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86% da população desconhece juros cobrados no cartão de crédito

Apesar do peso das taxas no orçamento das famílias, muitos consumidores sequer conhecem os valores pagos.

10/10/2019 09:02

Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que o cartão de crédito está entre os meios de pagamento mais utilizados pelos brasileiros. Segundo o levantamento, 77% dos entrevistados utilizaram cartão de crédito ao menos uma vez nos últimos 12 meses. 

A pesquisa revela ainda o impacto dos juros em cada capital do país. Em Teresina, por exemplo, com a taxa de juros de 3 meses de dívida é possível comprar uma cesta básica; em 12 meses, o teresinense conseguiria comprar oito cestas básicas. O número é ainda mais alarmante quando a dívida chega a 24 meses, pois, com o valor dos juros, seria possível comprar cerca de 43 cestas básicas. Confira o gráfico interativo 

Apesar do peso das taxas no orçamento das famílias, 86% das pessoas entrevistadas pela CNDL afirmam não saber o valor da taxa de juros por entrar no rotativo e 15%, no momento da pesquisa, tinham ao menos uma fatura do cartão de crédito atrasada. Clara Almeida, por exemplo, nunca se importou em verificar a taxa de juros. Há seis anos, ela usa cartão de crédito e tem consciência que, mesmo não pagando com atraso, existem outras taxas que devia ter conhecimento. 

“Eu desconheço as taxas e sei que é um erro, pois isso influi no valor final que vou pagar. E sei que poderia ser um valor menor se eu regrasse meus gastos, pois costumo utilizar para alimentação e transporte de aplicativo, além das compras fixas, como academia e compras maiores”, descreve.

Avaliação 

Segundo o economista Fernando Galvão, o endividamento acontece porque, geralmente, se compra com o cartão de crédito o que não precisa e com o dinheiro que não tem. 

“Se você se envidar em janeiro de 2019, após um ano, sua dívida de R$ 1.000 vai saltar para R$ 2.889, é muito alto. E isso acontece porque é um mercado totalmente concentrado em poucas grandes instituições de crédito. E é juro sobre juro. E assim, você tem um vazamento de renda”, explica. 

Com a facilidade de aquisição de cartão, que iniciou com a era digital, e a questão de não pagar anuidade, os brasileiros passaram a ter mais de um cartão.  

Entretanto, as taxas de juros do cartão de crédito rotativo ainda continuam com altos valores e chegam a até 790% ao ano (19,99% a.m.).

De acordo com a análise, entre os gastos mais frequentes com o cartão de crédito estão 66% com alimentos, 46% remédios, 36% roupas e calçados, 35% combustíveis, 29% bares e restaurantes e 19% serviços de streaming (tecnologia de transmissão de dados pela internet, exemplo, netflix, spotify).

Cartão de crédito não é para completar renda, alerta economista 

Raira Sellen, de 20 anos, faz parte desse grupo de brasileiros cuja fatura se tornou um problema por realizar compras diárias de pequeno valor. “O meu cartão era usado pela minha mãe e irmã, que faziam compras de roupas e eletrodomésticos e não tinham dinheiro para pagar no final do mês. Então eu cancelei, pois, pra mim, o cartão deve ser usado para necessidades urgentes”, conta. 

Hugo Oliveira também fez mau uso do cartão de crédito e teve que cancelar por não ter controle dos gastos. “Eu cancelei meu cartão porque tinha que pagar conta alta, pois não consigo me controlar. Então, tem quatro meses que só compro no dinheiro e minha vida financeira melhorou muito”, fala. 

Hugo Oliveira fez mau uso do cartão de crédito. (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

O economista Fernando Galvão reforça que a falta de educação financeira e falta de renda levam, erroneamente, as pessoas a usarem o cartão para complementar a renda. 

“Cartão de crédito exige um uso racional e consciente, é recomendando se usar para gastos maiores. Pois é muito arriscado utilizar o cartão de crédito para fazer compras em supermercado, por exemplo, porque você finaliza o consumo e as faturas acumulam juntamente com os juros do próximo mês”, explica. 

Edição: Virgiane Passos
Por: Sandy Swamy
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