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Estudantes param escolas em marcha contra armas nos EUA

Eles protestaram em frente à Casa Branca e depois se dirigiram até o Capitólio para pressionar os congressistas a aprovarem um endurecimento nas leis de vendas de armas

15/03/2018 08:18

O sistema de som da Odyssey School anunciou a existência de risco de segurança na escola. Podia ser um animal selvagem, uma pessoa não identificada caminhando pelos corredores ou um atirador portando um rifle. Heather Mankousky, professora há 10 anos, apaga a luz, abaixa as persianas, tranca a porta e vai de encontro às crianças com idades entre 9 e 10 anos. Todos já sabem exatamente o que fazer.

A sala fica em silêncio, como se alguém tivesse morrido. O mesmo sistema de som indica que o treinamento acabou. Mesmo assim todos se mantêm agachado até que um funcionário da escola destranque a porta. Parte do protocolo de segurança.

Exatamente um mês depois do massacre que matou 17 pessoas numa escola da Flórida, dezenas de milhares de estudantes americanos protestam contra armas nos EUA (Foto: William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress)

Nesta quarta (14), a Folha acompanhou o dia no colégio onde estudam 225 alunos, em Portland, no Oregon. Além do treinamento, a escola participou de uma homenagem às vítimas do mais recente massacre nos EUA que completou exatos 30 dias, em Parkland, na Flórida.

Em todo o país, alunos de cerca de 3.000 colégios participaram da ação, que começou às 10h locais. O país tem 132 mil escolas de ensino fundamental e médio.

Estudantes da Odyssey engrossaram a Marcha Nacional das Escolas, com duração de 17 minutos "" uma alusão aos 17 mortos na escola da Flórida. Quase todos os estudantes participaram.

Pais, professores e a própria secretaria de educação (que recomendou a atividade) divergem sobre como abordar o caso. Enquanto alguns acreditam que falar sobre o assunto ou treinar as crianças para um eventual ataque gera mais medo e traumas, outros encaram de maneira positiva.

A caminhada foi idealizada pelos sobreviventes do massacre, que querem aproveitar a repercussão da tragédia para exigir mais rigor na comercialização de armas. O lema da manifestação é #Enough (chega).

Em Washington, os estudantes protestaram em frente à Casa Branca e depois se dirigiram até o Capitólio para pressionar os congressistas a aprovarem um endurecimento nas leis de vendas de armas. A marcha foi feita aos gritos de "A NRA deve ir embora", em referência à associação do lobby pró-armas.

Já na escola Marjory Stoneman Douglas, palco do massacre em Parkland, os alunos se reuniram no campo de futebol e deram um abraço coletivo.

Em Columbine, no Colorado, que foi palco de uma chacina em 1999, alunos fizeram 30 segundos de silêncio –13 para os mortos lá e 17 para as vítimas da Flórida.

Uma outra manifestação já está sendo planejada pela juventude da Marcha das Mulheres para o próximo dia 24, em Washington.

Ainda nesta quarta, a Câmara dos Representantes (deputados) aprovou lei que aumenta o financiamento federal a programas contra violência com armas de fogo nas escolas – mas sem prever que professores sejam armados, como quer o presidente Donald Trump. A lei ainda precisa passar pelo Senado.

No domingo, a Casa Branca anunciou que vai criar uma Comissão Federal de Segurança nas Escolas.

Fonte: Folhapress
Por: Flávio Sampaio
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