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Venezuela prende 6 após 'atentado' a Maduro e promete 'punição máxima'

Segundo o ministro do Interior, Nestor Reverol, um dos presos teria participado de um ataque contra uma base militar em 2016; outro foi detido em 2014 por participar de protestos anti-Maduro.

06/08/2018 09:52

O governo da Venezuela anunciou neste domingo (5) ter detido seis pessoas pelo suposto atentado de sábado contra o ditador Nicolás Maduro, enquanto a oposição alertou para uma possível onda de repressão depois que o venezuelano acusou a 'direita' de tentar assassiná-lo. "Estou bem, estou vivo e após esse ataque estou mais determinado do que nunca a seguir o caminho da revolução", disse Maduro na noite de sábado. "Justiça! Punição máxima! Não haverá perdão."

Segundo o ministro do Interior, Nestor Reverol, um dos presos teria participado de um ataque contra uma base militar em 2016; outro foi detido em 2014 por participar de protestos anti-Maduro. "Temos até agora seis terroristas e sicários detidos, vários veículos apreendidos. Foram feitas buscas em hotéis da capital onde recolhemos importantíssimas evidências."

Segundo Reverol, foram utilizados drones controlados à distância, cada um carregado com 1kg de explosivo C4. "Uma das aeronaves sobrevoou a tribuna presidencial com o fim de ativar à distância a substância explosiva, mas a instalação de equipamentos inibidores de sinais conseguiu desorientar o drone, que foi ativado fora do perímetro planejado pelos sicários", disse.

"Trata-se de um delito de terrorismo e magnicídio em grau de frustração. Estão identificados plenamente os autores materiais e intelectuais dentro e fora do país, e não estão descartadas outras detenções nas próximas horas."

Vídeos mostram o momento em que Maduro discursava em evento pelos 81 anos da Guarda Nacional e uma explosão é ouvida. Seguranças do ditador, que estava acompanhado da mulher, Cilia Flores, e do alto comando militar, correram para protegê-lo. Sete soldados ficaram feridos. Testemunhas disseram ter ouvido duas explosões, e então viram um drone cair e atingir um prédio. "Ouvi a primeira explosão, foi tão forte que os prédios balançaram", afirmou a professora Mairum Gonzalez, 45. "Fui para a sacada e vi um pequeno avião. Ele atingiu um prédio e começou a sair fumaça."


Foto: Reprodução/ODIA

Um morador do prédio atingido descreveu uma sequência semelhante de eventos. No sábado, bombeiros haviam ligado a explosão a um tanque de gás no edifício. Um grupo autointitulado Movimento Nacional dos Soldados de Camisetas assumiu a autoria do incidente. Em nota, desejou uma rápida recuperação aos sete soldados feridos, mas prometeu resistência. Freddy Bernal, aliado de Maduro, publicou em uma rede social fotos de sete pessoas, instando a população a buscar "esses traidores".

Oposicionistas afirmam que o governo já usou incidentes do tipo no passado como um pretexto para ações contra seus críticos, detendo alguns deles. "Alertamos que o governo está tomando vantagem desse incidente para criminalizar aqueles que de maneira legítima e democrática se opõe a ele e para aprofundar a repressão e as violações sistemáticas dos direitos humanos", afirmou a coalizão opositora Frente Ampla, em nota.

Oposicionistas acusaram ainda Maduro de fabricar ou exagerar incidentes para distrair a população da crise de desabastecimento e da hiperinflação no país. David Smilde, do Washington Office on Latin America, avaliou que o incidente não parece ter sido fabricado para que Maduro obtivesse ganhos políticos.

Para ele, o ataque "amador" levou à divulgação de imagens embaraçosas de Maduro interrompendo o discurso e de soldados fugindo, fazendo com o que ditador parecesse vulnerável. Isso não impede, no entanto, que Maduro tenha tomar vantagem do incidente. "Ele o usará para concentrar poder, para restringir ainda mais as liberdades e purgar o governo e as Forças Armadas."

No sábado, os moradores de Caracas foram dormir tomados pela insegurança e pela dúvida. Diversas forças de segurança tomaram as ruas, transformando a noite de sábado dos caraquenhos. As vias próximas à avenida Bolívar, onde aconteceu o discurso, e ao Palácio de Miraflores, para onde se dirigiu Maduro, foram fechadas pela Polícia Militar. Fortemente armados, os soldados revistaram cada carro passava.

Informações extraoficiais apontavam que dezenas de pessoas haviam sido detidas. Sob medo e dúvida, as ruas se esvaziaram. Qualquer barulho diferente virou motivo de alarde e preocupação. Moradores não se atreveram a sair de casa e reforçavam aos amigos e familiares para evitarem saídas desnecessárias e redobrarem a atenção, caso saíssem.

Fonte: Folhapress
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