Por ser um dos mais antigos veÃculos de comunicação do PiauÃ, o Jornal O DIA vai completar 60 anos de existência no próximo dia 1º de fevereiro como um arquivo de memórias e história. Em suas páginas foram publicados os principais acontecimentos envolvendo o PiauÃ, o Brasil e o mundo. Não é à toa que desde 1951, quando foi fundado, até agora, a história de O DIA tenha uma forte relação com a própria história da sociedade. Isso explica a quantidade de pesquisas e trabalhos acadêmicos que utilizaram e continuam utilizando o acervo do jornal como fonte de pesquisa.
O acervo de Jornal O DIA é o maior do Piauà e um dos maiores do Nordeste. Todas as edições publicadas desde a pioneira, em 1º de fevereiro de 1951, até a mais recente, estão guardadas na sede do Sistema O DIA de Comunicação e também no Arquivo Público do PiauÃ, disponÃveis para consulta. Esse rico acervo é usado constantemente para pesquisas, principalmente levando em consideração que o Piauà não tem tradição de armazenar dados.
Pelas páginas de O DIA, se passaram também histórias individuais e que tiveram relação direta com a sociedade. Como os atos criminosos do bandido Zaratustra, que aterrorizou a população da vizinha cidade de Timon (MA) nos anos 80 e 90. Pensando em contar a relação de Zaratustra com a violência na cidade maranhense, o historiador Thiago Oliveira Silva debruçou-se sobre
várias edições do Jornal O DIA para pesquisar sobre os acontecimentos envolvendo o criminoso em suas páginas policiais.
Essa pesquisa foi o tema de seu Trabalho de Conclusão de Curso, em 2007, com o tÃtulo "Assim vive Zaratustra: tensão na construção da memória de um bandido herói, 1986-1992". Thiago fez pesquisas também em outros dois jornais da capital, mas foi n'O DIA, segundo conta, que teve mais material para trabalhar. "Por ter bastante penetração, ser o mais antigo e ter o maior leque de informações, o material que eu colhi no O DIA foi o mais rico e importante", conta o historiador.
A satisfação de Thiago com o resultado obtido o incentivou a também adotar O DIA como principal fonte de sua tese de mestrado, em andamento, cujo tÃtulo é "Jovens Rebeldes ou Marginais? Zara e as concepções de poder e justiça em Timon (1986-1992)". O historiador ressalta que o jornal O DIA é uma importante fonte de pesquisa e que seu acervo tem valor histórico e social, pela importância que representa.
Thiago Oliveira, historiador: "Por ser o mais antigo e ter o maior leque de informações, o material que colhi no O DIA foi o mais rico e importante" (Foto: Assis Fernandes)
"O DIA é patrimônio do Estado e do paÃs"
Apesar de ter 60 anos e muita história para contar em época em que não se valorizava ainda a importância de arquivar dados, O DIA tem, paradoxalmente, importância também na história recente. "Nós não temos muitas opções de livros sobre a história recente do Brasil e do PiauÃ, dos anos 80 em diante. Então, nesse caso, temos que recorrer ao conteúdo de O DIA, pois tudo que aconteceu desde essa década está lá, registrado em suas páginas", comenta Thiago Silva.
Outro profissional que também já utilizou O DIA como fonte de pesquisa foi o jornalista Carlos Lustosa, que contou a história de O DIA usando as próprias páginas do veÃculo como fonte. "Foram seis meses de intensa pesquisa. E, por diversas vezes, a história do Jornal se confunde com a história do PiauÃ, já que os acontecimentos eram relatados pelo veÃculo", lembra Carlos Lustosa.
O resultado foi o projeto do livro-reportagem "Amanhecer: histórias do Jornal O DIA", concluÃdo em 2006 na conclusão do curso de Comunicação Social (habilitação Jornalismo) de Lustosa. "Dentro das páginas do veÃculo há tanta informação que tanto o jornal pode ser o objeto de pesquisa como a fonte de informação para outro tema", frisa.
A bibliotecária Débora Araújo Machado Teixeira ressalta que O DIA já é um patrimônio do Estado e também do PaÃs, pela importância que adquiriu em fazer parte da história. As informações que constam nas páginas de O DIA são, além disso, documentos de importância jurÃdica, podendo ser utilizadas como provas.
"O que está publicado nas páginas do jornal têm importância para a Justiça, porque ali está a prova de vários fatos ocorridos em nosso estado. Mesmo com o avanço da tecnologia, que está cada vez mais utilizando o formato digital, o que está publicado no meio impresso ainda tem mais valor para a Justiça", comenta Débora Machado.
O acervo de O DIA e de qualquer outra publicação - seja ela impressa ou digital - porém, não tem sentido se não for disponibilizado para a sociedade. "Tão importante quando guardar, organizar, preservar um arquivo é disponibilizá-lo para a sociedade", conclui a bibliotecária. Ela tem razão e por isso o acervo de O DIA pode ser confundido com a história e até em seus conceitos básicos: a ciência que estuda o passado para melhor compreender o presente e projetar para o futuro.
Carlos Lustosa Filho: "Nas páginas de O DIA há tanta informação, ele tanto pode ser objeto de pesquisa como fonte para outros temas"
Por: Robert Pedrosa