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Trump está de mãos atadas diante de Kim Jong-un, dizem analistas

China e Rússia rejeitam sugestões dos EUA de mais sanções e ação militar .

06/07/2017 08:40

Num cabo de guerra de retóricas incendiárias, o presidente dos EUA, Donald Trump, vê-se numa encruzilhada estratégica para calcular sua resposta ao míssil intercontinental lançado nesta semana pela Coreia do Norte. Para analistas ouvidos pelos jornais “New York Times” e “Washington Post”, no entanto, o chefe da Casa Branca está de mãos atadas para adotar uma ação realmente eficaz, espremido entre movimentos militares perigosos demais para serem arriscados ou medidas intimidatórias que, até hoje, não obtiveram sucesso contra o regime comandado por Kim Jong-un.

Para piorar o cenário, China e Rússia — duas nações que têm alguma influência junto a Pyongyang — expressaram oposição às propostas e ameaças feitas pelos EUA na ONU: a imposição de novas sanções e o possível uso de forças militares contra o arsenal nuclear norte-coreano.

Para analistas, a capacidade de Pyongyang atingir o território dos EUA — o míssil lançado poderia chegar ao Alasca, segundo estimativas — muda todos os cálculos de Washington. Ao novo grau de ameaça soma-se também a segurança imediata dos seus principais aliados na região, Japão e Coreia do Sul.

Por enquanto, Trump apenas disse que responderá “muito bem” à nova ameaça, mas evitou estabelecer uma linha vermelha que o obrigaria a agir. O Pentágono admitiu que o míssil balístico intercontinental é de um tipo nunca visto antes por seus especialistas. Mas também disse que tem a capacidade militar para se defender da nascente ameaça demonstrada pelo “presente de 4 de Julho aos bastardos americanos”, como Kim classificou o míssil. Segundo o capitão da Marinha Jeff Davis, no mês passado houve um teste bem sucedido em que, numa simulação, um interceptador de mísseis americano derrubou um míssil da Coreia do Norte.

Embora não se conheça precisamente o grau de tecnologia bélica já desenvolvido pelos norte-coreanos — ou quanto tempo seu programa militar levaria para conseguir realizar um ataque aos EUA — já é antiga e concreta a ameaça contra Tóquio e Seul. Há anos, ambas as nações estão dentro do raio de ação das Forças Armadas da Coreia do Norte — Pyongyang tem oito mil peças de artilharia e lançadores de foguetes na fronteira com o Sul.

"Não há uma solução bala de prata que possa derrotar o fogo norte-coreano antes que inflijam danos significativos à Coreia do Sul", disse ao “Post” David Maxwell, da Universidade George Washington.

O anúncio da embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, em reunião no Conselho de Segurança, sobre um novo projeto para endurecer sanções recebeu apoio da França, mas foi rechaçado pela Rússia. Coreia do Sul e Japão já haviam pedido, mais cedo, mais restrições ao vizinho e uma solução pacífica. A China, por sua vez, disse que o uso de meios militares não deve ser considerado uma opção.

"Uma das nossas capacidades reside nas nossas consideráveis forças militares. Nós vamos usá-las se precisarmos, mas preferimos não ter que ir nesta direção", disse Haley.

Análises no “New York Times” e no “Washington Post” lembram que a intimidação dos EUA e as punições multilaterais também não impediram, nos últimos anos, que os norte-coreanos avançassem no seu programa militar. O país já está entre os mais sancionados do mundo. Após seis pacotes de medidas da ONU desde 2006, Pyongyang enfrenta várias restrições a suas atividades de comércio, transações internacionais e negociações de armas — mas, ainda assim, autoridades americanas acreditam que o regime já tenha 12 bombas nucleares ou mais.

Apesar de Pequim ter chamado os testes de “inaceitáveis”, há muita dúvida sobre quão longe a China está disposta a ir para pressionar seu aliado, o que também restringe o campo de ação dos EUA para isolar o inimigo. Nas redes sociais, Trump, cuja pressão sobre os chineses tem sido avaliada como tendo resultados decepcionantes, reconheceu as dificuldades: “O comércio entre China e Coreia do Norte cresceu quase 40% no primeiro trimestre. É o fim do trabalho da China conosco — mas tivemos de experimentar”.


Fonte: O Globo
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