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Bombeiros demoram e incêndio quase atinge veículos em condomínio

Falta de estrutura e carência de servidores dificulta trabalho do Corpo de Bombeiros. Apenas duas equipes estavam de plantão para atender dezenas de ocorrências.

31/10/2018 15:37

Moradores de um condomínio no bairro Cristo Rei passaram por momentos de pânico no início da tarde desta quarta-feira (31), por conta da demora do Corpo de Bombeiros em atender a um chamado para controlar um incêndio num matagal, que ameaçava invadir o condomínio.


Assim que o fogo tomou grandes proporções, pouco depois do meio-dia, uma equipe dos bombeiros foi enviada ao local e atuou para apagar as chamas. Segundo moradores, eles passaram menos de dez minutos no local e um dos bombeiros afirmou que não havia mais risco de o fogo voltar a se espalhar. 

Bombeiros deixaram o local afirmando que não havia mais risco de chamas se alastrarem novamente, o que acabou acontecendo poucos minutos depois

Moradores temiam que chamas atingissem veículos. Um dos proprietários não estava no local para retirar seu carro, e fogo chegou a atingir cinco metros de altura

No entanto, poucos minutos depois as chamas ressurgiram com ainda mais força, tomando uma área de aproximadamente mil metros quadrados ao lado do condomínio. 

Com um dos focos do incêndio chegando a cinco metros de altura, e ameaçando atingir veículos que estavam encostados no muro do condomínio, os moradores entraram em desespero e fizeram repetidas ligações para o 193. 

Sem a presença dos bombeiros, os moradores decidiram agir por conta própria, usando apenas duas mangueiras de jardinagem e baldes d'água.


A um dos moradores, o bombeiro que estava atendendo as ligações afirmou que não havia mais nada a ser feito por ser apenas "fogo no mato", que apresentava menor risco.


Com demora do Corpo de Bombeiros, moradores tiveram que agir por conta própria para tentar controlar as chamas. Equipe precisou retornar à base da corporação para reabastecer viatura com água, o que prejudicou o trabalho 


Enquanto isso, as labaredas consumiam a cerca elétrica do imóvel e já estava a menos de um metro de um carro que estava estacionado próximo ao foco mais forte. 

Como o morador que é proprietário do veículo não estava presente no momento, para retirá-lo do local, os demais moradores temiam que as chamas atingissem o veículo, causando uma explosão. 

A equipe do Corpo de Bombeiros só retornou ao condomínio quase uma hora depois de ter deixado o local pela primeira vez. 

Um dos militares justificou que a demora ocorreu porque não há nenhum hidrante em funcionamento na região, o que obrigou a equipe a retornar à sede da corporação, na Avenida Miguel Rosa, para reabastecer o veículo com água.

Outro bombeiro que falou com a reportagem informou que no momento da ocorrência havia apenas duas equipes de plantão, para atender cerca de 50 chamados em vários bairros da cidade. 

'Sensação de total abandono', afirma moradora

De acordo com os moradores do condomínio, esta não é a primeira vez que incêndios acontecem no entorno do imóvel. E em todas as ocasiões o Corpo de Bombeiros demora a chegar ao local para controlar o fogo - mesmo com a sede da corporação estando a menos de 3 km de distância do residencial. 

"Nosso horário de almoço hoje foi um verdadeiro tormento. A sensação que nós temos é de total abandono pelo Estado. Um vizinho fez uma ligação e o bombeiro que atendeu disse simplesmente que a equipe não iria retornar porque era só fogo no mato, e que não tinha mais o que ser feito. Mas as chamas estavam prestes a atingir veículos, podendo causar explosões e tudo poderia ter terminado numa tragédia. Mas nós entendemos que eles [os militares] não têm culpa pela falta de estrutura do Corpo de Bombeiros. O governo não investe na instituição, e isso coloca milhares de vidas em risco todos os dias", desabafou um morador, que pediu para ter sua identidade mantida em sigilo.



Por: Cícero Portela
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