Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

"œReabertura de cinemas em Teresina é inviável", afirma empresário

O cinema na Capital está permitido funcionar desde o decreto publicado em 10 de setembro, porém as redes de cinema se negam

23/10/2020 10:27

As salas de cinema dos shoppings de Teresina estão fechadas desde 19 de março, após ser decretado isolamento social no Estado por causa da covid-19. Com a reabertura gradual das atividades  no Piauí, o cinema na Capital está permitido funcionar desde o decreto publicado em 10 de setembro, porém as redes de cinema se negam a reabrir por causa do protocolo estabelecido pela Prefeitura de Teresina.


Leia também:

Reabertura do cinema de Parnaíba é cancelada após revogação de Decreto 


De acordo com o presidente de uma empresa cinematográfica que atua em Teresina, Luis Gonzaga de Luca, as restrições dos protocolos de segurança inviabiliza reabertura dos cinemas na cidade. “Em Teresina foi feito um protocolo de distanciamento e funcionamento totalmente diferente do que foi feito no Brasil, ou qualquer outro lugar do mundo. No País, foi adotado um distanciamento entre poltronas de 1 metro a 1 metro e meio, o que significa duas poltronas ocupadas e duas vazias que é o padrão seguido por todos. Desta forma, a reabertura dos cinemas em Teresina é inviável”, afirma Luiz Gonzaga.

Seguindo o protocolo de distanciamento de 2 metros, com duas poltronas ocupadas, os outros dois assentos da frente e as de trás ficam livres, assim como as duas de cada lado. Luiz Gonzaga explica ainda que em outros estados é possível que familiares ou grupos de amigos possam ir cinema e ocupar as poltronas uma ao lado da outra. 

No grupo de cinco pessoas, por exemplo, as cinco poltronas que ficam a frente e as cinco que ficam atrás, devem ficar vazias, e as outras duas ao lado também. "Foram desenvolvidos sistemas para venda de ingresso no cinema em que isso é feito automaticamente. Mas em Teresina foram desenvolvidos protocolos com distanciamento de 2 metros, o que não acontece em nenhum lugar do mundo. E embora o protocolo fale que seja 40% dos lugares não é isso que acontece", diz Luiz Gonzaga.

Neste caso, a Prefeitura de Teresina estabeleceu o uso de três poltronas e outras três poltronas inativas em uma única fileira. Segundo Luiz Gonzaga, Com essa adequação da disponibilidade de lugares e pensando que a maioria do público vai ao cinema em casal, numa fila com sete lugares, apenas dois assentos seriam utilizados e o outro ficaria inválido porque uma terceira pessoa não poderia sentar ao lado do casal, e os outros quatro assentos seriam os bloqueados, portanto, seriam cinco assentos inutilizados.

 No caso de uma pessoa sozinha, numa fileira com sete assentos, seria apenas um deles utilizado e outros seis assentos inutilizados. Portanto, a ocupação da sala na realidade cai consideravelmente.


“Reabertura de cinemas em Teresina é inviável", afirma empresário. Foto: Ascom

Em um cinema de Teresina, por exemplo, onde as salas têm 128 lugares, com oito fileiras e dezesseis poltronas, nessa ocupação estabelecida pela Prefeitura sobrariam apenas 32 lugares para venda, ou seja, 25% da lotação e não 40% como estabelecido no decreto. 

Além disso, Luiz Gonzaga de Luca conta que no protocolo está descrito a proibição de comida dentro do cinema. “O que a prefeitura fez foi um decreto para não abrir cinema. O prejuízo que nós estamos tendo é monstruoso, porque o público vai ter que retornar aos poucos, para voltar a ter confiança. Nessa forma que a prefeitura fez nós não vamos nem conseguir pagar a energia elétrica, então para abrir dessa forma é melhor ficar fechado”, relata Luiz Gonzaga.

Prejuízo chega a R$ 25 milhões

O endividamento do setor durante a pandemia no Brasil é de R$500 milhões. Em Teresina, Luiz Gonzaga, diz que o prejuízo para a companhia cinematográfica, que perdeu 700 mil espectadores, foi em média de R$ 25 milhões.

