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Turquia diz ter gravação que comprova assassinato de jornalista

Khashoggi, jornalista crítico do regime saudita e colaborador do jornal Washington Post, não é visto desde que entrou no consulado, no dia 2 de outubro.

12/10/2018 14:49

A Turquia disse nesta sexta-feira (12) ter obtido gravações de áudio e de vídeo que mostram que o jornalista saudita Jamal Khashoggi foi torturado e assassinado dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul. 

Khashoggi, jornalista crítico do regime saudita e colaborador do jornal Washington Post, não é visto desde que entrou no consulado, no dia 2 de outubro. Riad diz que o jornalista deixou o prédio, embora não tenha fornecido provas. 

Uma fonte citada pelo Post diz que é possível ouvir homens espancando Khashoggi e que a gravação evidencia que ele foi morto e esquartejado.

"Você pode ouvir a voz dele e a voz de homens falando árabe", disse outra fonte ao jornal. "Você pode ouvir como ele foi interrogado, torturado e então assassinado." 

O Post questiona ainda sobre se os EUA souberam de antemão sobre a operação, mas não alertaram o jornalista. Segundo uma diretiva de 2015, agências de inteligência têm o "dever de alerta" pessoas que corram risco de sequestro, ferimentos graves ou morte. 

Nesta sexta,  uma delegação saudita chegou à Turquia para se reunir com autoridades turcas em razão da investigação sobre o desaparecimento do jornalista.

De acordo com a agência estatal Anadolu, a delegação deve se reunir com as autoridades turcas durante o fim de semana.

Ibrahim Kalin, porta-voz da Presidência turca, anunciou na noite de quinta-feira a formação de um grupo de trabalho turco-saudita para tentar esclarecer o desaparecimento do jornalista. 

Na quinta-feira, o presidente Donald Trump afirmou que os EUA enviaram investigadores à Turquia para ajudar na investigação, mas a Turquia negou a informação.

Como Khashoggi não é cidadão americano, o FBI não teria como influenciar nas investigações a menos que houvesse um convite turco, afirmou o The New York Times. 

Uma cúpula econômica prevista para 23 de outubro em Riad está prestes a se tornar um fiasco. 

Em retaliação ao sumiço do jornalista, a revista The Economist, os jornais The New York Times e Financial Times, a media on-line Huffington Post e os canais CNN e CNBC cancelaram sua ida à conferência Future Investment Initiative . 

Várias empresas também se retiraram até que a situação do jornalista se esclareça ou mesmo incondicionalmente. Os CEOs da Viacom, Bob Bakish, e da Uber, Dara Khosrowshahi, confirmaram que não irão. 

"Estou muito perturbada com os relatos até agora sobre Jamal Khashoggi", afirmou Khosrowshahi em nota. "Estamos acompanhando a situação de perto e a menos que fatos substancialmente diferentes apareçam, não irei à conferência em Riad."

O fundo soberano saudita é um grande investidor na Uber.

"Seu tratamento brutal de críticos até mesmo brandos está ofuscando políticas mais admiráveis, como restringir a polícia religiosa, deixar mulheres dirigirem e permitir que mulheres trabalhem", afirmou o editor-chefe da Economist, Zanny Minton Beddoes, que não vai mais à cúpula.

 "Enquanto seu regime começa a se parecer com ditaduras nacionalistas árabes -liberais socialmente, mas centralizadas, paranoicas e construídas em cima do medo- sua promessa de uma nova e tolerante Arábia Saudita está ficando para trás."

O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, disse que também não irá ao encontro.

O empresário Richard Branson, da Virgin, suspendeu a negociação sobre o aporte saudita de US$ 1 bilhão para um projeto espacial.

Já o secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin, e os principais bancos de Wall Street mantiveram sua participação no encontro. 

Fonte: Folhapress
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