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Dengue: carros fumacê não são forma ideal de combate

A dengue costuma se alastrar logo após períodos chuvosos, quando ficam acumuladas poças de água que facilitam a reprodução do mosquito vetor do vírus da doença.

26/09/2009 06:51

O período mais crítico da dengue em Teresina já passou. A doença costuma se alastrar logo após períodos chuvosos, quando ficam acumuladas poças de água que facilitam a reprodução do mosquito vetor do vírus da doença. Porém, a preocupação agora é que o combate ao mosquito Aedes aegipty não cesse para que, chegados os primeiros meses do próximo ano, a doença não volte a ser epidemia, como aconteceu no ano de 2007.

Cientistas observam que o uso de carros fumacê com bastante freqüência pode resultar num efeito inverso e, em vez de eliminar o mosquito, pode contribuir para que ele fique resistente à ação do veneno e, com isso, se torne ainda mais difícil o combate aos vetores da doença. No Brasil, existem cinco tipos de remédios utilizados em carros fumacê e, em algumas regiões o Ministério da Saúde já observou que os insetos estão resistentes.

“A avaliação de resistência é uma iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com as Secretarias de Saúde dos estados que envolve o monitoramento do uso de carros fumacês em vários locais do Brasil. É um procedimento feito por amostragem e, onde eles detectam a resistência, as secretarias de saúde são instruídas a trocarem de veneno”, explica Oriana Bezerra, coordenadora da equipe técnica de controle de roedores e vetores do Centro de Controle de Zoonoses.

Os cientistas do Programa Nacional de Controle da Dengue já organizam um rodízio dos tipos de venenos utilizados pelo país, mas, por enquanto, Teresina não será contemplada. “Não há porque trocarmos nosso veneno agora se não fomos orientados a fazer isso. Se o fizéssemos, estaríamos contribuindo ainda mais para o surgimento desses mosquitos resistentes na capital”, complementa Oriana.

O Programa monitorou, recentemente, 102 cidades brasileiras e a indicação de troca para aquelas localidades onde foram detectados mosquitos resistentes ocorre semestralmente. “A criação de resistência depende muito também da forma como o veneno é aplicado. Tem que ser observados também fatores como dosagem e a concentração em que o produto é aplicado”, explica.

No entanto, Oriana Bezerra destaca que os carros fumacê não tem sido largamente utilizados em Teresina, especialmente por que é dada preferência a técnicas de prevenção ao surgimento do mosquito. “O carro UVV (fumacê) tem critérios para ser utilizado e o recomendado é que se faça uma busca ativa do criadouro e a eliminação deste”, destaca. A aspiração dos ovos ou lavas também é uma das técnicas utilizadas pela Prefeitura Municipal de Teresina na prevenção ao vírus da dengue.

“A população da periferia muitas vezes só acredita na ação da prefeitura como vê o carro fumacê passando. Algumas pessoas ligam para o Centro de Zoonoses pedindo carros fumacês para matarem muriçocas no seu bairro. Isso não é assim. Além de poder prejudicar a saúde se utilizado em larga escala, ele pode também desequilibrar o meio ambiente, matando não só as muriçocas, como outros insetos. Infelizmente ainda vemos esses carros sendo usados de forma completamente equivocada em alguns lugares”, finaliza Oriana.

Fonte: Natália Vaz/ Jornal O DIA
Edição: Portal O Dia
Por: Portal O Dia