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Com dívidas de R$ 98,5 bilhões, Odebrecht pede recuperação judicial

Segundo fontes próximas ao processo, os membros do conselho de administração passaram o fim de semana analisando a questão e teriam concordado que era a única saída possível

17/06/2019 19:47

A Odebrecht S.A. protocolou nesta segunda-feira (17) um pedido de recuperação judicial na Justiça de São Paulo. Com dívidas que chegam a R$ 98,5 bilhões, é o maior processo da história superando a empresa de telefonia Oi, que chegou a R$ 64 bilhões.

Compõem o pacote R$ 51 bilhões em débitos diretamente sujeitos à recuperação judicial, R$ 14,5 bilhões extra-concursais que possuem garantias extras como as ações da Braskem, além de R$ 33 bilhões em dívidas com empresas dentro do grupo.

Segundo fontes próximas ao processo, os membros do conselho de administração passaram o fim de semana analisando a questão e teriam concordado que era a única saída possível, dada a crise financeira do grupo.

O grupo baiano enfrenta dificuldades desde a deflagração da Operação Lava Jato, que desvendou um esquema de corrupção em que executivos de empresa pagavam propinas a políticos e funcionários públicos para obter obras.

Além da holding, a recuperação judicial envolver cerca de 15 empresas do grupo Odebrecht, mas as companhias operacionais -OEC (construção civil), OR (incorporação imobiliária), Enseada (estaleiro), Ocyan (petróleo) e Braskem (petroquímica)- não serão incluídas.

Os maiores credores são os bancos públicos, com destaque para o BNDES. Logo depois estão Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Outro grupo de credores relevantes são os detentores de bônus no exterior.

Os bônus, que chegam a R$ 12 bilhões, entraram na recuperação judicial porque foram emitidos por uma empresa chamada OSL, que é diretamente ligada a holding ODB. Todavia são garantidos pelo braço de construção do grupo, a OEC. Por conta disso, haverá uma negociação separada.

Dos cerca de R$ 85 bilhões em débitos, R$ 13 bilhões são as chamadas dívidas extraconcursais, que entram no processo de recuperação judicial, mas tem garantias específicas. Neste caso, as garantias são as ações da petroquímica Braskem, a empresa mais saudável do grupo.

Os bancos privados Bradesco, Santander e Itaú tem suas dívidas incluídas nessa categoria, o que os deixa em situação mais confortável, embora as ações tenham se desvalorizado significativamente depois que a holandesa LyondellBasel desistiu de adquirir a Braskem.

BNDES e BB possuem apenas parte de sua dívida com esse aval. A Caixa tem garantias bem mais frágeis e, por conta disso, vinha pressionando a Odebrecht e os demais bancos a também obter ações da Braskem.

Para forçar a negociação, a Caixa executou duas dívidas já vencidas da Odebrecht: R$ 650 milhões com a Arena Corinthians e R$ 250 milhões no Centrad, em Brasília. Segundo fontes próximas à empresa, as execuções precipitaram o pedido de recuperação judicial, que já era previsto.

A Odebrecht S.A decidiu não incluir suas dívidas com o Ministério Público Federal no processo perante à Justiça para não colocar em risco seu acordo de leniência. Somente para o Brasil, a empresa aceitou pagar R$ 2,7 bilhões em multas para compensar os crimes cometidos por seus executivos.

Conforme apurou a reportagem, a empresa quer negociar diretamente com o MPF redução dessa multa ou alongar os prazos de pagamento. De toda forma, preferiu não incluir essa dívida na recuperação.

Fonte: Folhapress
Por: Raquel Landim e Julio Wiziack
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