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Busca pela perfeição nas redes pode levar a transtornos psicológicos

Segundo psicóloga, o acesso a conteúdos que beiram a perfeição, através de edição, pode gerar transtornos para quem utiliza essas redes.

08/10/2020 16:02

Nesta semana, a rede social Instagram completa dez anos de existência. Uma das redes responsáveis por remodelar a forma como lidamos com o conteúdo online, o Instagram tem cerca de 70 milhões de usuários somente no Brasil. Apesar das oportunidades proporcionadas pelas redes, como o empreendedorismo, autopromoção da imagem pessoal, dentre outras utilidades, as redes sociais também podem contribuir para o adoecimento psicológico dos usuários. É o que explica a psicóloga Lilyane Moura.

Foto: O Dia

Segundo ela, o acesso a conteúdos que beiram a perfeição, através de edição, pode gerar transtornos para quem utiliza essas redes. “Corremos o risco de ficar presos numa timeline perfeita e comparar com a nossa vida, que tem falhas, decepções. Só que essa é a vida real, com seus altos e baixos, alegrias e medos, porém, a rede social muitas vezes não explana esse outro lado, o lado real, sem edição”, explica.

Para ela, o consumo desse conteúdo irreal pode ser adoecedor, na medida em que o uso que se faz dessas redes dificulta com que os usuários percebam o que conseguem alcançar dentro das suas possibilidades reais, a partir daquilo que são, com suas capacidades e o seu próprio corpo.

No entanto, por não alcançarem os resultados almejados, muitos usuários acabam por desencadear problemas de baixa autoestima ou até mesmo ansiedade, já que a meta é sempre alcançar uma perfeição inexistente, produzida através de efeitos, filtros, iluminação e, claro, ostentação.

É o caso de uma usuária do Instagram e ex-seguidora da empresária e influenciadora digital piauiense Andressa Leão. Nos últimos dias, o relato da seguidora chamou atenção por revelar que a mulher  foi orientada por sua psicóloga a deixar de seguir o perfil da influenciadora, já que o contato com as postagens no perfil de Andressa despertava gatilhos psicológicos na seguidora. O comentário da seguidora demonstra a dificuldade que certos usuários possuem em lidar com as suas próprias inseguranças.

“Ela é tudo que eu quero ser, mas nasci com beleza nota 5,00. Queria fazer yoga e mando todo mundo ir para a casa do caralho@. Enfim, né? Eu a acho muito maravilhosa e eu calço o mesmo número de sapato dela. Pelo menos uma coisa em comum, né? Ah, e a altura também, eu também tenho 1,77. Pronto, de resto mais nada”, lamenta a seguidora.

Assim como a seguidora, muitos usuários almejam a vida postada pelos influenciadores. Seja pelo corpo perfeito, viagens para destinos paradisíacos ou o estilo de vida luxuoso. O fato é que a vida aparentemente perfeita dos influenciadores tem ganhado cada vez mais visibilidade na rede social e muitos acabam por tentar copiar o perfil dessas pessoas através do consumo de produtos associados à imagem do influenciador. Não é à toa que várias marcas desembolsam cachês altíssimos por um espaço no feed dessas celebridades.

No caso da pesquisadora e empreendedora Camila Fortes, a comparação do seu estilo de vida e até mesmo as suas produções no âmbito profissional faz com que, por muitas vezes, ela opte por também parar de seguir determinados perfis. Segundo ela, isso acontece quando os perfis possuem um conteúdo semelhante ao seu.

“Eu fico mal porque eu fico me comparando, isso de achar que não sou criativa o suficiente, que estou fazendo mais do mesmo, que meu trabalho não é original. Não só nas redes sociais, quando eu entro no Google Acadêmico, por exemplo, onde tenho contato com outras pesquisas da minha área, fico pensando que as minhas pesquisas não ajudam ninguém”, relata ela, que trabalha com temas relacionados à comunicação e loucura.

Para a psicóloga Lilyane Moura, deixar de seguir perfis que causem mal estar, seja pela questão da autoestima ou de conteúdos inapropriados, é uma das saídas para conseguir ter uma relação mais saudável com as redes. Por isso, a dica é seguir perfis de pessoas reais ou perfis com conteúdo mais saudável, para evitar despertar gatilhos.

“Hoje em dia tem no próprio celular a quantidade de horas que você usa o Instagram ou outros aplicativos, e você pode monitorar isso, usar essa informação a seu favor. É muito importante que os usuários possam seguir exemplos, da mesma forma que eu posso seguir pessoas que me trazem lugares impossíveis e situações muito ideais que me causam mal, eu também posso seguir perfis saudáveis, perfis de pessoas reais. Tem um movimento muito forte de pessoas divulgando sobre fotos reais, sem terem muita edição. Por isso, se deve buscar assuntos mais saudáveis, que façam sentido para cada pessoa e saber usar a rede social nesse sentido”, finaliza.

Por: Nathalia Amaral
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