, lhe levou a ser guia turÃstico e encontra no trabalho o prazer de apresentar à cerca 2 mil visitantes de todo o mudo, somente no dia 2 de novembro - Dia de Finados, um dos dias de maior movimentação no local, o potencial do turismo de aventura, arqueológico e religioso da sua terra.
"A religiosidade é um apego dos sertanejos, por conta disso muitas cidades se desenvolvem no entorno de igrejas e têm sua sociedade movida pelo dia a dia religioso. E esse o turismo mais forte em Castelo, a partir do momento em que trouxeram uma imagem de Nossa Senhora do Desterro, padroeira de Campo Maior. Conta a lenda que a imagem foi encontrada dentro de uma das grutas do Castelo de Pedra. A imagem (esculpida em pedra arenÃtica) teria sido retirada do local e trazido aqui para a cidade e colocada no alta da capela. Porém, dias depois a imagem desapareceu da capela e reapareceu na gruta. Um dia, quando um dos moradores retornou ao Castelo encontrou a imagem as santa no mesmo local e a trouxe para capela novamente, contudo, ela reapareceu na gruta. Isso aconteceu uma três ou quatro vezes. E assim, ela misteriosamente reaparecia na gruta por várias vezes, até que a população decidiu então, levá-la mais uma vez para a capela, acorrenta-la e colocando-a em uma cela, mesmo assim ela desapareceu novamente e nunca mais foi vista. Hoje, os mais devotos, dizem que com muita fé conseguiam vê-la ou toca - la. É por isso que local tem seu maior foco no turismo religioso", explica.
Para os mais devotos a Pedra de Castelo é um local sagrado, ainda que marcada pelo misticismo. Os mais velhos dizem que vista ao longe, durante a noite, a pedra se assemelha a um castelo feudal, esse é motivo da denominação de Pedra de Castelo para à gruta que por muitos séculos também foi cemitério cristão.
Outra lenda é que explica a comparação do local com um castelo medieval. De acordo com a comunidade, há muito tempo, a pedra foi um castelo de verdade, onde um rei tirano e perverso se divertia fazendo orgias sexuais com seus servos. Sempre que queria praticar essas atividades mandava que seus soldados procurassem os jovens mais bonitos no reino, para que fossem obrigados a participar de suas "festas".
"Ao final desses bacanais, o tirano mandava matar todos que haviam participado do ato e essas pessoas eram enterradas ali mesmo. Um dia, o Todo Poderoso (Deus), se enfureceu com aquela situação e mandou dois anjos à Terra, para dar fim aquele pecado. Quando um dos anjos foi levado ao castelo para participar de mais uma noite de prazeres do tirano, foi lançada uma maldição naquele rei e seu reino, o anjo transformou todos, em pedras, inclusive o Castelo. Dizem que aquelas pinturas e inscrições rupestres encontradas na gruta, seriam enigmas, que uma vez decifrados, fariam a caverna voltar ao formato original", conta o professor.
Seja qual for a semelhança que atribuem ao monumento, embora não tenha passado por um estudo cientÃfico arqueológico, são notáveis as utilização do local como abrigo para indÃgenas e cemitério. Na misteriosa formação rochosa há salões, templos, passagens e paredões que guardam pinturas rupestres e gravuras em baixo relevo, assim como túmulos antigos - o que ainda permanece preservado data de 1929.
"A pedra hoje é utilizada como capela para devoção. Onde as gente das variadas religiões deixam imagens, sÃmbolos e uma grande quantidade de ex-votos ( esculturas que retratam a graça alcançada). Sou espÃrita, então acredito nas experiências que algumas pessoas têm aqui", confessa o Robson Lima, coordenador de Turismo de municÃpio.
Ele conta que devoção e crença das pessoas na Pedra como um local sagrado é tamanha que todos os anos o padre da cidade vizinha, Juazeiro, realiza uma procissão que se inicia naquela cidade e segue em direção à Pedra de Castelo, em uma procissão, a Caminha da Paz, de aproximadamente 8km, que reuni de 3 mil pessoas, durante a Semana Santa.
Iniciada na década de 50, a caminha tem sua marca no alto do Castelo, onde brilha mais um sÃmbolo de um povo acredita veementemente em sua religião e nas crenças de sua comunidade. Um cruzeiro, fincado pela matriarca da famÃlia Monteiro, é sÃmbolo da graça conquistada por uma das famÃlias mais religiosas da região, na qual, a mãe, ao conseguir a tão desejada saúde do filho, foi primeira devota de Nossa Senhora do Desterro a fazer o percurso de Juazeiro à Pedra de Castelo, levando nas costas a cruz que foi fincada sob as gruta 15 m de altura.
Por: Katylenin França