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Campanha chama atenção da sociedade para crianças que vivem nas ruas

Ação entregou panfletos e cartazes aos condutores e pedestres que passavam no cruzamento da Avenida Frei Serafim com a Coelho de Resende

24/07/2015 07:31

“Criança não é na rua”. Esse é o tema da ação de mobilização em Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes em Situação de Moradia das Ruas. O evento ocorreu simultaneamente em diversas cidades do País e tem como objetivo chamar atenção da sociedade para as condições que vivem as crianças que moram nas ruas de Teresina. 

Na capital piauiense, a mobilização aconteceu em um dos pontos mais movimentados da cidade, no cruzamento da Avenida Frei Serafim com a Rua Coelho de Resende. Durante todo o dia, foram entregues panfletos e cartazes aos condutores e pedestres que passavam pelo local. A presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, Iracilda Braga, destacou que “lugar de criança é na escola, na família e na convivência familiar e comunitária”. 

Ela relatou que, por conta do Estatuto da Criança e do Adolescente, a quantidade de crianças vistas nas ruas de Teresina é reduzida, apesar de ser possível encontrá-las em alguns pontos da cidade. Contudo, essa diminuição de crianças em situação de vulnerabilidade se deve ao trabalho desenvolvido pelos agentes de proteção social (APS), que, ao identificarem esses casos, acionam órgãos como o Conselho Tutelar, Ministério Público, Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente, na perspectiva de retirá-los imediatamente das ruas.

 “Há casos difíceis que têm nos desafiados, como, por exemplo, os adolescentes do Balão da Tabuleta. Nos desafia porque são adolescentes que estão habituados ao espaço da rua e, quando são levados para uma casa de acolhimento, acabam fugindo; até porque, geralmente, são usuários de droga e outra série de fatores. É por isso que precisa de uma intervenção conjunta, no sentindo de buscar uma alternativa para essas situações”, falou. 

A secretária municipal do Trabalho, Cidadania e Assistência Social (Semtcas), Mauricéia Carneiro, destacou que essa campanha tem o objetivo de sensibilizar a população, para que ela, juntamente com o município, possa compor a retirada de crianças e adolescentes das ruas. “Quando você dá esmolas, você está incentivando a permanência deles nas ruas, e isso diminui as oportunidades e chances deles serem cidadãos”, disse. 

Foto: Ana Paula Diniz/ ODIA

Mauricéia frisou que a Prefeitura de Teresina, através da Semtcas, possui diversos serviços voltados para crianças e adolescentes nos 83 Centros de Convivência distribuídos em todas as zonas de Teresina. “No ano de 2013, nós atendíamos 3.200 crianças e, hoje, atendemos por volta de 4 mil crianças. Temos aumentado o número de serviços ofertados, como esporte, lazer, teatro, e para as famílias, através dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e dos Centro Especializados (Creas)”, pontuou. 

Andyana de Barros, gerente do Creas Norte, esteve presente na mobilização e destacou que, a partir do momento que são oferecidas disciplina, zelo e amor para essas crianças e adolescentes que vivem nas ruas, elas sentem-se acolhidas e não trazem prejuízos à sociedade. “Com essa ação, nós fazemos com que a sociedade reflita sobre o problema e, trazendo panfletos com o número do Disque Denúncia, nós estamos instrumentalizando para que as pessoas denunciem”, finalizou. 

Para qualquer tipo de denúncias de violação de direitos, a população deve ligar para o Disque Cidadania através do número 0800 280 5688.

Maioria das crianças de rua é de Timon 

 A presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, Iracilda Braga, frisou que uma iniciativa feita em parceria com a Polícia Militar, Delegacia de Proteção à Criança, Semtcas e SDUs - denominada de “Ação Protege” - tem o objetivo de realizar rondas em diversos pontos de Teresina, como bares e boates. A ação visa identificar situações como de exploração sexual e venda de bebida alcoólica para adolescentes, a fim de evitar que essas crianças permaneçam no espaço da rua. 

Os agentes de proteção social identificaram que, a região central de Teresina, sobretudo próxima à Avenida Maranhão, é a área que mais concentra crianças e adolescentes, principalmente em situação de trabalho infantil, assim como na região do Balão da Tabuleta, zona Sul da cidade. Porém, Iracilda Braga revelou que a grande maioria desses adolescentes é oriunda do município de Timon, no Maranhão.

“Isso dificulta um pouco nossa ação, mas nós temos uma articulação muito boa com o Conselho Tutelar e Creas de Timon. Se a gente identifica o trabalho de adolescentes de Timon em Teresina, fazemos a sensibilização, acompanhamento e comunicamos à equipe de lá, para que eles continuem esse trabalho”, pontuou. 

O conselheiro tutelar Djan Moreira disse que muitas dessas crianças passam por conflitos familiares, onde os pais têm algum tipo de vício, como álcool ou droga. Além disso, ele reforçou que o Conselho Tutelar tem identificado também que as crianças e adolescentes que estão nas ruas são, em grande parte, são naturais de Timon.

“No Balão da Tabuleta, há um grupo de 10 irmãos, sendo que sete já foram acolhidos e três permanecem na rua. Não podemos negar que em Teresina não tenha crianças de rua, mas muitas são mesmo de Timon; por isso, que precisamos intensificar as parcerias com os Creas e Cras. Esse é um caso que nos deixa muito tristes e envergonhados e precisamos fazer algo para reverter isso”, finalizou Djan Moreira.

Por: Isabela Lopes- Jornal O Dia
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