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87% dos deputados do Piauí votaram projetos que causam danos socioambientais

Ruralômetro: Iracema Portela (PP) e Marcelo Castro (MDB) são os que mais aprovaram projetos desfavoráveis. Cinco deputados receberam doações de empresas investigadas por trabalho escravo.

02/02/2018 10:59

Pelo menos 87% dos deputados que compõem a bancada federal do Piauí tiveram atuação desfavorável à agenda socioambiental brasileira, votando projetos que trazem impactos negativos ao meio ambiente, à população indígena e aos trabalhadores rurais. É isso que mostra o levantamento feito pela plataforma Ruralômetro e publicado pela Repórter Brasil, que mede os efeitos dos projetos e proposições no setor socioambiental brasileiro.

O levantamento completo pode ser visto aqui 

O Ruralômetro pontuou cada deputado dentro de uma escala equivalente ao que seria a temperatura corporal, que vai de 36ºC a 42ºC. Quanto pior avaliado, mais alta sua temperatura. De acordo com o documento, a deputada Iracema Portela (Progressistas) e o deputado Marcelo Castro (MDB) são os mais febris do Piauí: 40,6°C e 40,1°C, respectivamente. Isso significa que, da bancada piauiense, eles foram os que mais votaram contra o meio ambiente e o trabalhador rural brasileiro.


Foto: Reprodução/Ruralômetro

Doações de campanha

O levantamento aponta ainda que Iracema Portela e Marcelo Castro receberam doações de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama. A deputada teve R$ 250 mil e o deputado R$ 50.416 para a campanha eleitoral de 2014.

Mas não só Iracema Portela e Marcelo Castro receberam doações de empresas envolvidas em denúncias de trabalho escravo ou autuadas pelo Ibama. Os deputados Heráclito Fortes, Átila Lira e Paes Landim receberam dinheiro. Heráclito (PSB), por exemplo, chegou a ganhar R$ 500 mil de uma empresa flagrada com trabalho escravo. Atila Lira (PSB) recebeu a cifra de R$ 50.416 e Paes Landin (PTB) a quantia de R$ 100 mil de entidades na mesma situação.

Rodrigo Martins (PSB), Júlio César (PSD) e Assis Carvalho (PT) são os únicos parlamentares que não receberam doações de empresas investigadas por questões trabalhistas e ambientais. 

Projetos aprovados

Iracema Portela, por exemplo, votou favoravelmente em 10 projetos prejudiciais à questão socioambiental, não tendo aprovado nenhuma medida que fosse considerada favorável à população ruralista. Dentre os projetos aprovados pela parlamentar estão a Medida Provisória que aumentou a área desprotegida da Floresta Nacional do Jamaxim, no Pará, a Reforma Trabalhista, e a PEC do Tetos dos Gastos.


Foto: Arquivo O Dia

Entre os projetos favoráveis ao meio ambiente que não receberam voto da deputada, estão a emenda que garantiu seguro-desemprego a trabalhadores rurais safristas e o projeto que aprovava medidas para combater práticas nocivas à sociedade indígena. 

Já o deputado Marcelo Castro teve 11 atuações favoráveis a projeto prejudiciais ao meio ambiente e à população rural e indígena, e foi favorável em apenas um projeto positivo. Dentre os projetos a favor dos quais o parlamentar votou destacam-se a "MP da Grilagem", que facilitou a regularização de terras ocupadas, o que pode incentivar a grilagem e o desmatamento, votada em junho de 2017.

O deputado também aprovou a MP que aumentou a área desprotegida da Floresta Nacional do Jamanxin, a Reforma Trabalhista, a PEC do Teto dos Gastos e a MP que dificultou o acesso ao seguro-desemprego e retirou benefícios de trabalhadores rurais safristas.

A única atuação favorável de Marcelo Castro à população rural e indígena se deu quando da votação da MP que garantiu a manutenção da política de valorização do salário mínimo até 2019, que beneficia especialmente trabalhadores do campo. 


Foto: Arquivo O Dia

Procurada, a assessoria da deputada Iracema Portela informou que tentará contatar a parlamentar para enviar um posicionamento acerca dos dados. O Portal O Dia aguarda o retorno. Quanto ao deputado Marcelo Castro, o parlamentar não atendeu às ligações.

Outros deputados

Com relação à votação dos demais deputados, Heráclito aprovou quatro projetos positivos ao meio ambiente na Câmara Federal e sete negativos; Átila Lira teve três atuações positivas e 11 negativas; e Paes Landim teve duas positivas e oito negativas. Estes deputados aparecem no Ruralômetro com as seguintes temperaturas, respectivamente: 38,2°C, 39°C e 39,1°C.

Rodrigo Martins (PSB), Júlio César (PSD), assim como a maioria dos deputados, se destacaram mais por suas atuações negativas que positivas com relação às questões socioambientais. Rodrigo Martins, por exemplo, atuou favoravelmente em oito projetos prejudiciais aos trabalhadores rurais; Júlio César votou favorável em dez ações negativas.

O deputado Assis Carvalho (PT) foi o único que teve mais atuações positivas ao meio ambiente e à população indígena e rural. Segundo o Ruralômetro, o parlamentar votou a favor de seis projetos favoráveis às questões socioambientais e conta com quatro ações negativas.

Um dado que chamou a atenção é o fato de que nenhum dos deputados piauienses que compõe a bancada ruralista na Câmara Federal, apresentou projetos voltados para as questões socioambientais, rurais e indígenas no Brasil.

Por: Maria Clara Estrêla
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