O empresário afirma também que foram encaminhado à Prefeitura de Teresina pesquisas nacionais e internacionais sobre os níveis de contaminação da covid-19 dentro de cinema. E os responsáveis pelo protocolo não respondem as suas mensagens. Em relação ao governo, ele explica que não contactou a gestão. "Não tenho diálogo com o governo, somente estão tentando diálogo com a prefeitura", fala Luiz Gonzaga.

A equipe do PortalODIA.com procurou a Prefeitura de Teresina que informou que as salas de cinema da capital já podem abrir, "desde que cumpram o protocolo", ao perguntar sobre uma flexibilização junto as empresas de cinema, a assessoria da Prefeitura disse que estão dialogando.

Já a assessoria do Governo, mandou o decreto publicado em 4 de setembro e informou que "essa foi a última decisão em relação a atividades culturais".

O decreto n°19.187, citado a cima, aprova protocolos de medidas de prevenção e controle da disseminação do coronavirus para setores do entretenimento, Cultura e arte. Entre as medidas estão:

Controlar o acesso às instalações desde a entrada com marcação/sinalização no chão para indicar percurso de circulação e posicionamento dos trabalhadores e clientes de modo a manter o distanciamento mínimo de 2 metros;

Evitar a utilização de catracas para o acesso de clientes para minimizar os riscos de contaminação cruzada;

Não permitir a formação de filas para adentrar as salas de cinema, teatro, circos, casas de espetáculos ou casas de shows;

Os clientes devem comparecer às sessões de cinema, peças teatrais, sessões circenses ou espetáculos/shows apenas no horário marcado no ingresso de forma a evitar aglomerações;

Os clientes deverão permanecer de máscaras durante todo o evento. Cuidados sobre o uso e descarte da máscara deverão ser consultados na Recomendação Técnica Nº 13/2020.

Disponibilizar tapete sanitizante pedilúvio na entrada;

Os assentos das salas de cinema e teatro, assim como os assentos do entorno da arena-picadeiro do Circo devem ter ocupação máxima de até 40% e os assentos restantes devem ser isolados. Exemplo: de 150 lugares apenas 60 poderão ser ocupados;

Os assentos bloqueados devem ser demarcados com fitas isolantes ou adesivos fluorescentes e os assentos liberados devem respeitar o distanciamento mínimo de 2 metros;

Higienizar os óculos 3D e acondicioná-los em embalagens individuais;

A distribuição dos óculos 3D deve ser realizada por trabalhadores devidamente paramentados e com as mãos higienizadas com água ou sabão e/ou álcool a 70%, de forma a evitar o livre acesso dos clientes aos óculos;

Orientar os clientes com alertas visuais ou sonoros a não compartilhar os óculos

3D;

Vedado o consumo de alimentos no interior das salas de cinema/teatro e do circo até que o quadro epidemiológico esteja favorável de modo a não haver a retirada da máscara;

Disseminação da covid-19 nos cinemas

“Estão estigmatizando o cinema, a escala de contaminação do novo coronavírus é de médio a baixo risco, porque as pessoas estão estáticas, olhando para a mesma direção, não estão de frente um para o outro; é possível controlar a entrada e saída das pessoas; tem distanciamento entre poltronas e o ar condicionado segue um padrão da ABNT, que é a manutenção constante, em que o ar sempre está entrando o novo e jogando fora o que está dentro da sala”, relata Luiz Gonzaga, presidente de uma empresa cinematográfica.

Dessa forma, o presidente afirma que as companhias de cinema não quer colocar a população em risco, e sim, fornecer entretenimento em tempos difíceis, além de empregar as pessoas e retomar as atividades econômicas.

Lançamento de filmes

Caso as empresas e a prefeitura não entrem em acordo, o público teresinense ficará sem os grandes lançamentos previstos no cinema para esse período, como por exemplo, “Novos Mutantes”, “Tenet” e “Eu Ainda Acredito”, entre outros.


Por: Sandy Swamy
Mais sobre: