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Acidentes no trânsito: no Piauí, 29% das mortes estão relacionadas ao álcool

No que se refere aos índices de acidentes, houve um aumento de 29% para 33,2% ente os anos de 2010 e 2017

30/09/2020 11:40

O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) apresentou dados sobre a combinação de álcool e direção no Brasil entre os anos de 2010 a 2017. Segundo a média nacional, os casos de internações atribuíveis por álcool em decorrência de acidentes de trânsito aumentaram de 15,4% para 19,7% neste período no país. Já no Piauí, esses índices foram ainda maiores: saltando de 29% para 33,2%.

Em relação óbitos atribuíveis ao álcool, os acidentes representaram 29,9% de todas as mortes associadas ao consumo de álcool no estado, índice também superior ao nacional (15,2%), mesmo tendo apresentado uma queda em relação ao no de 2010 (33,6%).

No ano de 2018, do total de veículos motorizados e que foram conduzidos por motoristas após ingestão de bebida alcoólica, a média piauiense é de 12,4%. Porém, quando consideramos esses dados de acordo pelo sexo, observamos que os homens lideram no que se refere a essa imprudência. 21,7% dos homens dirigiram um veículo motorizado após consumir bebida alcoólica, enquanto apenas 4,7% das mulheres cometeram este ato.

(Foto: Arquivo/ODIA)

Com relação ao perfil desses condutores, nota-se também um aumento do padrão de consumo de álcool por adultos entre os anos de 2010 e 2018, saltando de 28,9% para 61,1%, sendo os homens os que mais consomem (31,2%) em relação as mulheres (19,2%).

Entre as capitais brasileiras, Teresina apresentou uma queda no consumo abusivo de álcool entre os anos de 2010 e 2018, caindo de 20,7% para 19,2%. A queda também é sentida entre os sexos. O consumo abusivo de álcool caiu de 31,2% para 29,2% entre os homens e de 11,9% para 11% entre as mulheres.

Houve um aumento, entre os anos de 2011 e 2018 na quantidade de adultos que afirmaram conduzir veículos motorizados após o consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica em Teresina, saltando de 11,9% para 12,1%. O aumento foi consideravelmente entre o sexo feminino, passando de 2,9% (2011) para 4,4% (2018); já entre os homens foi registrada uma pequena diminuição, de 22,7% (2011) para 21,4% (2018).

Outros dados preocupantes sobre álcool e direção

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool esteve associado a 36,7% dos acidentes de trânsito entre homens e 23% entre mulheres, no Brasil. Mesmo em pequenas concentrações, o álcool já é capaz de alterar os reflexos e a percepção visual, assim como aumentar o tempo de reação de um indivíduo. Essas alterações podem ser observadas a partir de 0,05 g de álcool/L de sangue.

Dados da publicação “Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2020” mostram que os acidentes de trânsito são a primeira causa de internações relacionadas ao uso de álcool no Brasil, representando 19,7% dos casos em 2017 - um aumento em comparação a 2010, quando era de 15,4%. Em relação aos óbitos atribuíveis ao álcool, os acidentes aparecem como terceira causa (15,2%), atrás de cirrose hepática (15,9%) e violência interpessoal (15,7%). O índice é inferior ao registrado em 2010 (19,3%).

Nas capitais brasileiras, um em cada dez motoristas relatam dirigir sob efeitos do álcool. Homens apresentaram a maior prevalência desse comportamento (14,2%), enquanto entre mulheres esse percentual foi de 6,3%. E são os indivíduos com maior escolaridade (12 anos ou mais) que apresentaram as maiores prevalências de dirigir após beber (12,4%).

Cerca de 26% dos escolares de 9º ano do Ensino Fundamental (de 13 a 15 anos) pegaram carona em veículos conduzidos por motoristas sob efeito de álcool nos 30 dias prévios à pesquisa, mostrando que mesmo os jovens abstêmios podem se expor indiretamente aos perigos do álcool3. A tendência foi de aumento: em 2009, esse índice era de 18,7% e, em 2012, chegou a 22,8%.

Efeitos do álcool no corpo

O impacto do álcool na saúde é determinado por dois fatores distintos, mas relacionados: o volume total de álcool ingerido e o padrão de consumo. Os prejuízos podem ocorrer tanto em curto prazo, como ressaca, blecaute alcoólico, envolvimento em situações de violência e acidentes de trânsito, quanto em longo prazo, como dependência, cirrose hepática, déficits cognitivos, alguns tipos de câncer, dentre outros.

Não há consenso internacional sobre a dimensão exata de uma dose de bebida alcoólica. A OMS, por exemplo, estabelece que uma dose padrão contém, aproximadamente, 10 g de álcool puro, mas reconhece que essa definição difere dependendo do país, variando de 8 g (Reino Unido) a 20 g (Japão) de álcool puro.

Atualmente, não há uma definição oficial para dose padrão no Brasil. Apesar de, geralmente, seguirmos as recomendações da OMS, a partir de referências científicas disponíveis e consultas a sites especializados em diferentes tipos de bebidas, o CISA considera os volumes e teores alcoólicos mais praticados no Brasil como sendo: 1 dose de bebida corresponde a 14 g de álcool puro.

Por: Isabela Lopes
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