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Ator preso ao ser confundido com assaltante é liberado de presídio

egundo o advogado, Vinícius estava tranquilo por ser psicólogo e tinha consciência de sua inocência.

26/02/2014 15:53

O ator e psicólogo Vinícius Romão de Souza, de 26 anos, foi liberado da Cadeia Pública Patrícia Acioli, em São Gonçalo, no início da tarde desta quarta-feira. Abatido e, segundo amigos, mais magro, ele deixou a unidade prisional no carro do pai. Vinícius não deu entrevistas, mas o pai agradeceu o empenho de amigos, que acompanhavam a libertação do ator.

Questionado se a repercussão na mídia e nas redes sociais foi essencial para que a Justiça determinasse a liberdade provisória de seu cliente, Rubens Nogueira de Abreu, advogado de Vinícius, negou, creditando a reviravolta ao trabalho dele mesmo. Vinícius estava numa cela com outros 15 presos, mas não sofreu violência. Segundo o advogado, Vinícius estava tranquilo por ser psicólogo e tinha consciência de sua inocência.

Ainda de acordo com Rubens Abreu, com o novo testemunho da vítima do assalto, a copeira Dalva da Costa Santos, que contou ter se confundido quando identificou Vinícius como o ladrão, seu cliente deve ser absolvido depois do carnaval.

Amigos do ator estiveram na porta da unidade para acompanhar a libertação de Vinícius, que estava preso há 16 dias. O grupo exibia cartazes com dizeres como �€œTe Amamos�€ e �€œEstamos Juntos�€. Um dos amigos que aguardavam a chegada do oficial de justiça com o alvará de soltura era o biólogo Bernardo Roxo, de 25 anos. Ele acredita que o amigo foi vítima de racismo e que a culpa da prisão injusta foi dos policiais que o detiveram:

�€” Em um País em que ninguém é preso. �‰ muito estranho um inocente ir para a cadeia. O caso foi uma sucessão de erros. Desde a identificação, feita sem a comparação com suspeitos que tivessem o mesmo biotipo do Vinícius �€” acredita.

Para o biólogo, a mobilização nas redes sociais e na mídia foi fundamental para que a Justiça revertesse a situação do ator.

�€” Foi uma mobilização conjunta. Um amigo começou a divulgar a história, mas demorou 11 dias para a gente descobrir que ele estava preso �€” concluiu.

Corregedoria investigará conduta de policiais civis na prisão de ator

A Corregedoria Interna da Polícia Civil vai apurar se houve alguma irregularidade na prisão do ator. A Justiça concedeu na tarde desta terça-feira a liberdade provisória para o rapaz, que havia sido preso no último dia 10, acusado de ter roubado a bolsa de uma mulher no Méier, Zona Norte da cidade. Em novo depoimento à polícia, Dalva da Costa Santos admitiu ter se enganado ao reconhecer Vinícius como o homem que a assaltara. A investigação vai avaliar a conduta do policial civil Waldemiro Antunes de Freitas Junior, da 11ª DP (Rocinha), que abordou Vinícius e apresentou a ocorrência à 25ª DP (Engenho Novo), e a do delegado de plantão William Lourenço Bezerra, responsável pelo flagrante.

Pela decisão judicial, Vinícius terá de comparecer ao Fórum mensalmente e não poderá deixar a cidade. O juiz em exercício da 33ª Vara Criminal, Rudi Baldi Loewenkron, afirmou em sua decisão que o rapaz poderia ficar solto, já que tem endereço fixo e emprego, não possuindo antecedentes criminais nem o perfil de um criminoso comum.

Vítima: local era mal iluminado

Em novo depoimento na 25ª DP, Dalva afirmou que o local onde foi roubada não era bem iluminado e que viu apenas rapidamente o rosto do ladrão. �€œFica quietinha e passa a bolsa�€, ameaçou o criminoso ao abordá-la. Ainda segundo a vítima, que trabalha como copeira em um hospital do Méier, o bandido usava blusa preta e tinha cabelo no estilo black power, corte semelhante ao de Vinícius, cujo cabelo foi cortado no momento da prisão.

Dalva disse ainda que, já no dia seguinte ao roubo, devido às insistentes negativas de Vinícius, teve dúvidas e pensou em ir à delegacia para retirar a queixa, mas não o fez por não ter o dinheiro da passagem. Ao ver a repercussão do caso na mídia, a sensação de que poderia ter se enganado aumentou.

No dia 10, Vinícius seguia a pé para casa, no Méier, quando foi abordado por dois policiais que acompanhavam a vítima, perto do Viaduto de Todos os Santos. Ele foi obrigado a se deitar de bruços no chão e, depois, levado à 25ª DP. Na delegacia, a copeira chorava muito ao afirmar reconhecê-lo como o assaltante. Esse testemunho foi usado para manter o rapaz preso.




Fonte: Globo.com
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